quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Explicações ("derach") sobre a redenção. - Maharal

Rabino J.
Explicações ("derach") sobre a redenção. - Maharal
Este estudo estará colocado aqui pouco a pouco. Se houver interesse dos leitores em sua continuação, deixem recados em minha página. Se não houver, não o julgo tão importante, excepto para pessoas que não vivem em judaísmo prático, e precisam de algo que os leve à auto-motivação. Portanto, depende do interesse das pessoas: se for importante, digam, e haverá continuidade.

18 nov (3 dias atrás)
Rabino J.
Nêtsah Israel (Mahara”l), cp. 16.
Pormenores importantes para bom entendimendo do escrito:Chemuel: colega de Rab, aluno de R. Iehuda ha-Nassi, e mestre de rav Iehudá.Quarto reinado: Quer dizer, quarta potência. Segundo a visão dos anjos que subiam e desciam, vista por Ia’aqob Abínu, levantar-se-íam quatro potências, que fariam sofrer a Israel, antes do advento do Machiah. Estas potências são chamadas “reinos”.1. reino da Babilônia; 2. reino medo-persa;3. reino grego (helênicos);4. reino de Edom (Roma).Este último seria diferente de todos os demais, sendo que pode ser comparado ao ciclo solar: cada dia do ano difere de seu anterior e seu posterior. Assim, este reino passaria de tempos em tempos por sub-reinos derivados da mesma cultura e religião. Ou seja: em cada geração após a queda de Roma, haveria continuação em um dos países cuja cultura e fé é derivada da sua. Duraria também mais tempo que todos os demais, até que podia-se chegar a pensar que não teria mais fim.Estes reinos e sua divisão são também trazidos no livro de Daniel, e largamente explanados por metáforas em diversos midrachim.Existem duas concepções importantes de Adam:“Adam ha-Richon”, o primeiro homem, e ele simboliza o povo de Israel antes de certo estágio, no qual passará a ser “Adam Qadmon”, que quer dizer o mesmo, mas completo: ou seja, o homem recuperado.

18 nov (3 dias atrás)
Rabino J.
Princípio:
No primeiro capítulo de do trat. ‘Abodá Zará (pg 11b), temos: “Disse rab Iehudah que disse Chemuel: “O quarto reinado possui uma cidade (Roma), e nela uma vez a cada setenta anos tomam um homem perfeito (i.e.: no qual não haja defeito algum, físico ou mental), fazem com que monte-se sobre um homem aleijado, vestem-no com os indumentos de Adam ha-Richon. Sobre sua cabeça colocam o crânio de Ribi Ichma’el, em seu pescoço penduram um peso de “zuz” (medida de peso hebraica) de ouro refinado, e calçam as ruas com pedras preciosas. Diante dele, clamam muitos senhores: “Falso! Irmão de nosso senhor, mentiroso! Quem quiser ver, que veja, e quem não, que não veja: de que servirá a falsidade para o falso?!”: e terminam, com essas palavras: “Ai deste, quando se levantar!””

18 nov (3 dias atrás)
Rabino J.
Mahara"l (o cont. entre parêntesis, é meu)
Por esta parábola quiseram (nossos Sábios) esclarecer-nos acerca do poderio do domínio do quarto reinado sobre o povo de Israel.Diz, então, “uma vez a cada setenta anos...”, e é exatamente uma vez a cada setenta anos, conforme será esclarecido proximamente este assunto.Quanto ao que diz que “...fazem com que se monte um homem perfeito sobre um aleijado...”, que é inevitável que ao levantar um, cairá o outro. Por isto, diz-se que um estará montado sobre o outro. Pois ao estar uma pessoa montada sobre outra, é impossível que se levante o que serve de montaria, portanto é impossível que levante-se Ia’qob, devido ao fato de haver uma pessoa montada sobre si. Este caso, é sucinto.

18 nov (3 dias atrás)
Rabino J.
Cont. Mahara"l:
Disse: “uma vez a cada setenta anos...”, e tal já foi esclarecido no livro “Geburat ha-Chem” (cp 68), que o fato de Ia’aqob estar manco (no relato da Torá, depois que o anjo lhe golpeou o nervo ciático), nos ensina que algo está em falta (no povo de Israel), pois se Ia’aqob estivesse pleno e perfeito, não teria (o anjo) forças contra ele, e não haveria sido atingido pelo anjo na junção de sua coxa. Neste caso, se assim fosse, não haveria possibilidade alguma de que ‘Essav (i.e: sua descendência) dominasse o mundo, pois este anjo era o anjo da regência de ‘Essav.No midrach, consta: ““Tocou a junção da coxa...” significa que atingiu os tsadiqim que dele sairão, e serão estas as gerações de “chemad” (i.e.: gerações nas quais os judeus seriam impedidos de cumprirem os preceitos da Torá, por intervenção exterior)”.

18 nov (3 dias atrás)
Rabino J.
Continuação:
Então, o domínio do anjo sobre Ia’aqob, no que concerne ao tocar a junção da coxa, é o que fez com que ‘Essav tivesse domínio sobre ele (ou seja: seus descendentes, sobre seus descendentes), pelo que ‘Essav é aqui o homem perfeito, que fazem montar sobre um coxo.Quanto ao dizer que “...vestem-no com os indumentos de Adam ha-Richon...”, significa isto que tudo o que vem nesta parábola, é para deixar claro que a ‘Essav pertence este mundo (isto é: o domínio antes do governo do Machiah, por potências divididas pelos séculos desde Roma, no ocidente), pelo que tudo o que é apto para este mundo (material), é dado a ‘Essav, e não ficou para Ia’aqob, senão o mundo separado do material. Por isto disse que “...tomam um homem perfeito...”, pois é apropriado que ‘Essav seja um homem pleno, perfeito, posto que a ele pertence este mundo, pelo que não seria apropriado que tivesse algum defeito, quaquer que seja, neste mundo. Mas, Ia’aqob, por não ser apropriado que lhe pertencesse este mundo, era manco sobre sua coxa, como se esclarecerá. Isto, devido ao fato de que Ia’aqob é especialmente criado para as coisas divinas, não materiais, e não há nada mais material que a coxa (pois, em hebraico, este nome usa-se como forma idiomática limpa para outras regiões corporais), por não haver nisto “tsêlem elohim”, que é a qualificação especial de Ia’aqob, especialmente na coxa, que é oculta, e “tsêlem” tem a ver com a face, que é revelada. Isto é adequado para Ia’aqob, como disseram (os Sábios) no cp. “Quem contratar funcionários...” (Babá Messi’á 84a): “A beleza de Ia’aqob, se assemelha à beleza de Adam ha-Richon!”, que refere-se ao “tsêlem Elohim” (imagem divina).

18 nov (3 dias atrás)
Rabino J.
Continuação:
Mas, em quanto a ‘Essav, este não teria senão as coisas importantes a este mundo, nada realmente separado, divino; e Adam, também ele teve o grau elevado do “indumento”, como está escrito: “Deus fez para Adam, e para sua mulher, indumento de pele, e os vestiu...” (Berechit 3). De mesmo modo que Ia’aqob recebera por herança o grau elevado de “tsêlem” (imagem divina), ‘Essav recebeu por herança o indumento. O grau de elevação de “tsêlem”, é divino, enquanto que o grau de vestidura não somente não é divino, senão significa e indica honra, glória e importância (no físico, material e político). Esta foi a herança de ‘Essav: Por isto, está escrito: “fez vestir a Ia’aqob as roupas de ‘Essav, seu irmão maior, as melhores, que ficavam com ela (sua mãe) em casa.” Ensinaram os Sábios que as recebeu de Adam ha-Richon (Berechit Rabá cp 63): e que esta é a honraria que foi dada a ‘Essav, com o está escrito sobre Adam ha-Richon: “Tu o coroarás de honra, e de esplendor!...” – Tehilim 8.

18 nov (3 dias atrás)
Rabino J.
Cont.:
Duas coisas (antagônicas!) tinha Adam ha-Richon: por um lado, tinha “tsêlem Elohim”, por outro, tinha honraria e esplendor, que é o indumento de Adam ha-Richon, pois como vemos que r. Iohanan dizia sobre as roupas: “São elas que fazem com que me honrem!...” (Chabat 114a) Quando meditares acerca do que é “tsêlem Elohim”, e o que é “indumento”, que “tsêlem” é algo divino, e que a honraria não tem a ver com o divino, senão somente em relação ao mundo (material). Por isto, o que concerne a Ia’aqob (em herança!) é algo conectado ao mais importante: “Tsêlem Elohim”; e, quanto a ‘Essav, este tem herança nos indumentos, que são: honrarias e esplendor. Estes são os pertences de ‘Essav: designam a importância. Isto, é o que diz Daniel (cp 7), sobre a quarta fera, que seria Edom, pelo que diz: “...Veelu ‘enin, ke’ene enacha...” (“Tais olhos, eram como olhos humanos, vindo como um ser humano...” – ou seja: materialistas, como os homens costumam ver). , e em concernência ao reinado do machiah, disse: “E eu vi vindo com as nuvens do céu que vinha um como um ser humano...”que é o que está escrito: “Toma as roupas mais suntuosas de seu filho maior, que estavam consigo em casa...”, pois a grandeza de ‘Essav estão principalmente indumentárias, que são para si honraria e esplendor. Isto é o significado do que foi dito na metáfora: “...vestem-no com os indumentos de Adam ha-Richon...”, pois as roupa de Adam ha-Richon são existência especial sobre a normal, representada nas roupas, que são sua real importância.

19 nov (2 dias atrás)
Rabino J.
Cont.:
E, diz a metáfora que vestem-no com o crânio de ribi Ichma’el cohen gadol, o que já foi esclarecido que o quarto reino é a que assalta aos judeus, e toma deles tudo o que lhes for possível, e a prova disso está no escrito: “...e uma nação tomará da outra...” (Berechit 25:23), pois desde a destruição de Jerusalém se desenvolve o quarto reinado. Sendo assim, ela toma deles o que deveria ser dado a Ia’aqob, e já escrevemos largamente acerca disto, acima, no que concerne (ao relato em outra gemará acerca) do passar de uma centúria romana (onde diz a agadá que por causa de um galo e de uma galinha foi destruída a localidade chamada “Tur Malká”).

19 nov (2 dias atrás)
Rabino J.
Cont.:
Por isto, é dito que que vestem-no com o crânio de ribi Ichma’el cohen gadol, porquanto isto, que é a beleza (sacerdotal) pertence unicamente ao cohen gadol, e tomaram-no à força na geração de “chemad” (perseguição, proibição aos judeus de cumprimento de preceitos, e conversão forçada), retirando do povo judeu este grau de elevação, e vestindo-se eles (a religião romana) com ele. Por isto, assim como ‘Essav herdou as roupas de Adam ha-Richon, que são roupas especiais, assim tomou o crânio de r. Ichma’el, o cohen gadol. Entenda, então, o porquê de dizer exatamente “o crânio” do cohen gadol, que é o que recebera a luz divina, que é o esplendor que vem do próprio Deus, Bendito é Ele, como disseram os Sábios no Midrach Berechit Rabá cp. 3: “De Deus, Bendito é Ele, foi criada a Luz!, como está escrito: “Eis que a glória de Deus de Israel, vem pelo caminho do Oriente, e a terra se ilumina de Sua glória!” (Iehezqel 43:2). E veja que no cp. 7 (do Nêtsah Israel – o cp. presente é o 16) acerca do relato sobre uma mulher que se chamava Tsefanat bat Peniel, veja o relato no cp. 7 e a explanação, e tudo se esclarecerá. Quanto a r. Ichma’el, que entrava no Qôdech ha-Qodachim, era especialmente designado para o que concerne a tudo isto, mas em gerações de “chemad” roubaram dos judeus isto, e vestem-se com este esplendor, até que realmente têm eles algo do que é a luz facial, com a roupagem de Adam ha-Richon.
E diz...
...que colocam algo em peso de ouro puro em seu pescoço: isto denota importância. Pois, os indumentos são indicadores de honradez, e o pesos em ouro puro, de importância, de apreço acima da medida, que eles têm. E, já esclarecemos isto acerca do relato “Dois pesos de ouro puro desceram para o mundo...”, veja no local (do esclarecimento desta metáfora), e a encontrará esclarecida.Entenda, então estas coisas: uma, que eles têm um “indumento”, segunda, a luz da face de ribi Ichma’el cohen gadol, e terceira, o pingente de valiosidade pendurado no pescoço deles, e quarta, que o lugar onde se acham eles é (considerado) de importância. Por este (quarto) motivo, é dito que “calçam as ruas com pedras preciosas”. E, diz que fazem isto a cada setenta anos, como será esclarecido.

20 nov (1 dia atrás)
Rabino J.
Todas estas coisas, ...
...não são coisas que lhes pertençam como algo próprio deles, pois não são grau de elevação peculiar a eles, senão tanto o indumento, quanto o crânio de r. Ichma’el, como o peso em ouro puro, e a cobertura das ruas, tudo isto é por razão de honraria e importância, também porquê estão estas coisas em toda a nação, e não que haja um homem particular a fazer tudo isto. Por isto, diz que isto é feito uma vez a cada setenta anos, pois a regra geral (para este caso de “setenta anos”) é que isto seja considerado como uma geração, que setenta são os dias de vida do ser humano, pelo que disse isto, que fazem-no a cada setenta anos, sendo esta a explanação mais apropriada (para os setenta anos).

20 nov (1 dia atrás)
Rabino J.
Quando entender estas coisas profundamente,...
...saberá entender as qualificações desta nação (de “Edom” – Roma e o que dela saiu, incluindo as potências ocidentais modernas, principalmente!), pois eles têm esplendor facial, importância indumentária, e escrínio, que tudo isto se junta em um, por ser peculiar ao homem; e quanto ao lugar, é ele peculiar ao homem em especial, pois todo ser humano tem um lugar que é-lhe especial. Todas estas coisas acham-se no quarto reino, que vive a engalanar-se, e dispõe de honraria, beleza e excedidos são em estima em todo lugar. Ao verem a si mesmos como importantes que são, dizem como em decreto: “Sakh Qirê pelaster” (“Multidão de falsos senhores” [o termo aramaico “qirê” tem dois sentidos: pode ser “vendedor de cera”, e pode ser “senhor”, derivado do grego “Kirios”, que é o caso aqui], referindo-se aos judeus, como que dizendo) que as bênçãos de Itshaq (a Ia’aqob) não têm efeito algum. Assim, dão razão às palavras que dizem, proferindo (em continuação!): “Ahuh demaraná zeiafná! (“Irmão de nosso senhor (Essav, referindo-se a Israel!)) Mái ihanê leramaá beramauteh?! (“De que ajuda o engano ao falso que agiu em mentira?!)” – significa: já que não vieram as bênçãos (de nosso pai Itshaq) a Ia’aqob (à descendência de Ia’aqob, o povo de Israel), a não ser por capciosidade, e não por si mesmas (quer dizer: não porquê Itshaq quiz bendizer a Ia’aqob, senão por haver sido enganado por ele), não há nestas bênçãos (que proferiu Itshaq) nada real, pois a bênção precisa vir por si mesma (sendo que o que profere as bênçãos quer bendizer voluntariamente). Nisto, disseram parte da verdade, pois se este não houvesse amado a ‘Essav, não haveriam jamais elas tido (um período de anulação) de Ia’aqob, eternamente! Mas por não havê-las dado a Ia’aqob conscientemente, anularam-se (montaneamente) as bênçãos.

19:42 (1 hora atrás)
Rabino J.
Terminam (a agadá com as palavras):
“Ai deste, quando se levantar!” – quer dizer: dizem isto decretando sobre si mesmos devido ao estarem montados (sobre os judeus), pois se estão montados, isto significa que governam. Pois o que governa, não tem conexão com o que é governado, pelo que é dito que estão montados “sobre um aleijado”. Mas, se o que está montado sobre o aleijado não domina-o por completo, se dá isto ao fato de que não pode exterminá-lo. Por isto, termina com as palavras: “Ai deste, quando se levantar!”, porquê não podem estar (a governar) em conjunto, para que possa dizer “quando este se levantar não mais estará a sobrepor-se sobre ele”, pois a situação de “montado” já deixa claro que não podem estar associados, e portanto, “Ai deste, quando se levantar!”, que não o deixará viver de modo nenhum (e, é o que pretendem realmente, em cada geração em que vêem os judeus se fortalecerem, e também nesta, na qual os judeus recuperam sua Terra, especialmente).

20:14 (43 minutos atrás)
Rabino J.
Assim,...
...fica esclarecido que ‘Essav herdou este mundo totalmente, e que todos os graus de elevação deste mundo, são peculiares a ‘Essav, e portanto herdou o indumento de Adam ha-Richon e o crânio de r. Ichma’el e esta beleza; e, apesar de ser próximo a algo divino, não é totalmente divino, que (totalmente divino) é o “tsêlem Elohim” (“Imagem Divina”). Somente a coxa – que é um membro coberto – e não há nele “tsêlem Elohim”, por estar este na face que é a revelada, devido a isto o anjo que é o “anjo de Edom” colocou um defeito em Ia’aqob, conforme está escrito: “Tocou na coxa de ia’aqob...” (Berechit 32). Ainda falta explanar que a coxa faz parte da perna, e que a perna é algo no qual há especial diminuição, e que é impossível que no ser humano não haja algo no qual haja diminuição em importância, seja qual for. Por esta razão, neste ponto encontrou o anjo de ‘Essav vulnerabilidade.

20:15 (41 minutos atrás)
Rabino J.
Mas, ...
...a primeira explanação é a importante, e claro, e quando brilhou sobre ele o sol, que significa: a ordem do mundo (pois a ordem natural do mundo depende do sol, e a ordem do mundo é que Israel esteja livre e governante!), pois o sol governa o mundo, e serve como ordem natural, e a ordem natural é que cura a Ia’aqob de estar manco. Enquanto estava Ia’aqob manco, havia falta de ordem no curso do mundo (que é o que ainda ocorre, quando os filhos de Edom governam, e quem tinha que estar governando o mundo levando as nações ao cumprimento das Leis de Nôah, é Ia’aqob) como esclarecido nos capítulos transatos. Por isto, o “sol” que é o governante do mundo em sua ordem natural, é quem traz cura a Ia’aqob de sua machucadura, para que o mundo volte à própria ordem que lhe é natural. Esclarecemos a você coisas muito grandiosas! (Aqui terminamos o cap. xvi do Nêtsah Israel, que explana os caminhos da redenção de Israel e o porquê de sofrermos tanto diante dos goim nestes dois milênios, segundo explícito nas “agadot” dos Sábios do Talmud. Não sei se este estudo foi compreendido, mas gostaria de receber comentários sobre o mesmo, para saber se devo continuar a postar.)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Tehilim140

TEHILIM 140

Lamenatsêach mizmor ledavid. Chaletsêni Adonai meadam ra, meish chamassim tintserêni. Asher chashevu raót belev, col iom iagúru milchamót. Shanênu leshonam kemo nachash, chamat ach’shuv táchat sefatêmo sêla. Shomrêni Adonai midê rashá, meish chamassim tintserêni, asher chashevu lidchot peamai. Tamenu gueim pach li vachavalim, paressu réshet leiad magal, mokeshim shátu li sêla. Amárti ladonai Êli áta, haazína Adonai col tachanunai. Elohim Adonai oz ieshuati, sacôta leroshi beiom náshec. Al titen Adonai maavaiê rashá, zemamo al tafec iarúmu sêla. Rosh messibái, amal sefatêmo iechasêmo. Yimôtu alehem guechalim, baesh iapilem bemahamorot bal iacúmu. Ish lashon bal yicon baárets, ish chamas ra ietsudênu lemadchefót. Iadáti ki iaasse Adonai din ani, mishpat evionim. Ach tsadikim iodu lishmêcha, ieshevú iesharim et panêcha.


TEHILIM 140

Ao mestre do canto, um salmo de David. Ó Eterno, livra-me dos homens violentos e protege-me dos perversos. Só maldade abriga seus corações, e juntos se dedicam a mover guerras. Pérfidas como serpentes são suas línguas e, sob seus lábios, como víboras, guardam seu veneno. Guarda-me, pois, das mãos dos ímpios e dos malévolos que planejam minha queda. Ciladas armam contra mim, com cordas tecem laços para me prender e com redes me preparam armadilhas. Mas ao Eterno supliquei: “És meu D’us; escuta pois, a voz de meu clamor!” Ó Eterno, minha força salvadora, no clangor da batalha protegeste minha cabeça. Não concedas ao perverso a realização de seus desejos, nem deixes que se exaltem por alcançarem seus intentos. Que desabem sobre a cabeça dos que me cercam os impropérios com que me cobrem seus lábios. Chuva de carvões incandescentes os acosse e num abismo profundo de onde não possam sair, faze-os cair. Que não perdure o caluniador sobre a terra, e que seja o violento destruído por sua própria maldade. Certamente, o Eterno trará justiça aos oprimidos e elevação aos humildes. A Teu santo Nome renderão graças os justos, e em Tua Presença hão de viver os íntegros.
PARASHÁ VAYISHLACH g l y i e

Bereshit: 32:4 - 36:43


A Parashá Vayishlach inicia com Yaacov (Jacó) e sua família retornando da casa de Laban (Labão) para a Terra de Israel, apenas para encontrar Essav (Esaú) marchando em sua direção com 400 homens, aparentemente prontos para a batalha. Após preparar a família para a guerra e rezar a D'us pedindo ajuda, Yaacov tenta aplacar a ira de seu irmão, enviando-lhe inúmeros e valiosos presentes.

Depois da família cruzar o rio a fim de aguardar o encontro com Essav, Yaacov é deixado sozinho e entra noite adentro em confronto com um anjo disfarçado de homem. Embora Yaacov saia vitorioso, acaba ficando manco ao deslocar o quadril na luta. Unindo-se novamente à família, Yaacov encontra Essav, que o aceita com um recém-despertado amor fraterno, e insiste em escoltar Yaacov até seu destino.

Yaacov declara que não deseja incomodar Essav, e eles se separam. Uma nova crise ocorre quando a filha de Yaacov, Diná, é raptada e estuprada por Sechem, o príncipe de uma cidade do mesmo nome. Os filhos de Yaacov, ultrajados pela humilhação causada à irmã, engoda os habitantes da cidade a circuncidarem-se a si mesmos, assumindo que eles terão permissão de realizar casamentos mistos com a família de Yaacov.

Shimon e Levi (dois dos irmãos) dizimam então toda a cidade e salvam Diná. Yaacov retorna à Bet El, onde D'us lhe aparecera originalmente no sonho da escada (mencionado na porção da semana anterior) e lá constrói um altar. D'us abençoa Yaacov e lhe dá um nome adicional, Israel.

Logo depois, Rachel morre ao dar à luz a Binyamin (Benjamin), décimo segundo filho de Yaacov e segundo de Rachel, e Yaacov a sepulta em Bet Lechem. Finalmente, Yaacov volta para casa e se reúne a seu pai Yitschac. A Torá relata que Yitschac morreu aos 180 anos de idade, e a porção termina com uma demorada genealogia da família de Essav.
Mensagem da Parashá:


Quando Shimon e Levi atacam a cidade de Shechem e subjugam os habitantes para salvar sua irmã Diná, a Torá muda de tom para descrevê-los como sendo "os dois filhos de Yaacov” Gn: 34:25. Nesta altura certamente já estamos bem informados sobre a genealogia deles. Rashi comenta que ao repetir o óbvio, a Torá está destacando o fato de que, embora obviamente eles fossem filhos de Yaacov, não estavam agindo como tal, pois não procuraram seu conselho a respeito desta questão.

Se nos perguntassem qual a qualidade essencial para que alguém seja considerado "agindo como um filho", nossa primeira idéia seria provavelmente honrando os pais ou cuidando de suas necessidades. Mas Rashi aparentemente está nos revelando algo diferente. Os fatores mais básicos para ser considerado como "um filho" é que busque o conselho de seus pais.

De fato, se examinarmos a etimologia da palavra hebraica para filho, "ben", temos a mesma impressão. Quando Nôach (Noé) nasceu, a Torá o declara fazendo referência a seu pai Lemech. "E ele teve um filho (ben)". Rashi comenta que a palavra ben está relacionada à forma radical "baná" significando construir, e que a partir de Nôach finalmente a palavra foi reconstruída. Na noite de sexta-feira e nos serviços matinais de Shabat nos referimos aos que estudam Sua Torá como "filhos” e "construtores". Por isso entendemos que o papel de um filho é construir algo sobre os princípios do pai; transformar em realidade suas idéias.

Assim, a Torá sutilmente repreende Shimon e Levi por agirem sem o conselho e consentimento de seu pai. Seu relacionamento era meramente biológico, pois não estavam agindo em concordância com sua vontade.

A Torá chama aos Filhos de Israel "filhos de D'us". Como filhos de D'us, devemos nos inspirar para realizar todas nossas ações consultando nosso pai, através de Sua Torá, para verdadeiramente construirmos este mundo sobre Seus princípios.
PARASHÁ VAYISHLACH g l y i e

Shabat: Proteção no Ato de Compartilhar

Energia: Chessed de Guevurá - A Bondade da disciplina


Meditação:

Esta semana temos a expressão Chessed de Guevurá. Uma é extremamente importante para o uso da outra. Receber e compartilhar são duas dinâmicas que se completam. Quando recebemos e não compartilhamos, geramos uma energia altamente destrutiva em nossas vidas. Compartilhar é um ato de justiça, e é a forma de cada vez mais abrirmos o nosso receptor para recebermos mais Luz. Outro aspecto muito importante é a Misericórdia que se deve fazer presente no "Rigor" (Din é o outro nome de Guevurá). Quando trazemos Misericórdia para ele, nos tornamos mais tolerantes e capazes de perdoar. Assim como não gostamos quando nos julgam de forma severa, não devemos agir dessa forma com as outras pessoas. Precisamos aprender a ser severo com as nossas próprias atitudes e não abrir espaço para a negociação com a Contra Inteligência (as pequenas justificativas e concessões associadas às iniqüidades). Lembre-se que quando um dedo aponta, ao menos três se voltam contra nós.


Exercício: Estou exercitando o desejo de receber para compartilhar ou sou egoísta? Faço julgamentos severos sobre outras pessoas ou sobre mim mesmo? Vejo as qualidades das outras pessoas ou só julgo os seus defeitos? Compartilhe algo que você recebeu e traga misericórdia em seus julgamentos.


Torá: Bereshit: 35:12

Salmo : 140
PARASHÁ VAYISHLACH g l y i e

Gn 32:4 - 36:43

Gn 32
4 Então, Jacó enviou mensageiros adiante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, território de Edom,
5 e lhes ordenou: Assim falareis a meu senhor Esaú: Teu servo Jacó manda dizer isto: Como peregrino morei com Labão, em cuja companhia fiquei até agora.
6 Tenho bois, jumentos, rebanhos, servos e servas; mando comunicá-lo a meu senhor, para lograr mercê à sua presença.
7 Voltaram os mensageiros a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; também ele vem de caminho para se encontrar contigo, e quatrocentos homens com ele.
8 Então, Jacó teve medo e se perturbou; dividiu em dois bandos o povo que com ele estava, e os rebanhos, e os bois, e os camelos.
9 Pois disse: Se vier Esaú a um bando e o ferir, o outro bando escapará.
10 E orou Jacó: D’us de meu pai Abraão e D’us de meu pai Isaque, ó ETERNO, que me disseste: Torna à tua terra e à tua parentela, e te farei bem;
11 sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo; pois com apenas o meu cajado atravessei este Jordão; já agora sou dois bandos.
12 Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos.
13 E disseste: Certamente eu te farei bem e dar-te-ei a descendência como a areia do mar, que, pela multidão, não se pode contar.
14 E, tendo passado ali aquela noite, separou do que tinha um presente para seu irmão Esaú:
15 duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros;
16 trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros; vinte jumentas e dez jumentinhos.
17 Entregou-os às mãos dos seus servos, cada rebanho à parte, e disse aos servos: Passai adiante de mim e deixai espaço entre rebanho e rebanho.
18 Ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar: De quem és, para onde vais, de quem são estes diante de ti?
19 Responderás: São de teu servo Jacó; é presente que ele envia a meu senhor Esaú; e eis que ele mesmo vem vindo atrás de nós.
20 Ordenou também ao segundo, ao terceiro e a todos os que vinham conduzindo os rebanhos: Falareis desta maneira a Esaú, quando vos encontrardes com ele.
21 Direis assim: Eis que o teu servo Jacó vem vindo atrás de nós. Porque dizia consigo mesmo: Eu o aplacarei com o presente que me antecede, depois o verei; porventura me aceitará a presença.
22 Assim, passou o presente para diante dele; ele, porém, ficou aquela noite no acampamento.
23 Levantou-se naquela mesma noite, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e transpôs o vau de Jaboque.
24 Tomou-os e fê-los passar o ribeiro; fez passar tudo o que lhe pertencia,
25 ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia.
26 Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem.
27 Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares.
28 Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó.
29 Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com D’us e com os homens e prevaleceste.
30 Tornou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali.
31 Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a D’us face a face, e a minha vida foi salva.
32 Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa.
33 Por isso, os filhos de Israel não comem, até hoje, o nervo do quadril, na articulação da coxa, porque o homem tocou a articulação da coxa de Jacó no nervo do quadril.

Gn 33
1 Levantando Jacó os olhos, viu que Esaú se aproximava, e com ele quatrocentos homens. Então, passou os filhos a Lia, a Raquel e às duas servas.
2 Pôs as servas e seus filhos à frente, Lia e seus filhos atrás deles e Raquel e José por últimos.
3 E ele mesmo, adiantando-se, prostrou-se à terra sete vezes, até aproximar-se de seu irmão.
4 Então, Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e choraram.
5 Daí, levantando os olhos, viu as mulheres e os meninos e disse: Quem são estes contigo? Respondeu-lhe Jacó: Os filhos com que D’us agraciou a teu servo.
6 Então, se aproximaram às servas, elas e seus filhos, e se prostraram.
7 Chegaram também Lia e seus filhos e se prostraram; por último chegaram José e Raquel e se prostraram.
8 Perguntou Esaú: Qual é o teu propósito com todos esses bandos que encontrei? Respondeu Jacó: Para lograr mercê na presença de meu senhor.
9 Então, disse Esaú: Eu tenho muitos bens, meu irmão; guarda o que tens.
10 Mas Jacó insistiu: Não recuses; se logrei mercê diante de ti, peço-te que aceites o meu presente, porquanto vi o teu rosto como se tivesse contemplado o semblante de D’us; e te agradaste de mim.
11 Peço-te, pois, recebe o meu presente, que eu te trouxe; porque D’us tem sido generoso para comigo, e tenho fartura. E instou com ele, até que o aceitou.
12 Disse Esaú: Partamos e caminhemos; eu seguirei junto de ti.
13 Porém Jacó lhe disse: Meu senhor sabe que estes meninos são tenros, e tenho comigo ovelhas e vacas de leite; se forçadas a caminhar demais um só dia, morrerão todos os rebanhos.
14 Passe meu senhor adiante de seu servo; eu seguirei guiando-as pouco a pouco, no passo do gado que me vai à frente e no passo dos meninos, até chegar a meu senhor, em Seir.
15 Respondeu Esaú : Então, permite que eu deixe contigo da gente que está comigo. Disse Jacó: Para quê? Basta que eu alcance mercê aos olhos de meu senhor.
16 Assim, voltou Esaú aquele dia a Seir, pelo caminho por onde viera.
17 E Jacó partiu para Sucote, e edificou para si uma casa, e fez palhoças para o seu gado; por isso, o lugar se chamou Sucote.
18 Voltando de Padã-Arã, chegou Jacó são e salvo à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã; e armou a sua tenda junto da cidade.
19 A parte do campo, onde armara a sua tenda, ele a comprou dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro.
20 E levantou ali um altar e lhe chamou D’us, o D’us de Israel.

Gn 34
1 Ora, Diná, filha que Lia dera à luz a Jacó, saiu para ver as filhas da terra.
2 Viu-a Siquém, filho do heveu Hamor, que era príncipe daquela terra, e, tomando-a, a possuiu e assim a humilhou.
3 Sua alma se apegou a Diná, filha de Jacó, e amou a jovem, e falou-lhe ao coração.
4 Então, disse Siquém a Hamor, seu pai: Consegue-me esta jovem para esposa.
5 Quando soube Jacó que Diná, sua filha, fora violada por Siquém, estavam os seus filhos no campo com o gado; calou-se, pois, até que voltassem.
6 E saiu Hamor, pai de Siquém, para falar com Jacó.
7 Vindo os filhos de Jacó do campo e ouvindo o que acontecera, indignaram-se e muito se iraram, pois Siquém praticara um desatino em Israel, violentando a filha de Jacó, o que se não devia fazer.
8 Disse-lhes Hamor: A alma de meu filho Siquém está enamorada fortemente de vossa filha; peço-vos que lha deis por esposa.
9 Aparentai-vos conosco, dai-nos as vossas filhas e tomai as nossas;
10 habitareis conosco, a terra estará ao vosso dispor; habitai e negociai nela e nela tende possessões.
11 E o próprio Siquém disse ao pai e aos irmãos de Diná: Ache eu mercê diante de vós e vos darei o que determinardes.
12 Majorai de muito o dote de casamento e as dádivas, e darei o que me pedirdes; dai-me, porém, a jovem por esposa.
13 Então, os filhos de Jacó, por causa de lhes haver Siquém violado a irmã, Diná, responderam com dolo a Siquém e a seu pai Hamor e lhes disseram:
14 Não podemos fazer isso, dar nossa irmã a um homem incircunciso; porque isso nos seria ignomínia.
15 Sob uma única condição permitiremos: que vos torneis como nós, circuncidando- se todo macho entre vós;
16 então, vos daremos nossas filhas, tomaremos para nós as vossas, habitaremos convosco e seremos um só povo.
17 Se, porém, não nos ouvirdes e não vos circuncidardes, tomaremos a nossa filha e nos retiraremos embora.
18 Tais palavras agradaram a Hamor e a Siquém, seu filho.
19 Não tardou o jovem em fazer isso, porque amava a filha de Jacó e era o mais honrado de toda a casa de seu pai.
20 Vieram, pois, Hamor e Siquém, seu filho, à porta da sua cidade e falaram aos homens da cidade:
21 Estes homens são pacíficos para conosco; portanto, habitem na terra e negociem nela. A terra é bastante espaçosa para contê-los; recebamos por mulheres a suas filhas e demos-lhes também as nossas.
22 Somente, porém, consentirão os homens em habitar conosco, tornando-nos um só povo, se todo macho entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.
23 O seu gado, as suas possessões e todos os seus animais não serão nossos? Consintamos, pois, com eles, e habitarão conosco.
24 E deram ouvidos a Hamor e a Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta da cidade; e todo homem foi circuncidado, dos que saíam pela porta da sua cidade.
25 Ao terceiro dia, quando os homens sentiam mais forte a dor, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, entraram inesperadamente na cidade e mataram os homens todos.
26 Passaram também ao fio da espada a Hamor e a seu filho Siquém; tomaram a Diná da casa de Siquém e saíram.
27 Sobrevieram os filhos de Jacó aos mortos e saquearam a cidade, porque sua irmã fora violada.
28 Levaram deles os rebanhos, os bois, os jumentos e o que havia na cidade e no campo;
29 todos os seus bens, e todos os seus meninos, e as suas mulheres levaram cativos e pilharam tudo o que havia nas casas.
30 Então, disse Jacó a Simeão e a Levi: Vós me afligistes e me fizestes odioso entre os moradores desta terra, entre os cananeus e os ferezeus; sendo nós pouca gente, reunir-se-ão contra mim, e serei destruído, eu e minha casa.
31 Responderam: Abusaria ele de nossa irmã, como se fosse prostituta?

Gn 35
1 Disse D’us a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao D’us que te apareceu quando fugia da presença de Esaú, teu irmão.
2 Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes;
3 levantemo-nos e subamos a Betel. Farei ali um altar ao D’us que me respondeu no dia da minha angústia e me acompanhou no caminho por onde andei.
4 Então, deram a Jacó todos os deuses estrangeiros que tinham em mãos e as argolas que lhes pendiam das orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.
5 E, tendo eles partido, o terror de D’us invadiu as cidades que lhes eram circunvizinhas, e não perseguiram aos filhos de Jacó.
6 Assim, chegou Jacó a Luz, chamada Betel, que está na terra de Canaã, ele e todo o povo que com ele estava.
7 E edificou ali um altar e ao lugar chamou El-Betel; porque ali D’us se lhe revelou quando fugia da presença de seu irmão.
8 Morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho que se chama Alom-Bacute.
9 Vindo Jacó de Padã-Arã, outra vez lhe apareceu D’us e o abençoou.
10 Disse-lhe D’us: O teu nome é Jacó. Já não te chamarás Jacó, porém Israel será o teu nome. E lhe chamou Israel.
11 Disse-lhe mais: Eu sou o D’us Todo-Poderoso; sê fecundo e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis procederão de ti.
12 A terra que dei a Abraão e a Isaque dar-te-ei a ti e, depois de ti, à tua descendência.
13 E D’us se retirou dele, elevando-se do lugar onde lhe falara.
14 Então, Jacó erigiu uma coluna de pedra no lugar onde D’us falara com ele; e derramou sobre ela uma libação e lhe deitou óleo.
15 Ao lugar onde D’us lhe falara, Jacó lhe chamou Betel.
16 Partiram de Betel, e, havendo ainda pequena distância para chegar a Efrata, deu à luz Raquel um filho, cujo nascimento lhe foi a ela penoso.
17 Em meio às dores do parto, disse-lhe a parteira: Não temas, pois ainda terás este filho.
18 Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni; mas seu pai lhe chamou Benjamim.
19 Assim, morreu Raquel e foi sepultada no caminho de Efrata, que é Belém.
20 Sobre a sepultura de Raquel levantou Jacó uma coluna que existe até ao dia de hoje.
21 Então, partiu Israel e armou a sua tenda além da torre de Éder.
22 E aconteceu que, habitando Israel naquela terra, foi Rúben e se deitou com Bila, concubina de seu pai; e Israel o soube. Eram doze os filhos de Israel.
23 Rúben, o primogênito de Jacó, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom, filhos de Lia;
24 José e Benjamim, filhos de Raquel;
25 Dã e Naftali, filhos de Bila, serva de Raquel;
26 e Gade e Aser, filhos de Zilpa, serva de Lia. São estes os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã.
27 Veio Jacó a Isaque, seu pai, a Manre, a Quiriate-Arba (que é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e Isaque.
28 Foram os dias de Isaque cento e oitenta anos.
29 Velho e farto de dias, expirou Isaque e morreu, sendo recolhido ao seu povo; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram.

Gn 36
1 São estes os descendentes de Esaú, que é Edom.
2 Esaú tomou por mulheres dentre as filhas de Canaã: Ada, filha de Elom, heteu; Oolibama, filha de Aná, filho de Zibeão, heveu;
3 e Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.
4 A Ada de Esaú lhe nasceu Elifaz, a Basemate lhe nasceu Reuel;
5 e a Oolibama nasceu Jeús, Jalão e Corá; são estes os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.
6 Levou Esaú suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, e todas as pessoas de sua casa, e seu rebanho, e todo o seu gado, e toda propriedade, tudo que havia adquirido na terra de Canaã; e se foi para outra terra, apartando-se de Jacó, seu irmão.
7 Porque os bens deles eram muitos para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.
8 Então, Esaú, que é Edom, habitou no monte Seir.
9 Esta é a descendência de Esaú, pai dos edomitas, no monte Seir.
10 São estes os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.
11 Os filhos de Elifaz são: Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz.
12 Timna era concubina de Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque; são estes os filhos de Ada, mulher de Esaú.
13 E os filhos de Reuel são estes: Naate, Zerá, Samá e Mizá; estes foram os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
14 E são estes os filhos de Oolibama, filha de Aná, filho de Zibeão, mulher de Esaú; e deu a Esaú: Jeús, Jalão e Corá.
15 São estes os príncipes dos filhos de Esaú; os filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú: o príncipe Temã, o príncipe Omar, o príncipe Zefô, o príncipe Quenaz,
16 o príncipe Corá, o príncipe Gaetã, o príncipe Amaleque; são estes os príncipes que nasceram a Elifaz na terra de Edom; são os filhos de Ada.
17 São estes os filhos de Reuel, filho de Esaú: o príncipe Naate, o príncipe Zerá, o príncipe Samá, o príncipe Mizá; são estes os príncipes que nasceram a Reuel na terra de Edom; são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
18 São estes os filhos de Oolibama, mulher de Esaú: o príncipe Jeús, o príncipe Jalão, o príncipe Corá; são estes os príncipes que procederam de Oolibama, filha de Aná, mulher de Esaú.
19 São estes os filhos de Esaú, e esses seus príncipes; ele é Edom.
20 São estes os filhos de Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão e Aná,
21 Disom, Eser e Disã; são estes os príncipes dos horeus, filhos de Seir na terra de Edom.
22 Os filhos de Lotã são Hori e Homã; a irmã de Lotã é Timna.
23 São estes os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã.
24 São estes os filhos de Zibeão: Aiá e Aná; este é o Aná que achou as fontes termais no deserto, quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.
25 São estes os filhos de Aná: Disom e Oolibama, a filha de Aná.
26 São estes os filhos de Disã: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
27 São estes os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.
28 São estes os filhos de Disã: Uz e Arã.
29 São estes os príncipes dos horeus: o príncipe Lotã, o príncipe Sobal, o príncipe Zibeão, o príncipe Aná,
30 o príncipe Disom, o príncipe Eser, o príncipe Disã; são estes os príncipes dos horeus, segundo os seus principados na terra de Seir.
31 São estes os reis que reinaram na terra de Edom, antes que houvesse rei sobre os filhos de Israel.
32 Em Edom reinou Belá, filho de Beor, e o nome da sua cidade era Dinabá.
33 Morreu Belá, e, em seu lugar, reinou Jobabe, filho de Zerá, de Bozra.
34 Morreu Jobabe, e, em seu lugar, reinou Husão, da terra dos temanitas.
35 Morreu Husão, e, em seu lugar, reinou Hadade, filho de Bedade, o que feriu a Midiã no campo de Moabe; o nome da sua cidade era Avite.
36 Morreu Hadade, e, em seu lugar, reinou Samlá, de Masreca.
37 Morreu Samlá, e, em seu lugar, reinou Saul, de Reobote, junto ao Eufrates.
38 Morreu Saul, e, em seu lugar, reinou Baal-Hanã, filho de Acbor.
39 Morreu Baal-Hanã, filho de Acbor, e, em seu lugar, reinou Hadar; o nome de sua cidade era Paú; e o de sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.
40 São estes os nomes dos príncipes de Esaú, segundo as suas famílias, os seus lugares e os seus nomes: o príncipe Timna, o príncipe Alva, o príncipe Jetete,
41 o príncipe Oolibama, o príncipe Elá, o príncipe Pinom,
42 o príncipe Quenaz, o príncipe Temã, o príncipe Mibzar,
43 o príncipe Magdiel e o príncipe Irã; são estes os príncipes de Edom, segundo as suas habitações na terra da sua possessão. Este é Esaú, pai de Edom.
PARASHÁ VAYISHLACH g l y i e
Nesta porção da Torá, nos deparamos com a história de Diná, a filha de Yaacov, que segundo os cabalistas, representaria a própria Shechiná. O nome "Diná" significa "a justa", se referindo à justa parte da bênção espiritual destinada a cada um de nós. O processo de aprendizado que envolve os ensinamentos desta semana representa a necessidade de compreender que nem sempre o que desejamos nos é justo espiritualmente. É com base na escravidão dos desejos que muitas vezes nos deixamos corromper dentro do caminho do autoconhecimento.
“E Shechem ben Chamor, o Chivi, o prícipe da terra, viu-a e a tomou, deitou-se com ela e a violentou” Gn: 34:2 .
“E Chamor falou com eles, dizendo: Shechem, meu filho, afeiçoou sua alma por vossa filha; dai-a para ele, rogo-vos, por mulher" Gn: 34:8.
Os sábios da Cabalá nos ensinam que a interpretação mística do incidente em que Shechem , filho de Chamor, o Chivi que se relacionou sexualmente com Diná, era que Schechem representa Nachash e sua união com Havá. Isso se baseia na dedução de nossos sábios quanto à semelhança da palavra hebraica "chivi" com a palavra "chiviá", que significa serpente em aramaico. Sendo assim, Shechem é a força avassaladora de nossos desejos egóicos e os meios de que dispomos para realizá-los a qualquer preço. Shechem é a má inclinação o Yetzer Hara e o "mau instinto", como nos ensinam nossos sábios. A matriarca Léa teve seis filhos e uma filha apenas. Os seis filhos representam a consciência de Zeir Anphin que está relacionada a Olam Há-Yetzirá, e a filha é Malchut, onde temos a manifestação da Shechiná (Presença Divina) e suas bênçãos. Os cabalistas sabem que a todo momento, Nachash, que se manifesta pelo arrebatador desejo de receber para si mesmo, procura penetrar no espaço destinado a Shechiná (Malchut) para ali exercer o seu domínio. Mas, por que Malchut? Malchut revela todo o propósito da Criação. Este é o "território" do espaço. Já vimos que a Luz do Mundo Infinito só pode se revelar por intermédio de uma resistência voluntária. Malchut reúne todas as condições propícias à revelação da Luz, pois além de ter como essência o desejo de receber é a primeira resistência que a Luz do Mundo Infinito encontra ao percorre os Mundos da Árvore da Vida. Como Malchut é uma resistência para a Luz, ela reflete a Luz, pois é somente através do reflexo que uma Luz é manifestada. Como já observamos anteriormente, a luz do sol só se manifesta por intermédio da ação da resistência (restrição). Sendo assim, nada surge neste Mundo da Restrição sem que haja uma resistência, e aprendemos que quanto maior for à resistência, maior será a manifestação deste fluxo de energia. O trabalho do cabalista é trabalhar para desativar os efeitos da Clipá que encobre demasiadamente este mundo físico, para que o mesmo seja penetrado pela Luz do Mundo Infinito. Mas sabemos que deve haver um tempo e maturidade no lidar com esta revelação, não podemos "comer" do fruto antes dele estar maduro. Este tem sido todo o erro da humanidade ao longo dos tempos, até os dias atuais. Nos deixamos influenciar pelos aspectos sedutores de Nachash e acreditamos que estamos recebendo bem menos do que teríamos direito de receber. Muitos são os casos em que não concordamos com o "tempo" dos acontecimentos que se manifestam dentro do território espiritual. "Isso é lento demais", "Isso é burocrático demais", "Isso poderia ser mais rápido, poderia estar acontecendo em curto prazo", estas são algumas das formas de considerarmos que o que temos não é a justa parte (Diná). Atropelamos o shefá (fluxo) da Luz e nos esquecemos de cumprir etapas essenciais dentro do caminho.
“E sua alma se apegou a Diná (a justa), a filha de Yaacov (Tiferet), e amou a moça” Gn: 34:3.
Para Rav Abuláfia, devemos também nos impulsionar a buscar uma aderência com a Shechiná, motivados pelo supremo estado de submissão ao Mundo Infinito, e não apenas pelo instinto do que nos é agradável ao nosso tempo. A essência desta aderência (devekut) é que devemos nos esforçar com cada parte de nosso ser a unirmos nossa alma a Shechiná e desfazer toda e qualquer forma de clipot (cascas). Para conseguir isto é necessário remover da nossa mente todos os pensamentos impuros, todo e qualquer desejo de receber para si mesmo. Quando procuramos esta aderência tendo como base os impulsos de Nachash, agimos por intermédio de polaridades invertidas.
"Seu ser adere a Diná...""Apaixona-se pela jovem...""Ele fala ao coração...".
Temos que notar que Nachash (que é a nossa força egóica) primeiro "adere" (penetra) a Shechiná (Diná), depois se apaixona e só depois é que fala ao seu coração. Esta não é a ordem apropriada. Este procedimento inverte completamente o procedimento de submissão ao Sagrado. Este tem sido o grande artifício de Nachash ao longo de séculos, ele não trabalha com mentiras e sim com verdades invertidas. O processo correto seria de inicialmente "falar" ao coração por intermédio de vocalizações e das orações, e, sobretudo, controlando sua boca para evitar o lashon hara. Em seguida o cabalista deve "apaixonar-se pela jovem", e isso está relacionado aos seus ritos, ao Shabat e ao cortejo da Shechiná que ocorre no momento da Confraternização, quando todos cantam e oscilam em uma roda. Neste momento torna-se possível envolver e encantar a "jovem", a "noiva", a Shechiná. Somente após o cortejo é que se torna possível à aderência (devekut) com o Infinito. O caminho espiritual é o caminho do enamoramento. Ou estamos enamorados da Shechiná ou apenas somos guiados pelos desejos mais básicos, ligado ao que nos é agradável e/ou nos dá prazer no caminho. Para que a sedução da Shechiná possa ocorrer de forma a não invertermos a ordem das coisas e de forma a não sermos Shechem dentro de nossa vontade de aderência à Luz, temos que desenvolver o "estado de quietude". Despertando a virtude de Malchut dentro de nós e ativando a humildade, devemos nos deixar guiar pelo estado de quietude. O estado de quietude da Luz é Malchut. O estado de quietude é a única possibilidade de conseguir acessar e revelar a Luz do Mundo Infinito. Somente o estado de quietude revela a realidade. Acessando o estado de quietude de seu próprio ser é que uma pessoa poderá vivenciar este estado de quietude em sua vida e na vida de seus próximos, caso contrário se manterá aprisionado para sempre na obscuridade espiritual do ego. Isso porque é somente no estado de quietude que toda a Luz se revela. Se sentimos tristeza e privação, isso significa que estamos ainda presos nas velhas armadilhas de Nachash. Como já foi dito, a carência só pode encontrar raízes no mundo da ilusão e somente aí (na ilusão) pode sobreviver. Ao encontrar aderência (devekut) com o estado de quietude, tomamos parte do que é justo (a justa parte) para nós e perdemos toda a forma de ilusão de carência e assim, Nachash não obterá nada de natureza negativa para alimentar-se e por si só deverá desaparecer. Por isso é que os cabalistas afirmam que o estado de quietude é a diferença entre o ser espiritual e o ser não espiritual. Desta forma, através do estado de quietude temos a paciência que nos permite bem conduzir o amor e nos livrar do "mau instinto".
"Este é meu instinto que o aflige em cima e o aflige embaixo. E se não fosse o mau instinto não encontrariam inimigos ao ser humano no mundo..." Zohar – Vayishlach.
Emuná V’Bitachon.Rav Meir

Haftarah de Vayishlach

HAFTARAH DE VAYISHLACH g l y i e

Obadias: 1:1-21

1 Visão de Obadias; assim disse o Eterno D’us a respeito de Edom: Da parte do Eterno ouvimos novas, e por entre as nações foi enviado um mensageiro a dizer: Levantai-vos e levantemo-nos contra Edom para fazer-lhe guerra!.

Chazon Ovadyah koh-amar Adonay Elohim le-Edom shmu'ah shamanu me'et Adonay vetsir bagoyim shulach kumu venakumah aleyha lamilchamah.

2 Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és muito desprezado.

Hineh katon netaticha bagoyim bazu'i atah me'od.

3 A soberba do teu coração enganou-te, ó tu, que habitas nas fendas do penhasco, e cuja morada está no alto, que dizes no teu coração: "Quem me derrubará por terra?"

Zedon libecha hishi'echa shochni bechagvey-sela merom shivto omer belibo mi yorideni arets.

4 Embora subas ao alto como a águia e ponhas o teu ninho entre as estrelas; dali te farei descer, disse o Eterno.

Im-tagbiha kanesher ve'im-beyn kochavim sim kinecha misham oridecha ne'um-Adonay.

5 Se a ti viessem ladrões ou salteadores noturnos, acaso te calarias? Acaso eles não te furtariam até que lhes bastasse? Se a teu vinhedo viessem vindimadores, não deixariam restar algumas uvas?

Im-ganavim ba'u-lecha im-shodedey laylah eych nidmeytah halo yignevu dayam im-botsrim ba'u lach halo yash'iru olelot.

6 Como foram rebuscados os bens de Essav! E como foram revelados seus tesouros!

Eych nechpesu Esav nive'u matspunav.

7 Todos os teus aliados te acompanharam no caminho até a fronteira; os homens que estavam em paz contigo, te enganaram e prevaleceram contra ti; os que comem o teu pão põem para ti uma armadilha e não há em ti entendimento.

Ad-hagvul shilchucha kol anshey vritecha hishi'ucha yachlu lecha anshey shlomecha lachmecha yasimu mazor tachteycha eyn tevunah bo.

8 Naquele dia, disse o Eterno, certamente farei perecer os sábios de Edom, e o monte Essav, o entendimento.

Halo bayom hahu ne'um-Adonay veha'avadeti chachamim me'Edom utevunah mehar Esav.

9 Os teus valentes, ó habitante do sul, estarão atemorizados de que pela matança, cada um seja exterminado do monte de Essav!

Vechatu giboreycha Teyman lema'an yikaret-ish mehar Esav mikatel.

10 Por causa da violência que tiveste para com teu irmão Yaacov; cobrir-te-á a vergonha, e serás para sempre exterminado.

Mechamas achicha Ya'akov techascha vushah venichratah le'olam.

11 No dia em que ficaste indiferente, naqueles dias em que estrangeiros levaram os seus bens, forasteiros entraram pelos seus portões e fizeram sorteios sobre Jerusalém, tu também foste considerado como deles.

Beyom amodcha mineged beyom shvot zarim cheylo venochrim ba'u she'arav ve'al-Yerushalayim yadu goral gam-atah ke'achad mehem.

12 Mas tu não devias ter visto sem tê-lo ajudado, no dia em que foi entregue aos inimigos, nem te alegrado contra os filhos de Judá no dia da sua destruição, nem falado de boca cheia no dia da tribulação.

Ve'al-tere veyom-achicha beyom nochro ve'al-tismach livney-Yehudah beyom ovedam ve'al-tagdel picha beyom tsarah.

13 Não devias ter entrado pelo portão da cidade do meu povo no dia da sua destruição, nem devia ter mirado, tu também, em sua calamidade no dia da destruição, nem devias por as mãos sobre os seus bens no dia da sua destruição.

Al-tavo vesha'ar ami beyom eydam al-tere gam-atah bera'ato beyom eydo ve'al-tishlachnah vecheylo beyom eydo.

14 Não devias colocar-te na brecha para matar os fugitivos, e não devias encerrar na prisão os que lhe ficaram no dia da destruição.

Ve'al-ta'amod al-haperek lehachrit et-plitav ve'al-tasger seridav beyom tsarah.

15 Porque está próximo a chegar o dia do Eterno sobre todas as nações que fizeram mal a Israel; como tens feito, assim se fará contigo, o que mereceres cairá sobre tua cabeça.

Ki-karov yom Adonay al-kol-hagoyim ka'asher asita ye'aseh lach gemulcha yashuv beroshecha.

16 Pois assim como bebeste o cálice da amargura sobre meu santo monte, assim mesmo beberão todas as nações continuamente; beberão como se nunca tivessem sido.

Ki ka'asher shtitem al-har kodshi yishtu chol-hagoyim tamid veshatu vela'u vehayu kelo hayu.

17 Porem, no monte de Tsión haverá um refúgio, e ele será santo, e os da casa de Yaacov herdarão o que lhes pertencia.

Uvehar Tsiyon tihyeh fleytah vehayah kodesh veyarshu beyt Ya'akov et morasheyhem.

18 A casa de Yaacov será um fogo, e a casa de Yosef uma chama, e a casa de Essav tornar-se-á um restolho; aquelas incendiarão a esta e a consumirão, e ninguém mais restará da casa de Essav, porque o Eterno assim determinou.

Vehayah veyt Ya'akov esh uveyt Yosef lehavah uveyt Esav lekash vedalku vahem va'achalum velo-yihyeh sarid leveyt Esav ki Adonay diber.

19 Os habitantes do sul herdarão o monte de Essav, e os da planície, os filisteus, e herdarão o campo de Efráim e o campo de Shomron; e o Biniamin herdarão o Guilad.

Veyarshu haNegev et-har Esav vehashfelah et-Plishtim veyarshu et-sedeh Efrayim ve'et sdeh Shomeron uVinyamin et-haGil'ad.

20 Estes cativos do exército dos filhos de Israel, que habitavam com os cananeus, até Tsorfat, e os cativos de Jerusalém que habitavam em Sefarad, possuirão as cidades do sul.

Vegalut hachel-hazeh livney Yisra'el asher-Kna'anim ad-Tsarfat vegalut Yerushalayim asher biSfarad yirshu et arey haNegev.

21 E os salvadores de Israel subirão ao monte de Tsión, para julgarem o monte de Essav; e o reino será do Eterno.

Ve'alu moshi'im behar Tsiyon lishpot et-har Esav vehayetah l'Adonay hameluchah.

sábado, 17 de novembro de 2007

quando yaakov se tornou israel

De todos os relatos da Torá, este é um dos mais envoltos em mistério. Conta-nos à história da luta entre um ser humano e um anjo e a da outorga de um novo nome a esse homem. A luta durou apenas uma noite; no entanto, seu resultado ecoa na história humana,com reverberações até os nossos dias.

A história envolve nosso ancestral, Yaacov terceiro e último dos patriarcas do povo judeu. A Torá relata que após vinte anos de trabalho em Charan, onde esteve a serviço de seu tio, Labão, Yaacov fugiu com a família de volta a seu torrão natal a Terra que um dia ostentaria o seu nome. Em uma profecia, D'us ordenara a Yaacov: Volta à Terra de teus pais e para a tua parentela e Eu estarei contigo Gn: 31:3.

Já se tinham transcorrido muitos anos desde que Yaacov deixara sua terra natal. Após receber as bênçãos patriarcais de seu pai Itschak, ele fora despachado de sua casa como forma de protegê-lo contra a ira de seu irmão Essav. Guerreiro e caçador ávido por sangue, Essav acusara Yaacov de lhe ter usurpado as bênçãos patriarcais da progenitura e ameaça-o de morte. E naquele então, 34 anos mais tarde decorridos quatorze de estudo na Academia de Shem e de Ever e 20 anos sob o teto de Labão, Yaacov seguiu em direção à terra de seus antepassados, com sua família e todos os seus agregados.

Yaacov percebia que seria inevitável seu encontro com o irmão. Não tinha certeza se a ira de Essav se tinha dissipado, portanto, decidiu tentar apaziguá-lo: E enviou Yaacov anjos à sua frente, a Essav, seu irmão, à terra de Seir, ao campo de Edom Gn: 32:4. Aos anjos caberia dizer a Essav que Yaacov regressava a casa e lhe oferecia um grande tributo a fim de conseguir graças a seus olhos Gn: 32:6.

Os anjos voltaram a Yaacov contando que Essav se dirigia a seu encontro, acompanhado por quatrocentos homens. Apesar de ter recebido ordens explícitas de D'us de retornar a casa, Yaacov temia o confronto iminente com

o irmão. Pois que, mesmo seu pai pronunciara o futuro de Essav: Pela espada, viverás!, profetizara Itschak. E mais, Essav vinha ao encontro de Yaacov com um exército, o que por certo não era um indício de intenções pacíficas. A Torá nos conta que Yaacov temeu muito e se angustiou... Gn: 32:8. Rashi explica que ele temia ser morto e angustiava-lhe a idéia de que ao se defender e defender seus entes queridos, ele poderia ter que matar outras pessoas, inclusive seu próprio irmão. Outro famoso comentarista, Ralbag, explica que para tão piedoso homem como Yaacov, a perspectiva de ser forçado a matar era ainda mais angustiante do que a possibilidade de ser morto.

Yaacov se prepara para o confronto de três formas: reza a D'us por salvação, prepara um suntuoso presente para apaziguar a ira de Essav e se prepara, bem como a seu pessoal, para a batalha. E dividiu o povo que estava com ele, e as ovelhas, e as vacas e os camelos, em dois acampamentos. E disse: Se vier Essav a um acampamento e o arrasar, terá o acampamento restante escapado Gn: 32:8-9. Yaacov despacha, na frente, seus homens com os presentes para Esav, ficando para trás com sua família. E então, misteriosamente, Yaacov levanta-se em meio da noite, para ajudar sua família a atravessar os bancos de areia do Rio Yabok. Mas ele fica para trás.

O Talmud afirma que Yaacov voltara da travessia do Yabok por ter-se esquecido de alguns utensílios de barro. Mas, fica-nos a pergunta: por que Yaacov, que sempre se fazia acompanhar por uma legião de anjos, optou por permanecer sozinho na outra margem do Yabok, naquela noite? Teria necessitado de silêncio e tempo para pensar e se preparar para o encontro iminente com seu irmão? Teria desejado fazer uma introspecção sobre sua própria vida, ao perceber que poderia perecer no confronto? Ou teria, conscientemente, ficado só, sabendo que estava para se defrontar com um inimigo ainda mais assustador que seu irmão? Tendo-o previsto ou não, naquela noite às margens do Rio Yabok, Yaacov estava prestes a vivenciar uma guerra espiritual sem proporções. Em nenhum outro momento de sua vida estaria tão só e, ao mesmo tempo, tão acompanhado. Pois que o seu lado estaria todos os seus futuros descendentes, cuja existência e sobrevivência dependiam exclusivamente de sua vitória.


E Yaacov luta com o anjo:

E ficou Yaacov só, e lutou um homem com ele, até levantar-se a aurora Gn: 32:25. Um único verso na Torá, descrevendo a luta que durou até o amanhecer, mas durante a qual nenhum dos dois personagens proferiu uma palavra sequer. Quem era o homem que lutou com Yaacov? Contam os sábios que era o anjo guardião de Essav, saró shel Essav disfarçado de ser humano.

O anjo de Essav não conseguiu derrotar Yaacov, apesar de deixá-lo fisicamente marcado. A Torá, novamente, reveste de mistério o relato do ocorrido: E viu o anjo que não podia com ele [Yaacov], e tocou-lhe na articulação de seu quadril; e deslocou-se a junção da coxa de Yaacov do quadril, em sua luta com ele Gn: 32:26. O ferimento de Yaacov tem forte significado pois nos deixou uma importante lei de cashrut: Por isso não comem os filhos de Israel o tendão encolhido que está sobre a articulação da coxa, até este dia, pois tocou [o anjo] na articulação da coxa de Yaacov, no tendão encolhido Gn: 32:33.

Mas, apesar de ferido, Yaacov prevaleceu. O homem que fugira de casa, que fugira com toda a sua família da casa de seu tio inescrupuloso, em Charan, e que temera confrontar seu irmão, lutara com um anjo e sobrevivera. Naquela noite, às margens do Yabok, talvez pela primeira vez em sua vida, Yaacov não tivera chance de fugir. E aquele tinha sido o momento da virada em sua vida, o seu momento de decisão: lutar e vencer ou morrer. E com vida, saiu. O adversário, derrotado, pediu, ou melhor, implorou que o deixasse partir: E disse [o anjo], Despacha-me, que vem rompendo a aurora Gn: 32:27. De súbito, a Torá nos oferece aquilo que os franceses chamariam de um coup de théâtre uma mudança drástica e inesperada dos acontecimentos: a vítima se torna o herói, ao passo que o algoz se torna o refém. Yaacov deveria ter ficado aliviado pelo fato de o anjo querer partir, mas, pelo contrário, manteve sua presa, não o deixando partir. Yaacov se recusou a libertar o anjo sem primeiro receber uma bênção. Vejamos partes desse diálogo, de acordo com o Midrash:

"Não posso ficar", diz o anjo, "não há tempo". Já rompe a aurora e tenho que partir”.

"Tens medo da aurora? Por quê? És, por acaso, ladrão? Jogador noturno, talvez?", perguntou-lhe Yaacov.

"Não, mas esperam-me na Corte Celestial para cantar louvores a D'us".

"Há outros anjos nos Céus. Que cantem eles, e não tu", disse Yaacov.

"Mas, se hoje cantarem sem mim, hão de me dizer: Por não teres vindo ontem; não fazes mais parte de nossa corte".

"Os anjos que visitaram meu avô, Avraham, abençoaram-no antes de partir. Terás que fazer o mesmo comigo".

"Não posso. Aqueles foram enviados com esse propósito, mas eu não posso fazer algo que não me foi ordenado".

"Então não partirás. Ou me abençoas ou não te deixo partir".

O anjo, percebendo que tinha menos poder do que Yaacov, decide abençoá-lo. E essa bênção foi à outorga de um novo nome: um nome que, durante muitas gerações, iria simbolizar a luta e a resistência. E disse-lhe [o anjo], "Não, Yaacov não mais será teu nome, senão Israel, pois lutaste com [o anjo de] D'us e com homens e venceste" Gn: 32:29.

E é por essa razão que nosso antepassado Yaacov se tornou Israel. O nome Israel pode significar aquele que luta com o Divino ou aquele que luta pelo Divino. Pode, ainda, ser definido como aquele que será grandioso perante D'us, Príncipe de D’us. Todas essas definições são apropriadas para o terceiro patriarca do povo judeu e para os seus descendentes. Estes freqüentemente viriam a lutar com o Divino, por discordar de Seus decretos e determinações. Mas, ao mesmo tempo, Israel iria sempre lutar pelo nome de D'us, fazendo sacrifícios indescritíveis para cumprir Seus mandamentos e santificar Seu Nome. A grandeza de Israel do nome, do homem que o ostenta e de seus descendentes é ainda mais evidenciada quando o Eterno usa a mesma denominação para identificar a Si Próprio. Após esta passagem, ao longo de toda a Tora; o Criador freqüentemente Se autodenomina o Eterno, D'us de Israel.

Ao amanhecer, após ter sua vontade prevalecida sobre a do anjo e ter sido abençoado, Yaacov tornou-se um homem diferente. O erudito íntegro era agora também um guerreiro. A força de Yaacov leva o nome Israel, ensina o Midrash. Antes de partir, o anjo diz a Israel: “Sou uma criatura celestial e tu me derrotaste”. Portanto, não tens razão para temer Essav. Certamente o vencerás. Pois agora, Israel poderia enfrentar seu irmão e, se necessário fosse, “enfrentar o fogo com o fogo” e, ainda, prevalecer.

Mas, contudo, muito de Yaacov permaneceu no íntimo de Israel. O guerreiro ainda era amante da paz, alguém que só lutaria para defender a si e aos outros. E pouco depois da luta com o anjo, Israel defrontou-se com seu irmão e, apesar de seu poder recém-descoberto, diante do irmão ele se humilhou. E os irmãos se lançaram nos braços, um do outro, e juntos derramaram as lágrimas daquela separação. No entanto, há diferentes interpretações para a reação de Essav. Teria sido um momento de compaixão pelo irmão ou chorara movido pela raiva e pela frustração? Essav, que por tanto tempo planejara o momento de matar Yaacov, tinha percebido que não poderia triunfar sobre Israel.

Mas, apesar daquele pacífico reencontro, sua confrontação não terminaria naquele momento. Apenas fora adiado. O terceiro patriarca do povo judeu prosseguiu em direção à terra de seus ancestrais, presente eterno de D'us a seus descendentes, a partir dele nomeado: a Terra de Israel. Mas, nas gerações futuras, em diferentes locais, em guerras que durariam muito mais do que aquela de uma noite, seus filhos iriam enfrentar os descendentes de Essav. O anjo do mal iria lutar contra os descendentes de Yaacob através da história, até a aurora da salvação (Midrash Lekach Tov).

E, deveras, há apenas uma geração, na história de nosso povo, a confrontação suprema entre Yaacov e Essav voltou a ocorrer. Como seu pai, os filhos de Yaacov foram deixados sós e abandonados por todas as nações durante aquela noite uma longa noite de grande escuridão moral e física no mundo. O que Essav e seu anjo protetor não conseguiram; seus descendentes têm tentado realizar: aniquilar os filhos de Yaacov. E a história se repete: o povo judeu emerge ferido, abatido após perder legiões de seus membros, mas sobrevive. E, vivo, retornou à sua amada pátria ancestral. E, a contragosto, as nações do mundo o abençoaram com o nome Israel, uma denominação muito própria para um povo que, em tão curto período de tempo, se tornou conhecido por seu poderio militar.

Um homem de dois nomes:

O avô de Yaacob, primeiro patriarca do povo judeu, também vivenciou a troca de seu nome. Originalmente chamado Avram, também ele foi abençoado com a outorga de um novo nome: Avraham. O Talmud afirma que é um mandamento positivo chamá-lo Avraham, enquanto que chamá-lo de Avram é negativo somos proibidos de fazê-lo. No entanto, o mesmo não se aplica a nosso terceiro patriarca. O último trecho do primeiro livro da Torá diz: E viveu Yaacov na terra do Egito 17 anos... Gn: 47:28. Outros versículos da Torá combinam ambos os nomes do terceiro patriarca judeu. Por exemplo: E estes são os nomes dos filhos de Israel que vieram ao Egito com Yaacov Êxodo, 1:1. Yaacov tornou-se Israel, mas Israel permanece sendo Yaacov.

Na Amidá (Shmone Esre), uma prece tão importante que a ela se refere o Talmud como a oração, dirigimo-nos ao D'us de Avraham, Itschak e Yaacov não de Israel. Há uma razão para tal. Naquela noite sobre o Rio Yabok, nosso antepassado compreendeu que há momentos em que Yaacov se deve tornar Israel. Se confrontado com um adversário, seja físico ou espiritual, um judeu não tem escolha senão lutar e vencer. No entanto, a missão do povo judeu é trazer ao mundo uma era de paz, de júbilo e de prosperidade para toda a humanidade; uma era em que “a Terra toda se encherá do conhecimento do Senhor D'us, como as águas cobrem o mar” Isaías: 11:9.

Concluímos a Amidá orando pela paz e pedindo a D'us que reerga o nosso Templo Sagrado e nos dê uma parte em Sua Torá. Portanto, nada mais próprio do que iniciar a mesma oração dirigindo-nos ao D'us de Yaacov, não de Israel. Pois nossa oração suprema é o desejo de que logo venha o dia em que Israel possa deitar as armas e voltar a ser “Yaacov um homem íntegro, que habita em tendas e nelas estuda a Lei de D'us” Gn: 25:27.

Tev Djmal

Tradução: Lilia Wachsmann

yaakov o amado de Deus

Yaacov, o amado por D'us


Yaacov, filho de Ytschac e neto de Avraham, é o terceiro e último patriarca do Povo Judeu. É dele que descendem todos os Filhos de Israel, pois, diferentemente de seu avô e pai, todos os seus doze filhos têm parte ativa na história judaica. foram os fundadores das Doze Tribos de Israel.

Yaacov, "o amado por D'us", Malachi: 1:2, teve como missão de vida forjar a harmonia entre forças espirituais opostas para trazer a verdadeira paz a este mundo e aos mundos espirituais. Mas, apesar disso, ou talvez justamente por isso, sua vida não foi de paz. Ele foi forçado a lidar com homens perversos e a se engajar em lutas físicas para garantir sua sobrevivência e a continuidade de seus descendentes. Tímido e introvertido, um erudito que amava a paz e a verdade, Yaacov enfrentou tanto homens como seres espirituais para garantir a continuidade do legado espiritual de Avraham e Ytschac. Ensinam nossos Sábios que foi D'us quem atribuiu ao terceiro patriarca o nome de Jacob, em hebraico Yaacov, trocando-o mais tarde por Israel. Ambos os nomes foram dados após lutas por sua sobrevivência: uma travada contra seu irmão Essav, no momento de seu nascimento, e outra contra um anjo de D'us.

A vida de Yaacov:

A vida de Yaacov é descrita em detalhes na segunda metade do Livro de Bereshit, desde a gravidez de sua mãe até a sua morte. A Torá, assim como o Talmud, o Midrash e o Zohar, relatam minuciosamente suas visões, seus encontros com D'us e com os anjos, bem como suas preocupações, seus momentos de dor, medo e amor. Os Livros Sagrados descrevem seu relacionamento com seu pai, Ytschac, com sua mãe, Rivka, e com Essav, seu irmão gêmeo e rival.

Yaacov, é o patriarca a quem a Torá mais dedica espaço: descreve seu amor por Rachel, à mulher pela qual aceitou trabalhar durante 14 anos para o pai dela, seu tio Labão; relata os atos deste último, o mais desonesto dos homens, que o enganou e ludibriou inúmeras vezes, inclusive no dia de seu primeiro casamento, colocando Lea no lugar de Rachel, sob o pálio nupcial. Conta também acerca de seus 12 filhos, dos quais descendem as Doze Tribos de Israel, e de sua filha, Diná. Os Livros Sagrados relatam as dificuldades que Yaacov enfrentou no decorrer de sua vida: o sofrimento com os filhos, o ciúme entre os irmãos, a desgraça que se abateu sobre Diná e, em seguida, sua imensa dor por acreditar que estava morto Yossef, seu filho com sua amada Rachel.

É uma vida marcada por revelações proféticas e eventos dramáticos. Sua contínua luta com Essav; o recebimento das bênçãos proferidas por Ytschac, que o tornaram o herdeiro do pacto espiritual de D'us com Avraham; o sonho de uma escada que atingia os Céus; o combate que travou com um anjo que o fere, mas que não consegue derrotá-lo e, por fim, o abençoa, conferindo-lhe um novo nome - Israel - que passa a ser símbolo de tenacidade e luta. Após anos de sofrimento, a descoberta de que Yossef, seu amado filho, estava vivo e se tornara governador do Egito; a ida de Yaacov e todos seus descendentes para esta terra, onde se cumpriria a Promessa que D'us fizera a Avraham, onde sofreriam, mas se tornariam "numerosos como as estrelas no céu".

E, por fim, nos instantes derradeiros de sua vida, a visão da Era Messiânica, que surgiria somente depois de grandes sofrimentos se terem abatido sobre seus descendentes. Diz o Talmud que nosso patriarca Yaacov nunca morreu: "Seus filhos vivem e, portanto, também ele vive". Nossos Sábios explicam que todo judeu é a personificação de nosso pai Yaacov; e, como nosso povo é um povo eterno, Yaacov estará sempre presente em nosso mundo.

Yaacov e Essav:

O Talmud ensina que Yaacov e Essav, e seus respectivos descendentes, estão engajados numa luta perpétua, que representa o eterno conflito entre o espiritual e o material - entre a paz e a guerra. O conflito entre os dois filhos de Ytschac e Rivka se manifesta ainda no ventre materno. Durante a gravidez, Rivka sentia em seu interior uma agitação incomum. Quando passava por uma casa de estudos ou de idolatria, sentia algo em suas entranhas que lhe causava muita dor. Não entendendo a razão e temendo estar carregando um filho espiritualmente instável, vai à Academia de Shem e Ever, localizada onde um dia, seria erguida Jerusalém, à procura de uma explicação. A Profecia Divina lhe revela, então, que carregava gêmeos: "Há duas nações em seu ventre... O mais velho servirá ao mais jovem" Gn:: 25:24.

Segundo o Midrash, Rivka é também informada que apenas um de seus filhos continuaria fiel aos ensinamentos de Avraham e Ytschac, ao passo que o outro os rejeitaria e viveria em idolatria e violência. "Dois grandes povos orgulhosos, com duas ideologias distintas, descenderão de teus dois filhos", anuncia a Profecia Divina. "De um descenderão profetas e, do outro, nobres". Um deles, Yaacov, priorizaria a espiritualidade, a força moral e a Lei Divina, enquanto o outro, Essav, priorizaria o material, a espada e a força bruta e, acima de tudo, a conquista.

Rivka deu à luz gêmeos e, assim como advertira a Profecia, eram totalmente diferentes; física e moralmente. O primogênito ruivo e peludo é chamado, em hebraico, de Essav, que significa peludo; e o segundo recebe o nome de Yaacov, que significa "ele irá nos calcanhares". Yaacov deveria ter sido o primeiro a nascer, mas na hora do parto Essav pisa sobre o irmão, esgarça o útero de Rivka, que não mais poderá gerar filhos, e é o primeiro a nascer. Segundo o Midrash, Essav tenta impedir o nascimento de Yaacov, mas este consegue nascer, agarrando-se ao calcanhar do irmão. O Zohar afirma que o nome Yaacov significa que "ele será senhor do calcanhar de Essav", pois com sua inteligência foi capaz de frustrar as investidas do irmão, desde o ato do nascimento.

Yaacov e Essav eram tão opostos quanto o podem ser duas pessoas. Contudo, suas diferenças e hostilidades não derivam de ciúmes, mas de idéias diferentes. Essav, forte e perspicaz, era "perito caçador, um homem do campo" Gn; 25:28. Yaacov, que segundo o Midrash já nascera circuncidado, era radiante e sua beleza igualava-se à de Adão, o mais belo de todos os homens. A Torá se refere a Yaacov como "um homem íntegro" Gn: 25:28, justo, generoso, que amava "viver em tendas", nas quais estudava a fé num D'us Único e os segredos espirituais do mundo que, posteriormente, foram revelados ao Povo Judeu através da Torá. Este patriarca passou grande parte de sua juventude na Academia dos profetas Shem e Ever, onde estudou a Lei Divina e aprimorou seu espírito. Apesar de ter extrema força física, Yaacov, que amava a paz e a harmonia, tentou durante a vida esquivar-se de confrontos físicos violentos. Principalmente com seu irmão Essav, pois, segundo uma profecia, ambos seriam enterrados no mesmo dia, o que, de fato, ocorreu. Yaacov, amante da vida, temia ser obrigado a matar; e este temor era maior do que o de sua própria morte.

As características inatas dos dois irmãos desenvolveram visões opostas do mundo. Essav, o antecessor de futuros imperadores romanos, vivia inteira e unicamente o presente, o "aqui e agora". Sua pessoa simboliza o instinto, as paixões, a busca pela gratificação imediata, a conquista física e a guerra. Tinha como certa a idéia de que os fortes e poderosos conquistariam e regeriam a Terra.

Yaacov, antecessor de profetas e sábios, almejava o mundo da eternidade e sabia sacrificar o conforto do presente por um futuro mais pleno e profundo. Representa a superioridade do espírito sobre a matéria. Entendia que o potencial e a grandeza de um homem não se mediam por seu poder nem pela força de suas paixões, mas em sua alma e em sua habilidade de agir racionalmente, com compaixão. Yaacov deixou como legado a seus descendentes a noção de que a grandeza humana reside na capacidade do homem de transcender o finito e o mundo material e desenvolver uma relação com D'us. Yaacov e Essav personificam o eterno conflito entre a Lei Divina e a lei da selva.

Por valorizar somente "o aqui e agora", Essav, um dia, faminto, vende sua primogenitura a Yaacov por um mero prato de lentilhas. Através da venda, Yaacov obteve de volta o que lhe fora tirado quando ainda estava no ventre de sua mãe. O privilégio maior do filho primogênito era receber a bênção paterna, de importância incomensurável. Mas Essav, que vivia apenas pelo presente, não via valor algum em uma bênção futura, que recairia sobre seus descendentes: "Se estarei morto, de que me servirá a bênção?", exclamara.

Yaacov, herdeiro espiritual:

Quando Ytschac envelhece, chega o momento de abençoar seus filhos e transmitir a herança espiritual que recebera de seu pai. Nosso patriarca, como lemos na Torá, "amava Essav" e desconhecia a compra da primogenitura pelo outro filho, Yaacov. Desconhecia, também, a profecia recebida por Rivka, de que "o mais velho servirá ao mais jovem". Convoca, pois, seu filho mais velho para lhe conceder a bênção patriarcal. Ele conhecia os defeitos de Essav, mas via nele grande potencial, acreditando que a bênção o faria um homem melhor. Mas Rivka conhecia melhor do que ele, a natureza dos filhos. Sabia que Essav era inadequado para levar avante o legado de Avraham, pois, como mãe, entendia o perigo de um homem como Essav receber uma bênção que lhe daria ainda mais poder. Rivka não enfrenta Ytschac com a verdade sobre seus filhos, mas usa de um estratagema: ordena a Yaacov que se disfarce de Essav para, em seu lugar, ser abençoado pelo pai.

Quando Yaacov se aproxima de Ytschac para ser abençoado, este sente "o perfume do Paraíso" e percebe que era Yaacov quem tinha diante de si. Vê profeticamente que os descendentes daquele seu filho estavam destinados a construir o Templo Sagrado em Jerusalém. Então Ytschac abençoa o filho e confirma seu ato, mesmo perante Essav, quando este entra em sua tenda com a mesma finalidade, e percebe que a bênção já fora dada ao irmão. Conferida por Inspiração Divina, era irrevogável. Vendo, porém, o desespero de Essav, o pai o abençoa com grande riqueza material, profetizando ainda que "por tua espada, viverás".

Frustrado e furioso, Essav planeja matar seu irmão e, mais uma vez, a Profecia Divina alerta Rivka sobre tais intenções. Temerosa de um embate que, conforme a profecia, resultaria no enterro de ambos os irmãos no mesmo dia, ela pede que Yaacov fuja e vá para a sua terra natal, onde poderia casar-se com uma das filhas de Labão, seu irmão. Antes de partir, Yaacov é abençoado novamente por Ytschac. Nosso segundo patriarca faz de Yaacov seu sucessor espiritual - o terceiro elo da corrente inquebrantável iniciada por Avraham.

Yaacov deixa a casa paterna. Mas, antes de se dirigir a Charan, onde vivia a família de sua mãe, vai à Academia de Shem e Ever. Lá permanece 14 anos estudando à Lei Divina e seus mistérios.

O sonho de Yaacov:

Diz a Torá que, ao se dirigir a Charan, Yaacov parou em um lugar familiar e lá passou a noite... Tomando algumas pedras, ele as colocou sob a cabeça e adormeceu... Teve uma visão, em sonho: “surge diante de si uma escada, que se apoiava no chão e alcançava os Céus. Anjos de D'us por ela subiam e desciam" Gn: 28:10-13. Segundo nossos Sábios, o "local" no qual Yaacov pernoitou era o Monte Moriá, o Monte do Templo - o mesmo onde Adão fora criado, onde seu pai Ytschac foi levado por Avraham para ser sacrificado e onde, no futuro, seriam construídos o Primeiro e o Segundo Templo. Yaacov chegou ao lugar sentindo-se vulnerável e só, um fugitivo despojado de quaisquer riquezas materiais. Tudo o que possuía era um imenso desejo de se aproximar de D'us e a Ele servir. Após anos de estudo e meditação, estava pronto para seu primeiro encontro com o Criador.

No sonho, D'us, Ele Próprio, aparece no topo da escada. A Torá assim relata: "E eis que o Eterno estava sobre ela e dizia, ”Eu sou o Eterno, D'us de Avraham e D'us de Ytschac” Gn: 28:13. Naquele sonho profético, D'us abençoa Yaacov, confirma ser ele o herdeiro espiritual dos dois primeiros patriarcas, promete novamente que a Terra de Israel será de Yaacov e de seus descendentes e que estes serão numerosos. O Eterno promete proteger Yaacov e nunca abandoná-lo nem a seus descendentes: "E eis que Eu estou contigo, e Te guardarei por onde quer que fores e Te farei voltar a esta terra; porque não Te abandonarei..." Gn: 28:15.

Ao acordar, Yaacov percebe a profunda importância do lugar: "É a casa de D'us e este é o portão dos Céus" Gn: 28:17. Percebera que aquele era o lugar onde todas as forças espirituais se unem para influenciar o mundo físico. Aquele local era o foco da elevação espiritual através do qual o homem pode subir a níveis espirituais ainda mais elevados. E promete Yaacov: "Então esta pedra, que coloquei como monumento, será a casa de D'us" Gn: 28:22.

A pedra sobre a qual Yaacov apoiara a cabeça e na qual, ao acordar, derramou azeite, era o local do Templo onde, no futuro, seria colocada a Arca da Aliança, o ponto mais sagrado de todo o Templo, o Kodesh Há-Kodashim, o Sagrado dentre os Sagrados. Segundo o Midrash, no sonho, D'us quis desvendar a Yaacov não tanto o seu próprio destino individual, mas principalmente o destino e o futuro de seus descendentes. "Não temas, Yaacov"; consola-o D'us, prometendo não só que não abandonaria seus descendentes, mas, sobretudo, que o Povo Judeu perduraria para sempre. Ensina o Talmud que a escada do sonho de Yaacov simboliza a História e que os anjos que subiam e desciam eram os protetores celestiais dos grandes impérios do Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. O sonho era uma profecia de que os descendentes de Yaacov teriam que passar por todos estes impérios; e em suas mãos, penariam. Mas os impérios cairiam todos e somente os Filhos de Yaacov sobreviveriam como povo, através da História.

O sonho de Yaacov também ensina que a vida do homem é uma escada e que, portanto, nada é estático na mesma, não há sofrimento que dure para sempre, nem erro que não possa ser corrigido. O próprio homem é muitas vezes comparado à escada do sonho, "apoiada na terra, e seu topo chegava aos Céus". O Criador quis revelar a Yaacov o nível moral e ético que o homem é capaz de alcançar caso aspire ao seu constante aperfeiçoamento. Mesmo ao lidar com as realidades terrenas, o homem pode-se alçar a realidades espirituais através de seus atos, pois todos nós, se desejarmos, temos como nos aproximar da Luz Divina. Acima de tudo, a escada representa a ligação entre os Céus e a Terra - e é esta a essência da nação que Yaacov está prestes a fundar.


Teu nome será Israel:

Após o encontro com o Eterno, Yaacov parte para o Norte, como prometera a seus pais. Lá vive durante 20 anos a serviço de Labão. Casa-se com duas filhas deste, Léa e Rachel, esta última o grande amor de sua vida. Durante os anos em que viveu e trabalhou em Charan, Yaacov teve 11 filhos. D'us, então, ordena a Yaacov deixar esta cidade e retornar à Terra Prometida, com toda a sua família. E é a caminho da Terra de Israel que nasce seu décimo segundo filho, Biniamin, o segundo e último filho de Rachel.

No caminho de volta para casa, Yaacov é atacado por um anjo, o anjo da guarda de Essav. Trata-se de um dos momentos mais dramáticos de sua vida, quando estão em jogo o seu destino, e o de todos os seus descendentes. Numa das passagens mais místicas e dramáticas da Torá, Yaacov derrota o anjo. Este o abençoa e lhe dá um nome adicional - Israel - que significa "príncipe de D'us".

Seguindo a Ordem Divina, Yaacov volta ao Monte Moriá, onde tivera o sonho da escada que alcançava os Céus. Lá D'us confirma ao patriarca as palavras do anjo: "Teu nome será também Israel", e lhe revela que a missão de seus descendentes - do povo de Israel - é a de manter viva a crença na Unidade e Unicidade de D'us. Caberia aos Filhos de Israel guardar eterna lealdade a D'us - lealdade que os 12 filhos de Yaacov prometeram ao pai, em seu leito de morte.

Ouve, ó Israel...

A última porção do primeiro livro da Torá relata os instantes derradeiros da vida de Yaacov, já no Egito há 17 anos, com todos seus filhos. "E chamou Yaacov por seus filhos", pois queria reconfortá-los revelando o que aconteceria no fim dos tempos, pois sabia das terríveis dificuldades pelas quais passariam seus descendentes. "Juntai-vos e ouvi, ó filhos de Yaacov; e ouvi a vosso pai, Israel" Gn: 49:1. Mas no momento em que inicia a revelação, a Shechiná, a Presença Divina, se afasta do patriarca e ele não consegue revelar o futuro aos filhos. Então os abençoa e estes, daquele momento em diante, passam a ser os fundadores das Doze Tribos de Israel.

Conta o Midrash que, antes de abençoar seus filhos, Yaacov ainda lhes faz uma última pergunta: estariam eles firmes na crença em um D'us Único? Ao que todos eles levantam as mãos aos Céus e, juntos, respondem com a frase que se tornou a própria essência do judaísmo:

"Shemá Israel, A-do-nai E-lo-hê-nu A-do-nai Ehad"
"Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D'us, o Eterno é Um" Deut: 6:4.

Nesse momento, desvanece-se o sofrimento de nosso patriarca, pois ele tem a certeza de que, apesar de tudo o que irá ocorrer no futuro, o legado de Abraham e Ytschac será transmitido "le'dor va'dor", de geração em geração, em uma inquebrantável corrente milenar. A eternidade de Israel estava garantida. Reconfortado e em paz, Yaacov responde:

“Baruch Shem Kevod Malchutô Leolam Vaêd!”
"Bendito seja o nome da glória do Seu reino para toda a eternidade"

Bibliografia:
Rabbi Elie Munk, The Call of the Torah, Bereshit, An anthology of interpretation and commentary, Mesorah Publications
Rabino A. Kaplan, A Torá Viva, editora Maayanot , The Midrash Says - The Book of Bereshit

Raquel e lia

Raquel e Lia
Raquel e Lia

Enquanto Léa deu luz a quatro filhos em sucessão rápida, Rachel porém era estéril e não pôde conceber por muitos anos. Rachel então ofereceu sua criada, Bila para o marido dela em matrimônio, como era o costume, Bila então deu Luz a dois filhos. Léa que também desejou mais crianças ofereceu a criada dela Zilpa para Yaacov, no qual deu a luz a mais dois filhos. Finalmente, depois que Léa deu luz a outros dois filhos e uma filha, a própria Rachel gerou dois filhos.

Rachel sempre foi esposa preferida de Yaacov, porém ele a amava muito e dedicava a maior parte de seu tempo livre a Rachel, onde também Yaacov dividia seu leito. Raramente Yaacov visitava a tenda de Léa, no qual até já negociou com Rachel para que deixasse Yaacov passar somente uma noite em sua companhia Ge: 30:14-16.

Morte e enterro de Raquel

Raquel morreu em parto no caminho da casa de Yaacov. A parteira lhe fala no meio do nascimento que a criança é um menino, lhe saindo à alma, Rachel olhou e o chamou de Bem-Oni (filho de minha dor), porque morreu, mas seu pai chamou-lhe de Biniamin. E foi enterrada por Yaacov na estrada para Efrat, próxima a Bet-Léchem. Hoje a Tumba de Raquel, situado entre Bet-Léchem e o bairro de Gilo em Jerusalém, Ge: 35:20, é visitado por milhares de pessoas cada ano.

a grandesa de lea

“Desde a Criação do mundo, ninguém havia agradecido a D’us, até que veio Léa e agradeceu ao Senhor”. (Talmud).


O patriarca Yaacov, filho de Ytschac, foi o progenitor da Nação Judaica e, como tal, estava destinado a ter doze filhos de quatro esposas: Léa, Raquel, Bilá e Zilpá.

Duas profetisas – Léa e Rachel – foram suas esposas. Irmãs gêmeas, eram filhas de Labão, irmão de Rivka, a mãe de Yaacov. Apesar de serem gêmeas, as duas eram diferentes, tanto no caráter como na aparência. Antes de Léa, todas as matriarcas eram descritas como extraordinariamente belas, inclusive Rachel. Mas no caso de Léa, a única descrição física que a Torá menciona é: “Léa tinha olhos ternos” Gn: 29:17. Provavelmente ela não enxergava bem. A beleza de Léa era interna e provinha de seu espírito, de sua humildade e compaixão, que serviram como base para a construção do futuro povo judeu. Léa, que passou a simbolizar a devoção pois aceitava resignadamente o que a vida lhe destinava, foi abençoada com sete dos filhos de Yaacov: Reuben, Simão, Levi, Judá, Issachar, Zebulun e Diná, a única filha de Yaacov.

As núpcias:

No capítulo 29 de Gênese, Yaacov, temendo que seu irmão Essav o matasse, foge da casa do pai, em Canaã, e vai para Haran, na Mesopotâmia. Estava, também, atendendo um pedido de seu pai, que queria que ele se casasse com uma das filhas de seu tio, Labão. Chegando a Haran, Yaacov vai à fonte na qual sabia que, no passado, Eliezer – servo de Ytschac – havia encontrado sua mãe, Rivka. No local, encontra alguns pastores e entre eles vê a bela Rachel, uma das filhas do tio, apaixonando-se imediatamente por ela: “E beijou Yaacov a Rachel e ergueu sua voz e chorou” Gn: 29:11.

Yaacov diz a Rachel que veio para casar-se com uma das filhas de Labão e pergunta-lhe se quer ser sua esposa. Rachel aceita imediatamente, mas o avisa que tem uma irmã mais velha. E que o pai não a deixará casar-se primeiro. Para poder desposar Rachel, Labão impõe uma condição: que Yaacov trabalhe para ele durante sete anos. Yaacov concorda e a Torá diz que ele amava tanto Rachel que os anos “pareceram-lhe um só dia”.

No final dos sete anos, Yaacov vai até Labão e exige que lhe dê Rachel em casamento: “Dá-me minha noiva, pois os meus dias já se completaram e eu me casarei com ela” Gn: 29:21. Mas Labão quer prender Yaacov em Haran por mais tempo e decide trocar as irmãs na festa do casamento. Na noite de núpcias, veste sua filha mais velha, Léa, com as roupas de Rachel. Esta, por sua vez, que havia alertado Yaacov de que seu pai era “astuto”, havia combinado com ele alguns sinais. Ela os usaria para que soubesse que era ela.

Mas Rachel não queria que sua irmã fosse humilhada perante todos e revela a Léa os sinais. E Yaacov, sem perceber a troca, deita-se com Léa, que provavelmente silencia por medo do pai e porque também amava Yaacov. O casamento é consumado e, na manhã seguinte, ao descobrir que Léa estava no lugar de Rachel, decepcionado, Yaacov queixa-se a Labão, que lhe explica ter feito isso por não ser costume a irmã mais nova casar-se antes da mais velha.

Mas Labão o consola, dizendo: “Completa essa semana nupcial com Léa e lhe darei também a outra mais nova, em troca de mais sete anos de trabalho” Gn: 29:26. Yaacov aceita e desposa Rachel na semana seguinte, trabalhando para Labão mais sete anos. Yaacov, por amar Rachel mais do que Léa, fica furioso com o que acontecera e, somente pouco antes de morrer, reconhece o valor de Léa.

Léa sofria muito pela falta do amor de Yaacov. Então D’us viu que ela não era amada e Ele a fez fértil. Mas ela não conseguia encontrar consolo e os nomes que escolhe para seus filhos expressam o amor que sentia por Yaacov, assim como a pureza de sua intenções.

Agradecendo a D’us por ter visto sua humilhação, Léa chama seu primeiro filho de Reuben: “Viu o Eterno minha aflição (em hebraico, ra’ah) e agora me amará (ye’ehabani) meu marido” Gn: 29:32. Ao conceber mais um filho, chama-o de Simão: “E o Senhor ouviu (shamá) que eu não era amada” Gn: 29:33. O terceiro se chama Levi, na esperança de que “agora meu marido ficará ligado a mim” Gn: 29:34. Somente o nome de seu quarto filho, Judá, não está diretamente relacionado com Yaacov: “Esta vez louvarei (odê) o Eterno” Gn: 29:35.

Rachel, sua irmã, também sofria muito, pois permanecera estéril durante vários anos. Um dia, diz a Yaacov que se este não lhe der filhos, morrerá. E ele responde, exasperado: “Tomarei o lugar de D’us?” Gn: 30:2. Para apaziguar Rachel, concorda em tomar Bilá, a escrava de Rachel, como esposa e com ela tem dois filhos: Dan e Naftali.

Ao perceber que já não estava concebendo, Lea também leva sua escrava Zilpá para Yaacov. Esta dá à luz mais dois filhos, Gad e Asher. As preces de Léa são ouvidas mais uma vez e ela engravida, dando à luz Issachar, seu quinto filho e, em seguida, Zebulun, o sexto, e diz: “Deu-me D’us boa parte; esta vez habitará meu marido comigo, pois lhe dei seis filhos” Gn: 30:20. Posteriormente nasce sua única filha, Diná.

As preces de Rachel também são ouvidas e ela dá à luz dois filhos: Yossef e Biniamin. Este último nasce de um parto muito doloroso. A família estava a caminho de Efrat, após Yaacov ter partido de Haran com suas esposas e filhos. No seu último sopro antes de morrer, Rachel chama a criança de Bem-Oni (filho de minha dor).

Nossos sábios dizem que a aparente rivalidade das duas irmãs pela atenção do marido não era motivada por ciúmes. Na verdade, as duas foram escolhidas por D’us para serem mães de Seu povo. Ambas eram profetisas e sabiam que eram incapazes sozinhas de gerar filhos em número suficiente para construir a futura Nação de Israel.

Segundo os sábios, Léa estava destinada a ser a mãe de sete das doze tribos de Israel. Mas isto significava que Rachel daria à luz um único filho. Sentindo compaixão por sua irmã, que só tivera um filho, Léa rezou para que Rachel concebesse um segundo filho. Assim ela própria seria mãe de apenas seis tribos. Através de suas preces, Léa poupou sua irmã da humilhação de dar à luz menos tribos do que as escravas, que tiveram cada uma dois filhos. (Esta é uma das versões para o ocorrido).

Pela descrição do texto bíblico, Léa, que não era uma beldade como as outras matriarcas, mas sim uma figura pálida, foi, no entanto, privilegiada com duas das maiores virtudes: a humildade e a gratidão. Ao chamar seu filho Judá, Léa tornou-se a primeira pessoa na Torá a expressar gratidão a D’us. “Yah hu Dah”, significa obrigada. Por isto o Talmud afirma que “desde a Criação do mundo, ninguém havia agradecido a D’us, até que veio Léa e agradeceu ao Senhor”.

Na Cabalá, Léa é o símbolo da dpia “Biná”, o mundo da energia escondida, da dimensão da mente, do espírito, da compreensão e da Neshamá. Ela representa o poder da mais profunda devoção. Sua grandeza permitiu-lhe ser mãe de Levi, do qual descenderam os que iriam servir a D’us no Seu Templo, os Cohanim e os Levitas. De Judá, seu quarto filho, descenderam os reis, incluindo o Rei David, e descenderá, no futuro, o Messias.

Os textos sagrados não mencionam quando Léa morreu, mas apenas que foi enterrada na Caverna de Machpelá.


Bibliografia:
Melamed, rabino Meir Matzliach,
A Lei de Moisés

parasha vaiets

PARASHÁ VAIETSÊ ` v i e

O Segredo da Fusão das Pedras

Antes de se recolher à noite, Yaacov colocou doze pedras sob sua cabeça como um travesseiro. Milagrosamente, todas as pedras fundiram-se em uma. O Rei David também teve uma experiência semelhante de fusão de pedras quando as cinco pedras que ele colocou em seu estilingue para matar Golias todas se fundiram em uma. Por quê as pedras de Yaacov e do Rei David fundiram-se e que segredo elas guardam para nós? Nesta apresentação, o Rabbi Ginsburgh revela como a unificação da diversidade representada por essas pedras nos mostra o reconhecimento de que tudo, na verdade, resume-se a “D’us é Um”.


As Doze Pedras e as Doze Tribos

O versículo 28:11 na porção semanal da Torá Vaietsê descreve como Yaacov pegou pedras (no plural) para colocar debaixo de sua cabeça como um travesseiro. O versículo 28:18 refere-se somente a uma pedra, no singular, que Yaacov colocou sob sua cabeça. Esta aparente discrepância fez nossos sábios concluírem que as doze pedras que Yaacov colocou sob sua cabeça quando estava a caminho de Charan se fundiram em uma única pedra. Tanto no nível consciente ou inconsciente, o fato de Yaacov juntar doze pedras refere-se às doze tribos que ele trará a este mundo como resultado de seu casamento em Charan. Mais especificamente, a fusão das doze pedras refere-se à fusão das doze tribos. Esta unificação dos doze filhos de Yaacov ocorreu logo antes de sua morte. Em torno do leito de Yaacov, seus doze filhos proclamaram em uníssono:

Ouve Israel (o nome de Yaacov), A-do-nai é nosso D’us, A-do-nai é Um.

Os Patriarcas serviram a D’us no nível de Olam Há-Atzilut (“o mundo da emanação”). Eles estavam completamente anulados para D’us e serviram como condutores através dos quais D’us revelou a Si mesmo na terra. Os doze filhos de Yaacov estavam em um nível inferior, o nível de Olam Há-Briá (“o mundo criação”), no qual algum grau de autoconsciência existe.

Apesar de não estarem no mesmo nível de seu pai; as doze tribos declararam a ele, em seu leito de morte, que compartilhavam a total e perfeita fé de Yaacov no D’us Único. Com esta declaração, suas almas fundiram-se numa só.

Pai e Filho

A palavra hebraica para “pedra” é even, soletrada com pa` (alef, beit e nun). Isto é um acrônimo para: av ben, “pai filho”. Cada pedra é, a união de pai e filho.

O Rei David e as Cinco Pedras

O único outro exemplo na Bíblia de pedras fundindo-se em uma só é quando o Rei David mata Golias. Em Samuel: 1 17:40, David pega cinco pedras para colocar em seu estilingue. Aqui, também, as cinco pedras fundiram-se numa só.

Estatísticas Pétreas

Os números dessas pedras refletem um lindo fenômeno matemático que ilumina o sentido oculto desses dois eventos de fusão. Existe uma importante relação matemática entre 12 e 5. 12 ao quadrado é 144, enquanto 5 ao quadrado equivale a 25. 144 mais 25 é igual a 169, que é 13 ao quadrado. 13 é o valor numérico da palavra echad (“um”). Isto reflete a pluralidade das várias pedras transformando-se em uma.


A Unificação das Doze Tribos Refletidas em Echad

A palavra c g ` (echad) é soletrada com alef [1], chet [8], dalet [4]. Juntas o g e o c representam as doze tribos. Eles combinam com seu pai, Yisrael, representado aqui pelo ` em sua declaração de que D’us é Um. Os 12 filhos combinam com seu 1 pai para manifestar a unicidade de c g ` (echad) [13].



As Pedras no Estilingue de David Refletem Echad

Nossos sábios explicam que, duas vezes por dia, Golias zombava estrondosamente do acampamento de Israel. Ele sincronizava o momento de suas declarações de desprezo de modo a coincidir com os momentos de manhã e à noite em que os soldados israelitas recitavam a reza do Shemá Yisrael. Desta forma, Golias zombava não só dos soldados israelitas, mas também do D’us de Israel. Ele queria desmoralizar os Judeus pelo enfraquecimento de sua fé em seu D’us. O livro Tikunei Zohar explica que as cinco pedras que David colocou em seu estilingue representavam as primeiras cinco palavras do versículo:

Shemá Yisrael, A-do-nai E-lo-hê-nu A-do-nai Echad.

“Ouve, Israel, A-do-nai é nosso D’us, A-do-nai é Um”

O Um Completo na Criação

No livro Sefer Yetzirah, aprendemos que a realidade tem três dimensões: tempo, espaço e alma; a dimensão humana. Paralelamente a essas três dimensões, descobrimos que a palavra c g ` (echad) “um” é repetida três vezes no relato da criação.

A primeira menção de c g ` (echad) é em Gênesis 1:5

“e foi tarde e foi manhã, dia um”.

Neste versículo, c g ` (echad) se compara à dimensão do tempo.

A segunda menção de c g ` (echad) é em Gênesis 1:9

“Juntem-se às águas debaixo dos céus em um lugar”...

Neste versículo, c g ` (echad) se compara à dimensão de espaço.

A terceira menção de c g ` (echad) é em Gênesis 2:25

“Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma carne”.

Neste versículo, c g ` (echad) se compara à dimensão humana.


Significantemente, cada um dos versículos acima tem 13 palavras.

O primeiro versículo tem 49 letras:

םוי ,רקב יהיו ברע יהיו ;הליל ארק ךשחלו ,םוי רואל םיהלא ארקיו
.דחא


Vayikra Elohim laor yom velachoshech kara laylah vayehi-erev vayehi-voker yom echad.


O segundo versículo tem 52 letras:

;השביה ,הארתו ,דחא םוקמ לא םימשה תחתמ םימה ווקי ,םיהלא רמאיו
.ןכ יהיו


Vayomer Elohim yikavu hamayim mitachat hashamayim el-makom echad vetera'eh hayabashah vayehi chen.
E o terceiro versículo tem 43 letras:

.דחא רשבל ויהו ,ותשאב קבדו ;ומא תאו ויבא תא ,שיא בזעי ןכ לע



Al-ken ya'azov-ish et-aviv ve'et imo vedavak be'ishto vehayu levasar echad.

Juntos, esses três versículos têm 144 letras (12 ao quadrado). Isto representa a unidade manifesta nas três dimensões gerais da realidade de tempo, espaço e almas. Se pudermos encontrar um versículo com 25 letras (5 ao quadrado) para somar a esses três versículos, teríamos c g ` (echad) 13 ao quadrado. Espantosamente, o versículo de 25 letras que estamos procurando é:
.דחא הוהי ,וניהלא הוהי :לארשי ,עמש



Shemá Yisrael, A-do-nai E-lo-hê-nu A-do-nai Echad.
Ouve Israel, A-do-nai é nosso D’us, A-do-nai é Um.

Somando-se este versículo aos versículos correspondendo às dimensões gerais da realidade, teremos um conjunto de versículos que reflete a absoluta unicidade de D’us em todos os reinos da realidade criada. Este versículo se une com as três específicas e individuais manifestações de tempo, espaço e almas; para se transformar em 13 ao quadrado, uma perfeita e realizada interinclusão de 13 em 13. Cada detalhe manifesta o todo, enquanto o todo se torna uma bela e completa coleção que reflete que tudo, na realidade, é simplesmente “D’us é Um”.

Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg


RESUMO PARASHÁ VAIETSÊ ` v i e

Bereshit 28:10-32:3


Yaacov deixa sua terra natal Be’er Sheva e viaja para Charan. No caminho, ele encontra “o lugar” e dorme lá, sonhando com uma escada conectando o céu e a terra com anjos subindo e descendo sobre ela; D'us aparece e promete que a terra sobre a qual ele repousa será dada a seus descendentes. Pela manhã, Yaacov faz um altar com a pedra na qual apoiou sua cabeça durante o sono, jurando que ela se transformará na casa de D'us.

Em Charan, Yaacov mora e trabalha para seu tio Laban, pastoreando suas ovelhas. Laban concorda em dar-lhe em casamento sua filha mais nova Rachel, a quem Yaacov muito ama, como pagamento pelos sete anos de trabalho. Porém, na noite de núpcias, Laban lhe dá sua filha mais velha, Leah – um embuste que Yaacov só descobre pela manhã. Yaacov também se casa com Rachel uma semana depois, após concordar em trabalhar mais sete anos para Laban.

Leah dá à luz seis filhos, Reuben, Shimon, Levi, Judah, Issachar e Zebulun e uma filha, Dinah, enquanto Rachel permanece estéril. Rachel entrega a Yaacov sua serva Billah como esposa para que possa ter filhos em seu lugar e lhe nascem dois outros filhos, Dan e Naftali. Leah faz o mesmo com sua serva Zilpah, que dá à luz a Gad e Asher. Finalmente, as rezas de Rachel são atendidas e ela dá à luz a Yossef.

Yaacov morou em Charan por quatorze anos e deseja voltar para casa, mas Laban o convence a permanecer oferecendo-lhe ovelhas em pagamento por seu trabalho. Yaacov prospera apesar das repetidas tentativas de Laban de enganá-lo. Depois de seis anos, Yaacov sai às escondidas de Charan temendo que Laban o impeça de viajar com sua família e seus bens pelos quais ele trabalhou. Laban persegue Yaacov, mas é advertido por D'us em um sonho para que não lhe faça mal. Laban e Yaacov fazem um pacto sobre o Monte Gal-Ed, atestado por um pilar de pedras, e Yaacov se dirige a Terra Santa onde é recebido por anjos.
NA MESA DE SHABAT

Estudando Torá Neste Mundo:

Qual é o objetivo na vida de um judeu? Fazer deste mundo um lugar melhor. Isto significa uma conexão espiritual com D'us em todos os aspectos de nossa vida diária, e também a busca contínua para imergirmos nos maravilhosos ensinamentos da Torá.

Às vezes é muito difícil conseguirmos um equilíbrio saudável entre de um lado uma vida prática ativa e por outro lado sermos absorvidos nas idéias espirituais da Torá.

Algumas pessoas vão a um extremo, estando tão envolvidos em seus assuntos mundanos a ponto de nunca terem a paciência de abrirem um livro de Torá; outros vão ao outro extremo e tentam evitar todas as atividades práticas, declarando o estudo da Torá como sua única missão na vida.

Nossa Parashá nos oferece o exemplo de nosso grande ancestral Yaacov. Ele, em particular, representa o ideal do estudo da Torá. A Torá o descreve como “morando em tendas”, que os Sábios explicam como sendo as tendas do estudo da Torá [1]. Além disso, Avraham, Yitschak e Yaacov são descritos como representando os “três pilares sobre os quais o mundo se apóia: estudo da Torá, oração e boas ações” [2]. Avraham, manifestando bondade e hospitalidade, personifica as boas ações; Yitschak, que “rezou no campo” [3], personifica a oração; e Yaacov, aquele que “habita nas tendas do estudo”, personifica o estudo da Torá.

Apesar de Yaacov ser visto tão intimamente conectado com o estudo da Tora; em nossa Parashá nós o vemos trabalhando dia e noite com rebanhos, tentando cuidar de sua crescente família, que seria a base do Povo Judeu, com um sentimento de objetivo espiritual em sua dedicada atividade.

Sua esposa Leah também oferece uma visão mais profunda neste aspecto de seu caráter. Quando ela deu à luz ao seu sexto filho, ela o chamou de Zebulun, uma palavra que significa “moradia”. Ela disse: “agora que eu dei à luz a seis filhos, meu marido habitará comigo” [4]. Se Zebulun representa a moradia de Yaacov, nós poderíamos esperar que seu caráter espelhasse o de seu pai. Entretanto, a posterior tribo de Zebulun se distinguiu como homens de negócios que administravam frotas de navios e cuidavam de seus irmãos da tribo de Issachar que eram reconhecidos como estudiosos da Torá [5].

Nós esperamos consistência nos detalhes da Torá. Por que a pessoa que expressa a “moradia” de Yaacov é uma figura reconhecida por suas atividades comerciais em vez de sua erudição?

Estes pontos nos ajudam a ver um aspecto diferente de Yaacov. Certamente, ele representa a dedicação a Torá. Ainda assim, ele também é totalmente ativo no mundo. Nesta Parashá, nós o vemos trabalhando dia e noite, o que, na verdade, é uma característica necessária da vida judaica atual. Uma pessoa pode estar trabalhando em um negócio, fazendo dinheiro para ajudar à sua própria família e também à comunidade judaica como um todo. Ou ela poderia estar trabalhando de forma dedicada para administrar uma escola judaica, uma sinagoga, ou qualquer uma das organizações essenciais que requerem dedicação, perseverança e trabalho árduo para que possam existir.

Junto com seu dedicado esforço, a pessoa cria tempo em sua semana e em seu dia para o estudo da Torá e também para a oração devota. Quando estudamos a Torá, nós de fato representamos nosso ancestral Yaacov, morando nas tendas da Torá. Além disso, quando nós trabalhamos arduamente no mundo prático, nós também estamos seguindo o exemplo de Yaacov. Pela combinação de ambos os aspectos de nosso grande ancestral, nós vivemos uma vida equilibrada e movemos o Povo Judeu adiante para um futuro glorioso.

Então, com a chegada do Mashiach, nós seremos todos capazes de cumprir a idéia essencial da vida de Yaacov, o estudo da Torá, e todo o mundo será preenchido com o conhecimento de D'us, como as águas cobrem o mar [6].

Dr. Tali Loewenthal, Diretor do Chabad Research Unit, Londres

Tradutor: Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg

Referências:

1. Bereshit 25:27; ver Rashi.

2. Ética dos Pais 1:2, como explicado pelo Tzemach Tzedek em Or HaTorah, Bereshit I, p.136.

3. Ver Bereshit 24:63.

4. Bereshit 30:20, ver Rashi.

5. Ver Devarim 33:18, e Rashi.

6. Baseado livremente no Likkutei Sichot do Lubavitcher Rebbe vol. 30, pp. 134-40.

HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT


Início do Shabat (Sexta-feira).

6 de KISLEV de 5768 (16 de NOVEMBRO de 2007)


Acender as velas ANTES do horário indicado

Rio de Janeiro S. Paulo P. Alegre Brasília Belém Salvador
18:52 19:09 19:39 19:01 17:44 17:20



Final do Shabat (Sábado).

7 de KISLEV de 5768 (17 de NOVEMBRO de 2007)


Rio de Janeiro S. Paulo P. Alegre Brasília Belém Salvador
20:03 20:19 20:50 20:12 18:54 18:30


Na Sexta-feira, acenda as velas somente ANTES do horário indicado.
Ao ascender às duas velas kasher, primeira a da direita e depois a da esquerda, faz-se três movimentos circulares com as mãos, de fora para dentro em volta das velas, e em seguida cubra os olhos com as mãos e fale a seguinte bênção:

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner shel Shabat kodesh.

Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou acender a vela do sagrado Shabat.

Ato contínuo, descubra os olhos e mire as chamas das velas. Reflita sobre a alegria em receber o Shabat; agradecendo a D’us por todas as bênçãos e pelo mérito de podermos cumprir a sua vontade.