domingo, 11 de novembro de 2007

üarasha toledot

PARASHÁ TOLEDOT z e c l e z

Breshit: 25:19 – 28:9.
Haftarah: Ml.1:1- 2:7.

10 de Novembro de 2007 / 29 de Cheshvan de 5768.


Ytschak passou a maior parte de sua vida no sul da Palestina, nas cercanias de Gerar, Reobote e Bersheva. Era homem dado à meditação, conciliador, tranqüilo e até passivo. Sua vida parece ser ”apenas um eco da de seu pai”. Cometeu seus mesmos erros, porém buscou a D’us. Com a exceção do capítulo 26, Ytschak sempre ocupa lugar secundário no relato do Gênesis. Não obstante, foi homem de fé e obediência. Cumpriu o propósito de D’us para sua vida sendo guardião de suas promessas e transmitindo-as a Yaacov. Foi “um elo necessário” para cumprir o pacto feito com Avraham.

Nascimento de Yaacov e Essav, e a rivalidade entre ambos: Gn: 25:19-34. Rivka era estéril. Ao comparar-se o versículo 20 com o 26, vê-se que transcorreram 20 anos entre o casamento de Ytschak com Rivka e o nascimento de Essav e Yaacov. À semelhança do nascimento de José, de Sansão e de Samuel, o dos gêmeos ocorreu depois de um longo período de tristeza e oração. Foi dada a Rivka a profecia de que os dois filhos seriam fundadores de duas nações antagônicas: a nação que descenderia do mais velho serviria à nação do mais novo, ou dela dependeria. Neste caso D’us trocou o costume daquele tempo que favorecia o filho mais velho.

O termo “Essav” significa cabeludo e é o mesmo patriarca que depois é chamado “Edom”, ou seja, vermelho, por haver comido um guisado avermelhado, Gn: 25:30. Essav foi o antepassado dos edomitas que ocuparam a região ao oriente de Judá. A palavra “Yaacov” significa o que segura pelo calcanhar, porém mais tarde Essav o interpretou como o suplantador, Gn: 27:36. Essav converteu-se em hábil caçador seguindo uma vocação aloucada em emoções e aventuras. Era impulsivo e até generoso, mas sem domínio próprio e incapaz de apreciar os valores espirituais. É uma amostra do caráter do homem natural. Em notável contraste com Essav, Yaacov era homem pacífico que amava a vida do lar, eficiente no manejo dos assuntos da família, porém interesseiro, ardiloso e astuto no trato com os demais. Apesar disto, preocupava-o espiritualmente. A diferença entre os dois acentuava-se pelo fato dos pais mostrarem parcialidade, cada qual por um dos filhos e não aturem como “uma só carne”. O casamento planejado no céu não foi um êxito absoluto na terra porque os esposos falharam.

A venda da primogenitura por um prato de lentilhas revela que Essav não atribuía valor algum a ela, porque não tinha ideal fora da satisfação física imediata. Posteriormente desprezou o conceito de separação que seus pais tinham e se casou com uma pagã hetéia, Gn: 26:34. É denominado “profano”, porque significa carente de espiritualidade. Por outro lado, Yaacov anelava o espiritual, mas se enganou ao supor que era preciso algum ardil humano para colaborar com D’us no cumprimento de sua promessa. Os direitos e privilégios do primogênito, em geral abrangiam uma porção dupla da herança e da chefia da família durante a guerra e no culto. Neste caso incluía velar pelo pacto e perpetuar a linha messiânica.

Tábuas encontradas em Nuzu indicam que naquele tempo a primogenitura era transferível, e em um contrato dessa natureza um irmão pagou três ovelhas para receber uma parte da herança.

Ytschak abençoado em Gerar: Gn: 26. Este capítulo registra três tentações que Ytschak teve de enfrentar: abandonar a terra prometida em um período de fome, simular que Rivka não era sua esposa em um momento de perigo, e reagir violentamente à provocação dos filisteus. Falhou em uma das provas (segunda), porém saiu vitorioso nas outras duas. Por que D’us permitiu que ele fosse tentado da mesma maneira em que o fora Avraham? Quis dar-lhe a oportunidade de demonstrar se dependia da fé que seu pai possuía ou estava disposto a confiar nele mesmo, implicitamente, em D’us. Tinha de aprender as lições de fé e consagração. Cada nova geração tem de aprender por experiência própria o que D’us pode fazer por ela.

O mesmo temor de uma fome terrível em Canaã, que apanhou a Avraham de surpresa na geração anterior, por pouco não afligiu a Ytschak e o tentou a seguir o exemplo de seu pai. Mas o Eterno apareceu a Ytschak e advertiu-o de que não se mudasse para o Egito. As promessas que lhe fez era simplesmente uma repetição das já feitas a Avraham, Gn: 26:2-5. Rejeitaria Ytschak a perspectiva de beneficiar-se da abundância do Egito para alcançar as bênçãos invisíveis do futuro distante? Estaria disposto a perder as riquezas que seu pai havia acumulado? Atribuiria valor supremo ao espiritual?

Ytschak demonstrou que tinha a mesma índole de fé que Avraham, morando como estrangeiro na terra prometida. Sem dúvida alguma, perdeu muitas riquezas, mas D’us empregou estas perdas pra ensinar-lhe lições espirituais. Depois da prova, o Eterno o enriqueceu com uma colheita extraordinária e o abençoou, Gn: 26:12,13. Como Salomão, Ytschak podia dizer: A benção do Eterno é que enriquece, Pr: 10:22.

Na segunda prova, Ytschak cometeu o mesmo pecado em que seu pai havia caído, ao fingir que Rivka era sua irmã. Abimeleque descobriu-o brincando com sua esposa e esse descuido foi à evidência que D’us usou para proteger Rivka. O Abimeleque deste relato não era o Abimeleque da época de Avraham, pois parece que este nome era um título dinástico dos filisteus dessa região.

Os filisteus eram um povo comerciante do mar Mediterrâneo; a Palestina derivou deles o seu nome. Os filisteus da região de Gerar são provavelmente um dos primeiros habitantes que se estabeleceram em Canaã e não eram tão belicosos quanto os filisteus que viveram ali posteriormente.

A paciência de Ytschak foi grandemente recompensada por D’us. Teve a paz que desejava, não no estreito vale onde encontrou o primeiro poço, mas em um vale amplo e extenso onde havia muito território para ocupar. D’us apareceu-lhe, confirmando-lhe o pacto. Ytschak enriqueceu sua vida espiritual edificando um altar e invocando o nome do Eterno. Seus velhos inimigos procedentes de Gerar viram que o Eterno o estava abençoando. Chegaram procurando fazer aliança com ele e deram um extraordinário testemunho deste pacificador, Gn: 26:28. O relato nos mostra, pois, que D’us permite que seus filhos sofram perdas para dar-lhes algo melhor e para que se destaque seu caráter no caráter deles.

Yaacov suplanta Essav: Gn: 27:1-40. O complô de Ytschak para entregar a benção a Essav e a contra-artimanha de Rivka e Yaacov põem em relevo a carnalidade da família toda. Cegado pelos impulsos carnais e pela parcialidade, Ytschak estava decidido a dar a Essav o que ele sabia não pertencer ao filho mais velho, segundo a profecia, Gn: 25:23. Essav, por sua vez, estava disposto a receber o que havia vendido por um prato de lentilhas. Rivka e Yaacov não estavam dispostos a deixar a situação nas mãos de D’us, nem a confiar que Ele fosse capaz de cumprir a promessa, mas quiseram contribuir com seus métodos carnais para a solução do problema. Como resultado, todos sofreram. Ao compreender que D’us havia prevalecido sobre seus planos, Ytschak se estremeceu. Essav desiludiu-se e se amargurou contra Yaacov. Devido às ameaças formuladas por Essav, Yaacov teve de imediatamente abandonar o lar que ele tanto amava e dirigir-se a uma terra estanha. Aqui sofreu muito sob a mão corretora do Eterno. Rivka, por sua vez, teve de despedir-se do filho amado para não mais vê-lo; morreu antes que ele voltasse.

É interessante analisar as três bênçãos que Ytschak pronunciou:

a. A benção transmitida a Yaacov, Gn: 27:27-29. Revela que Ytschak pensava na parte material que Essav desejava, pois não mencionou as promessas mais importantes que D’us havia feito a Avraham. Pediu somente à riqueza que nasce dos campos, o senhorio sobre seus irmãos e sobre os cananeus.

b. A bênção dada a Essav, Gn: 27:39, referia-se principalmente aos descendentes deste: os emitas. Estes habitariam onde era difícil cultivar a terra, fora da Palestina fértil. Transformariam suas relhas de arado em espadas para viver da rapina como bandoleiros. Se submetessem Israel seriam libertados dessa situação. Historicamente se cumpriu, pois Israel dominou a Edom desde a monarquia em diante Nm: 24:18; II Sm: 8:13-14; I Rs: 11:15-16, e Edom se livrou de Israel pouco a pouco II Rs: 8:20-22; Ez: 35:3.

c. A bênção que Ytschak transmitiu a Yaacov quando este estava para dirigir-se a Padã-Arã Gn: 28:3-4. Foi à verdadeira bênção de Avraham porque incluiu tanto a terra como a descendência. Na visão de Betel, D’us mesmo acrescentou a promessa messiânica, Gn: 28:14. Desde esse tempo Yaacov foi o herdeiro da Aliança.

Yaacov vai a Mesopotâmia: Gn: 27:41 – 28:9. Motivada em parte pelo medo do que pudesse Essav fazer a Yaacov se este permanecesse em casa e em parte pelo interesse de que Yaacov não se casasse com uma cananéia, Rivka animou Ytschak a enviar Yaacov à casa de Labão em Padã-Arã. Quando Yaacov deixou a casa, Ytschak animou-o comunicando-lhe a bênção da aliança e aconselhado-o a buscar uma esposa que fosse digna de compartilhar as bênçãos Divinas.

Atentando para todo o enredo, tiramos uma bela lição, não desvirtuarmos em hipótese alguma daquilo que escrito está, devemos apenas fazer e viver nos caminhos que o Eterno já delineou.

Shabat Shalom !
MSc. Moshe ben Mazal

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