sábado, 17 de novembro de 2007

yaakov o amado de Deus

Yaacov, o amado por D'us


Yaacov, filho de Ytschac e neto de Avraham, é o terceiro e último patriarca do Povo Judeu. É dele que descendem todos os Filhos de Israel, pois, diferentemente de seu avô e pai, todos os seus doze filhos têm parte ativa na história judaica. foram os fundadores das Doze Tribos de Israel.

Yaacov, "o amado por D'us", Malachi: 1:2, teve como missão de vida forjar a harmonia entre forças espirituais opostas para trazer a verdadeira paz a este mundo e aos mundos espirituais. Mas, apesar disso, ou talvez justamente por isso, sua vida não foi de paz. Ele foi forçado a lidar com homens perversos e a se engajar em lutas físicas para garantir sua sobrevivência e a continuidade de seus descendentes. Tímido e introvertido, um erudito que amava a paz e a verdade, Yaacov enfrentou tanto homens como seres espirituais para garantir a continuidade do legado espiritual de Avraham e Ytschac. Ensinam nossos Sábios que foi D'us quem atribuiu ao terceiro patriarca o nome de Jacob, em hebraico Yaacov, trocando-o mais tarde por Israel. Ambos os nomes foram dados após lutas por sua sobrevivência: uma travada contra seu irmão Essav, no momento de seu nascimento, e outra contra um anjo de D'us.

A vida de Yaacov:

A vida de Yaacov é descrita em detalhes na segunda metade do Livro de Bereshit, desde a gravidez de sua mãe até a sua morte. A Torá, assim como o Talmud, o Midrash e o Zohar, relatam minuciosamente suas visões, seus encontros com D'us e com os anjos, bem como suas preocupações, seus momentos de dor, medo e amor. Os Livros Sagrados descrevem seu relacionamento com seu pai, Ytschac, com sua mãe, Rivka, e com Essav, seu irmão gêmeo e rival.

Yaacov, é o patriarca a quem a Torá mais dedica espaço: descreve seu amor por Rachel, à mulher pela qual aceitou trabalhar durante 14 anos para o pai dela, seu tio Labão; relata os atos deste último, o mais desonesto dos homens, que o enganou e ludibriou inúmeras vezes, inclusive no dia de seu primeiro casamento, colocando Lea no lugar de Rachel, sob o pálio nupcial. Conta também acerca de seus 12 filhos, dos quais descendem as Doze Tribos de Israel, e de sua filha, Diná. Os Livros Sagrados relatam as dificuldades que Yaacov enfrentou no decorrer de sua vida: o sofrimento com os filhos, o ciúme entre os irmãos, a desgraça que se abateu sobre Diná e, em seguida, sua imensa dor por acreditar que estava morto Yossef, seu filho com sua amada Rachel.

É uma vida marcada por revelações proféticas e eventos dramáticos. Sua contínua luta com Essav; o recebimento das bênçãos proferidas por Ytschac, que o tornaram o herdeiro do pacto espiritual de D'us com Avraham; o sonho de uma escada que atingia os Céus; o combate que travou com um anjo que o fere, mas que não consegue derrotá-lo e, por fim, o abençoa, conferindo-lhe um novo nome - Israel - que passa a ser símbolo de tenacidade e luta. Após anos de sofrimento, a descoberta de que Yossef, seu amado filho, estava vivo e se tornara governador do Egito; a ida de Yaacov e todos seus descendentes para esta terra, onde se cumpriria a Promessa que D'us fizera a Avraham, onde sofreriam, mas se tornariam "numerosos como as estrelas no céu".

E, por fim, nos instantes derradeiros de sua vida, a visão da Era Messiânica, que surgiria somente depois de grandes sofrimentos se terem abatido sobre seus descendentes. Diz o Talmud que nosso patriarca Yaacov nunca morreu: "Seus filhos vivem e, portanto, também ele vive". Nossos Sábios explicam que todo judeu é a personificação de nosso pai Yaacov; e, como nosso povo é um povo eterno, Yaacov estará sempre presente em nosso mundo.

Yaacov e Essav:

O Talmud ensina que Yaacov e Essav, e seus respectivos descendentes, estão engajados numa luta perpétua, que representa o eterno conflito entre o espiritual e o material - entre a paz e a guerra. O conflito entre os dois filhos de Ytschac e Rivka se manifesta ainda no ventre materno. Durante a gravidez, Rivka sentia em seu interior uma agitação incomum. Quando passava por uma casa de estudos ou de idolatria, sentia algo em suas entranhas que lhe causava muita dor. Não entendendo a razão e temendo estar carregando um filho espiritualmente instável, vai à Academia de Shem e Ever, localizada onde um dia, seria erguida Jerusalém, à procura de uma explicação. A Profecia Divina lhe revela, então, que carregava gêmeos: "Há duas nações em seu ventre... O mais velho servirá ao mais jovem" Gn:: 25:24.

Segundo o Midrash, Rivka é também informada que apenas um de seus filhos continuaria fiel aos ensinamentos de Avraham e Ytschac, ao passo que o outro os rejeitaria e viveria em idolatria e violência. "Dois grandes povos orgulhosos, com duas ideologias distintas, descenderão de teus dois filhos", anuncia a Profecia Divina. "De um descenderão profetas e, do outro, nobres". Um deles, Yaacov, priorizaria a espiritualidade, a força moral e a Lei Divina, enquanto o outro, Essav, priorizaria o material, a espada e a força bruta e, acima de tudo, a conquista.

Rivka deu à luz gêmeos e, assim como advertira a Profecia, eram totalmente diferentes; física e moralmente. O primogênito ruivo e peludo é chamado, em hebraico, de Essav, que significa peludo; e o segundo recebe o nome de Yaacov, que significa "ele irá nos calcanhares". Yaacov deveria ter sido o primeiro a nascer, mas na hora do parto Essav pisa sobre o irmão, esgarça o útero de Rivka, que não mais poderá gerar filhos, e é o primeiro a nascer. Segundo o Midrash, Essav tenta impedir o nascimento de Yaacov, mas este consegue nascer, agarrando-se ao calcanhar do irmão. O Zohar afirma que o nome Yaacov significa que "ele será senhor do calcanhar de Essav", pois com sua inteligência foi capaz de frustrar as investidas do irmão, desde o ato do nascimento.

Yaacov e Essav eram tão opostos quanto o podem ser duas pessoas. Contudo, suas diferenças e hostilidades não derivam de ciúmes, mas de idéias diferentes. Essav, forte e perspicaz, era "perito caçador, um homem do campo" Gn; 25:28. Yaacov, que segundo o Midrash já nascera circuncidado, era radiante e sua beleza igualava-se à de Adão, o mais belo de todos os homens. A Torá se refere a Yaacov como "um homem íntegro" Gn: 25:28, justo, generoso, que amava "viver em tendas", nas quais estudava a fé num D'us Único e os segredos espirituais do mundo que, posteriormente, foram revelados ao Povo Judeu através da Torá. Este patriarca passou grande parte de sua juventude na Academia dos profetas Shem e Ever, onde estudou a Lei Divina e aprimorou seu espírito. Apesar de ter extrema força física, Yaacov, que amava a paz e a harmonia, tentou durante a vida esquivar-se de confrontos físicos violentos. Principalmente com seu irmão Essav, pois, segundo uma profecia, ambos seriam enterrados no mesmo dia, o que, de fato, ocorreu. Yaacov, amante da vida, temia ser obrigado a matar; e este temor era maior do que o de sua própria morte.

As características inatas dos dois irmãos desenvolveram visões opostas do mundo. Essav, o antecessor de futuros imperadores romanos, vivia inteira e unicamente o presente, o "aqui e agora". Sua pessoa simboliza o instinto, as paixões, a busca pela gratificação imediata, a conquista física e a guerra. Tinha como certa a idéia de que os fortes e poderosos conquistariam e regeriam a Terra.

Yaacov, antecessor de profetas e sábios, almejava o mundo da eternidade e sabia sacrificar o conforto do presente por um futuro mais pleno e profundo. Representa a superioridade do espírito sobre a matéria. Entendia que o potencial e a grandeza de um homem não se mediam por seu poder nem pela força de suas paixões, mas em sua alma e em sua habilidade de agir racionalmente, com compaixão. Yaacov deixou como legado a seus descendentes a noção de que a grandeza humana reside na capacidade do homem de transcender o finito e o mundo material e desenvolver uma relação com D'us. Yaacov e Essav personificam o eterno conflito entre a Lei Divina e a lei da selva.

Por valorizar somente "o aqui e agora", Essav, um dia, faminto, vende sua primogenitura a Yaacov por um mero prato de lentilhas. Através da venda, Yaacov obteve de volta o que lhe fora tirado quando ainda estava no ventre de sua mãe. O privilégio maior do filho primogênito era receber a bênção paterna, de importância incomensurável. Mas Essav, que vivia apenas pelo presente, não via valor algum em uma bênção futura, que recairia sobre seus descendentes: "Se estarei morto, de que me servirá a bênção?", exclamara.

Yaacov, herdeiro espiritual:

Quando Ytschac envelhece, chega o momento de abençoar seus filhos e transmitir a herança espiritual que recebera de seu pai. Nosso patriarca, como lemos na Torá, "amava Essav" e desconhecia a compra da primogenitura pelo outro filho, Yaacov. Desconhecia, também, a profecia recebida por Rivka, de que "o mais velho servirá ao mais jovem". Convoca, pois, seu filho mais velho para lhe conceder a bênção patriarcal. Ele conhecia os defeitos de Essav, mas via nele grande potencial, acreditando que a bênção o faria um homem melhor. Mas Rivka conhecia melhor do que ele, a natureza dos filhos. Sabia que Essav era inadequado para levar avante o legado de Avraham, pois, como mãe, entendia o perigo de um homem como Essav receber uma bênção que lhe daria ainda mais poder. Rivka não enfrenta Ytschac com a verdade sobre seus filhos, mas usa de um estratagema: ordena a Yaacov que se disfarce de Essav para, em seu lugar, ser abençoado pelo pai.

Quando Yaacov se aproxima de Ytschac para ser abençoado, este sente "o perfume do Paraíso" e percebe que era Yaacov quem tinha diante de si. Vê profeticamente que os descendentes daquele seu filho estavam destinados a construir o Templo Sagrado em Jerusalém. Então Ytschac abençoa o filho e confirma seu ato, mesmo perante Essav, quando este entra em sua tenda com a mesma finalidade, e percebe que a bênção já fora dada ao irmão. Conferida por Inspiração Divina, era irrevogável. Vendo, porém, o desespero de Essav, o pai o abençoa com grande riqueza material, profetizando ainda que "por tua espada, viverás".

Frustrado e furioso, Essav planeja matar seu irmão e, mais uma vez, a Profecia Divina alerta Rivka sobre tais intenções. Temerosa de um embate que, conforme a profecia, resultaria no enterro de ambos os irmãos no mesmo dia, ela pede que Yaacov fuja e vá para a sua terra natal, onde poderia casar-se com uma das filhas de Labão, seu irmão. Antes de partir, Yaacov é abençoado novamente por Ytschac. Nosso segundo patriarca faz de Yaacov seu sucessor espiritual - o terceiro elo da corrente inquebrantável iniciada por Avraham.

Yaacov deixa a casa paterna. Mas, antes de se dirigir a Charan, onde vivia a família de sua mãe, vai à Academia de Shem e Ever. Lá permanece 14 anos estudando à Lei Divina e seus mistérios.

O sonho de Yaacov:

Diz a Torá que, ao se dirigir a Charan, Yaacov parou em um lugar familiar e lá passou a noite... Tomando algumas pedras, ele as colocou sob a cabeça e adormeceu... Teve uma visão, em sonho: “surge diante de si uma escada, que se apoiava no chão e alcançava os Céus. Anjos de D'us por ela subiam e desciam" Gn: 28:10-13. Segundo nossos Sábios, o "local" no qual Yaacov pernoitou era o Monte Moriá, o Monte do Templo - o mesmo onde Adão fora criado, onde seu pai Ytschac foi levado por Avraham para ser sacrificado e onde, no futuro, seriam construídos o Primeiro e o Segundo Templo. Yaacov chegou ao lugar sentindo-se vulnerável e só, um fugitivo despojado de quaisquer riquezas materiais. Tudo o que possuía era um imenso desejo de se aproximar de D'us e a Ele servir. Após anos de estudo e meditação, estava pronto para seu primeiro encontro com o Criador.

No sonho, D'us, Ele Próprio, aparece no topo da escada. A Torá assim relata: "E eis que o Eterno estava sobre ela e dizia, ”Eu sou o Eterno, D'us de Avraham e D'us de Ytschac” Gn: 28:13. Naquele sonho profético, D'us abençoa Yaacov, confirma ser ele o herdeiro espiritual dos dois primeiros patriarcas, promete novamente que a Terra de Israel será de Yaacov e de seus descendentes e que estes serão numerosos. O Eterno promete proteger Yaacov e nunca abandoná-lo nem a seus descendentes: "E eis que Eu estou contigo, e Te guardarei por onde quer que fores e Te farei voltar a esta terra; porque não Te abandonarei..." Gn: 28:15.

Ao acordar, Yaacov percebe a profunda importância do lugar: "É a casa de D'us e este é o portão dos Céus" Gn: 28:17. Percebera que aquele era o lugar onde todas as forças espirituais se unem para influenciar o mundo físico. Aquele local era o foco da elevação espiritual através do qual o homem pode subir a níveis espirituais ainda mais elevados. E promete Yaacov: "Então esta pedra, que coloquei como monumento, será a casa de D'us" Gn: 28:22.

A pedra sobre a qual Yaacov apoiara a cabeça e na qual, ao acordar, derramou azeite, era o local do Templo onde, no futuro, seria colocada a Arca da Aliança, o ponto mais sagrado de todo o Templo, o Kodesh Há-Kodashim, o Sagrado dentre os Sagrados. Segundo o Midrash, no sonho, D'us quis desvendar a Yaacov não tanto o seu próprio destino individual, mas principalmente o destino e o futuro de seus descendentes. "Não temas, Yaacov"; consola-o D'us, prometendo não só que não abandonaria seus descendentes, mas, sobretudo, que o Povo Judeu perduraria para sempre. Ensina o Talmud que a escada do sonho de Yaacov simboliza a História e que os anjos que subiam e desciam eram os protetores celestiais dos grandes impérios do Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. O sonho era uma profecia de que os descendentes de Yaacov teriam que passar por todos estes impérios; e em suas mãos, penariam. Mas os impérios cairiam todos e somente os Filhos de Yaacov sobreviveriam como povo, através da História.

O sonho de Yaacov também ensina que a vida do homem é uma escada e que, portanto, nada é estático na mesma, não há sofrimento que dure para sempre, nem erro que não possa ser corrigido. O próprio homem é muitas vezes comparado à escada do sonho, "apoiada na terra, e seu topo chegava aos Céus". O Criador quis revelar a Yaacov o nível moral e ético que o homem é capaz de alcançar caso aspire ao seu constante aperfeiçoamento. Mesmo ao lidar com as realidades terrenas, o homem pode-se alçar a realidades espirituais através de seus atos, pois todos nós, se desejarmos, temos como nos aproximar da Luz Divina. Acima de tudo, a escada representa a ligação entre os Céus e a Terra - e é esta a essência da nação que Yaacov está prestes a fundar.


Teu nome será Israel:

Após o encontro com o Eterno, Yaacov parte para o Norte, como prometera a seus pais. Lá vive durante 20 anos a serviço de Labão. Casa-se com duas filhas deste, Léa e Rachel, esta última o grande amor de sua vida. Durante os anos em que viveu e trabalhou em Charan, Yaacov teve 11 filhos. D'us, então, ordena a Yaacov deixar esta cidade e retornar à Terra Prometida, com toda a sua família. E é a caminho da Terra de Israel que nasce seu décimo segundo filho, Biniamin, o segundo e último filho de Rachel.

No caminho de volta para casa, Yaacov é atacado por um anjo, o anjo da guarda de Essav. Trata-se de um dos momentos mais dramáticos de sua vida, quando estão em jogo o seu destino, e o de todos os seus descendentes. Numa das passagens mais místicas e dramáticas da Torá, Yaacov derrota o anjo. Este o abençoa e lhe dá um nome adicional - Israel - que significa "príncipe de D'us".

Seguindo a Ordem Divina, Yaacov volta ao Monte Moriá, onde tivera o sonho da escada que alcançava os Céus. Lá D'us confirma ao patriarca as palavras do anjo: "Teu nome será também Israel", e lhe revela que a missão de seus descendentes - do povo de Israel - é a de manter viva a crença na Unidade e Unicidade de D'us. Caberia aos Filhos de Israel guardar eterna lealdade a D'us - lealdade que os 12 filhos de Yaacov prometeram ao pai, em seu leito de morte.

Ouve, ó Israel...

A última porção do primeiro livro da Torá relata os instantes derradeiros da vida de Yaacov, já no Egito há 17 anos, com todos seus filhos. "E chamou Yaacov por seus filhos", pois queria reconfortá-los revelando o que aconteceria no fim dos tempos, pois sabia das terríveis dificuldades pelas quais passariam seus descendentes. "Juntai-vos e ouvi, ó filhos de Yaacov; e ouvi a vosso pai, Israel" Gn: 49:1. Mas no momento em que inicia a revelação, a Shechiná, a Presença Divina, se afasta do patriarca e ele não consegue revelar o futuro aos filhos. Então os abençoa e estes, daquele momento em diante, passam a ser os fundadores das Doze Tribos de Israel.

Conta o Midrash que, antes de abençoar seus filhos, Yaacov ainda lhes faz uma última pergunta: estariam eles firmes na crença em um D'us Único? Ao que todos eles levantam as mãos aos Céus e, juntos, respondem com a frase que se tornou a própria essência do judaísmo:

"Shemá Israel, A-do-nai E-lo-hê-nu A-do-nai Ehad"
"Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D'us, o Eterno é Um" Deut: 6:4.

Nesse momento, desvanece-se o sofrimento de nosso patriarca, pois ele tem a certeza de que, apesar de tudo o que irá ocorrer no futuro, o legado de Abraham e Ytschac será transmitido "le'dor va'dor", de geração em geração, em uma inquebrantável corrente milenar. A eternidade de Israel estava garantida. Reconfortado e em paz, Yaacov responde:

“Baruch Shem Kevod Malchutô Leolam Vaêd!”
"Bendito seja o nome da glória do Seu reino para toda a eternidade"

Bibliografia:
Rabbi Elie Munk, The Call of the Torah, Bereshit, An anthology of interpretation and commentary, Mesorah Publications
Rabino A. Kaplan, A Torá Viva, editora Maayanot , The Midrash Says - The Book of Bereshit

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