domingo, 11 de novembro de 2007

parasha toledot

PARASHÁ TOLEDOT z e c l e z

A leitura da Torá desta semana se concentra no patriarca Yitschak. Dentre todos os patriarcas, Yitschak era único. Somente ele nunca deixou a Terra Santa, Eretz Yisrael. Mesmo quando pensou em partir, durante uma época de fome e grande escassez, D’us deu a ele uma ordem específica: “Permaneça nesta terra e Eu estarei com você.”

Por que foi ordenado a Yitschak viver em Eretz Yisrael? Nossos Sábios explicam que, após ter sido amarrado como uma oferenda no Monte Moriá, ele se tornou consagrado como um sacrifício e não podia sair dos limites da Terra Santa.

Dentro desta história há uma mensagem pessoal. Yitschak permitiu de boa vontade que seu pai o oferecesse como sacrifício; ele estava pronto a sacrificar tudo, até sua vida, em nome de D’us. Na realidade, D’us não queria este sacrifício. Ele queria que Yitschak vivesse neste mundo: casasse, tivesse filhos e se tornasse próspero. Mas, uma vez que Yitschak fora consagrado como um sacrifício — visto que ele estava preparado para abdicar de tudo por D’us — o modo dele se relacionar com estes assuntos era diferente. Ele tinha que viver em Eretz Yisrael; isto é, até mesmo suas circunstâncias externas — o modo como se relacionava com o trabalho e a família — tinham que ser delineadas pela santidade.

Mas, diferente daqueles que receberam um chamado para se santificarem, ele não viveria como um eremita. Ao contrário, a Torá descreve a riqueza de sua vida familiar e como ele se tornou fabulosamente rico — mas, tudo isso eram aspectos externos. No âmago de sua existência estava a dedicação total a D’us, estabelecida no Monte Moriá. Mas, ao invés de “morrer por D’us”, ele vivia por D’us, estendendo esta ligação com Ele a cada elemento de sua vida. Ele vivia no mundo material, mas suas ações eram espirituais, infundindo santidade em tudo o que fazia.

Este conceito se reflete em uma das tarefas que nossos Sábios relatam que Yitschak realizava: cavar poços. Quando alguém cava um poço, ele penetra além do externo, da superfície terrestre, e descobre a fonte de água límpida que se esconde sob ela.

Em cada pessoa existe uma fonte assim. Yitschak era capaz de encontrar água onde os outros não conseguiam. Porque ele se concentrava na santidade, ele podia descobrir a essência Divina em cada criatura.

Todos os dias, nas orações, recordamos o sacrifício de Yitschak. Pois no momento da oração devemos firmar um compromisso com D’us — como fez Yitschak no Monte Moriá. A força deste compromisso influencia a maneira como conduziremos nossas vidas o restante do dia. Assim, mesmo que iniciemos nossas atividades diárias após a reza, espiritualmente, “nós não deixaremos Eretz Yisrael”. Nós viveremos “por D’us”, conscientes de Sua presença em todos os aspectos de nossas vidas. E cavaremos poços, descobrindo a fonte da vida em cada pessoa e lugar.

“E rezou Yitschak ao Eterno em frente a sua esposa, por que ela era estéril; e o Eterno atendeu-lhe, e concebeu Rivka, sua esposa”
Gn: 25:21

Rashi o famoso comentarista da Torah nos explica sobre esse passuk: “E atendeu-lhe. E não a ela, porque a oração de um justo, filho de justo, não é igual à oração de um justo, filho de um perverso; portanto “ele” foi atendido e não ela”.

Porque a tefilá (reza) de um tzadik, filho de um tzadik (justo) é melhor do que a de um tzadik, filho de um perverso? Deveria ser o contrário, o tzadik filho de um perverso, mesmo estando em um ambiente ruim, consegue se manter firme nas suas convicções, sem ser influenciado. O tzadik, filho de um tzadik, não precisa passar por testes.

Yitschak, nosso Patriarca, mesmo sendo criado em um ambiente de observância da Torah e seus preceitos, não se acomodava nessa situação. Constantemente procurava atingir novos níveis, usando suas próprias forças. Cada dia que passava, considerava como se tivesse enfrentando um novo desafio e, a cada dia elevava seu nível espiritual. Essa força interior de Yitschak lhe dava um mérito maior do que tinha Rivka.

No ambiente familiar no qual vivia, ela assistia tanta imoralidade, motivo que a levou a se aproximar do judaísmo.
Yitschak, no entanto, não atingiu os níveis espirituais por causa da sociedade perversa, mas porque ele entendia que precisava se superar a cada dia que passava. Por isso, sua reza tinha maior aceitação.

A lição que aprendemos é que não devemos conformar-nos com o nível espiritual já alcançado. É necessário ter o conhecimento de que sempre há mais um degrau a ser alcançado, procurando constantemente um nível espiritual maior.

Shabat Shalom

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