quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

PARASHÁ SHEMOT ze n y

Parashah – SHEMOT – Ex.1:1-6:1
Haftarah – Is.27:6 –28:13; 29:22,23

19 de TEVET de 5768 / 28 de DEZEMBRO de 2007



D’us suscita um líder.
Servidão no Egito: Transcorreram aproximadamente trezentos anos desde a morte de Yoseef. Os 70 hebreus que haviam se radicados no fértil delta do rio Nilo multiplicaram-se em centenas de milhares. Mas o povo israelita, outrora objeto do favor de Faraó, é agora escravo temido e odiado do rei egípcio.

A situação política mudou radicalmente no Egito. Os hicsos, povo que havia ocupado o país durante quase dois séculos, foram expulsos, e o Alto Egito e o Baixo Egito voltaram a unificar-se. O Egito chegou ao apogeu de seu poderio militar e se inicia um grande programa de construção de cidades de depósito. Uma nova família de faros assenta-se no trono egípcio e os serviços que Yossef prestou ao Egito constituem apenas uma modesta lembrança do regime odiado que desapareceu. Não há gratidão para com os hebreus nos corações egípcios. Vêem com alarma o assombroso e sobrenatural crescimento da população israelita. Converter-se-ia gósen em uma via de entrada para conquistadores estrangeiros? Aliar-se-iam os israelitas e invasores para derrotar os egípcios? Por outro lado, Faraó não quer que os hebreus se retirem. Com dureza os obrigará a servir como escravos e desse modo os diminuirá em numero; ao mesmo tempo se valera deles para realizar a construção de obras publicas. Faraó organiza os hebreus em grupos sob capatazes para tirar barro e fazer tijolos, construir edifícios, canais e prepara fossos, para irrigação.

Porque o Eterno permitiu que seu povo fosse tão cruelmente oprimido? Queria que nascesse neles o desejo de sair do Egito. É provável que os israelitas estivessem tão contentes em Gósen que se houvessem esquecido do concerto abrâmico pelo qual D’us lhes havia prometido a terra de Canaã. Além disso, alguns dos israelitas apesar de viverem em Gósen separados dos egípcios, começaram a praticar a idolatria (Js.24:14;Ex.20:7,8). Tão grande foi sua decadência espiritual que o Egito se converteu em símbolo do mundo e os israelitas chegaram a representar o homem não regenerado. Era preciso algo drástico para sacudi-los a fim de que desejassem retornar à terra prometida.

Não obstante, D’us frustra o plano de Faraó. Quanto mais os egípcios oprimem aos hebreus, tanto mais se multiplicam e crescem. A tentativa de exterminar os hebreus matando os recém-nascidos do sexo masculino e conservando a vida das meninas pensando que elas se casariam com egípcios e assim perderiam sua identidade racial. A situação dos israelitas tornou-se grave. Para sobreviver como raça necessitavam de um libertador.

A preparação de Moshê: Ex.2. Moshê figura junto a Avrahan e David como um dos três maiores personagens do Tanach. Libertador, dirigente, mediador, legislador, profeta, foi, sobretudo um grande homem de D’us. Quase se pode dizer que o livro de Êxodo é a história de um homem, do homem Moshê que representa o ponto central em torno do qual gira a crise do plano da redenção. No coração dele verifica-se o conflito, ele recebe a comunicação de D’us para o povo e sobre ele pesa toda a carga das peregrinações. É ele quem recebe o golpe da critica do povo, pois se acha como mediador entre o povo e D’us e intercede perante D’us a favor deles.

Moshê narra o começo de sua história com tanta simplicidade e modéstia que nem mesmo menciona o nome de seus pais. São notáveis os fatores que D’us empregou para livrar o futuro libertador mediante a pequena arca: o amor perspicaz de Joquebede, a mãe, o choro do nenê, a compaixão da princesa e a sagacidade de Miriã, irmã de Moshê. A seguir D’us fez mais do que os pais esperavam, pois lhes devolveu o menino para que o criassem e a mãe foi paga por seu trabalho.

D’us preparou a Moshê para ser líder e libertado de seu povo. A mão divina evidencia-se passo a passo:

- Moshê foi criado em um lar piedoso, pelo menos durante os primeiros cinco ou sete anos de sua vida, e assim aprendeu a ter não somente fé em D’us mas também simpatia e a mor por seu povo oprimido.

- Foi educado no palácio do Egito, põe-se em relevo a providência divina em que por meio do decreto de matança Moshê foi conduzido ao palácio. Ali recebeu a melhor educação que o maior e mais culto império daquele tempo oferecia. A permanência no palácio não somente contribuiu para faze-lo “poderoso em suas palavras e obras” mas também o livrou do espírito covarde e servil de um escravo. A filha de Faraó foi possivelmente, Hatsepute que, segundo a tradição judaica, era casada mas não tinha filhos e desejava ardentemente ter um filho.

- Adquiriu experiência no deserto. Aos 40 anos de idade, Moshê identificou-se com o povo israelita e procurou libertá-lo por suas próprias forças, mas nem Moshê estava preparado para libertá-lo, nem o povo para ser libertado. Parece que Moshê dava mostras de arrogância, provocando a pergunta: “Quem tem posto a ti por maioral e juiz sobre nós?” Como pastor, Moshê aprendeu muitas lições que o ajudariam a governar com paciência e humildade os hebreus, pois como as ovelhas, eram embrutecidos, indefesos e não sabiam cuidar de si mesmos. Conheceu também o deserto através do qual guiaria a Israel em sua peregrinação de quarenta anos. Alem disso teve comunhão com D’us e chegou a conhece-lo pessoalmente. Ali aprendeu a confiar nele e não em sua própria força.
Chamamento e comissão de Moshê: Ex.3-4. Moshê foi chamado enquanto pastoreava ovelhas no sopé do monte Horebe ou Sinai. O fogo na sarça simbolizava a presença e santidade purificadora de D’us (Gn.15:17; Dt.4:24), e a sarça talvez representava a Israel em sua baixa condição. Como a sarça ardia sem consumir-se, assim Israel não foi consumido no forno da aflição. D’us revelou a Moshê a compaixão que sentia pelo povo oprimido e depois delineou os pormenores de seu plano para libertá-lo.

Moshê estava pouco disposto a aceitar a comissão de D’us. Respondeu com quatro escusas:

- Quem eu sou, que vá a Faraó?

- Em nome de quem me apresentarei diante de meu povo?

- Os israelitas não vão acreditar que eu sou o mensageiro de D’us.

- Não tenho facilidade de palavras.

Contestadas suas escusas, Moshê aceitou seu chamado e nunca mais olhou para trás. De imediato deu início à sua missão voltando ao Egito. O acontecimento segundo o qual D’us quis matar a Moshê (Ex.4:24-26) provavelmente fazendo–o enfermar a ponto de morrer, explica-se como uma advertência para circuncidar a seu filho. D’us não faz acepção de pessoas e os grandes servos de D’us devem obedecer-lhe tanto como os demais. “Se Moshê se tivesse apresentado perante o povo israelita sem haver circuncidado a seu filho, sem haver cumprido o Antigo Concerto, ter-se-ia anulado sua influência juntos deles”.

Aarão uniu-se a Moshê no caminho e juntos trouxeram aos anciãos a promessa de livramento e lhes demonstraram os sinais. Acendeu-se a fé entre os hebreus e, muito em breve outras pessoas de Israel receberam as notícias (possivelmente reuniões secretas) e se inclinaram perante D’us em louvor e adoração.

Shabat Shalom!

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