quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Parasha shemot

PARASHÁ SHEMOT ze n y

Shemot (do hebraico z e n y é este o nome da primeira palavra do texto) é o nome da segunda parte da Torá. Este livro trata da libertação de Israel do cativeiro no Egito, através das mãos de Moshê, profeta enviado por D’us para o resgate dos descendentes de Yaacov e para a edificação de uma nova religião baseada no cumprimento de mandamentos dados por este D’us.

Texto

Shemot é a continuação imediata dos eventos descritos em Bereshit. Com ênfase na eleição divina do povo de Israel, descendentes de Yaacov, o texto inicia-se com a escravização dos israelitas pelas mãos dos egípcios que temem o seu aumento populacional. Moshê é o homem escolhido por D’us para libertar o povo deste cativeiro, executando diante de todos sinais e prodígios que culminam na libertação do povo, que segue para a conquista da Terra Prometida. Moshê institui a religião israelita e recebe de D’us os mandamentos para obediência do povo. O texto é comumente dividido em onze parashot (porções) cuja divisão servem para a leitura semanal do texto nas sinagogas acompanhadas das haftarot. Assim a primeira narrativa de Shemot é:


A filha do faraó, Batia encontra Moshê (Edwin Long)

A porção inicia com a descrição da convivência dos filhos de Yaacov (Jacó) na terra do Egito para onde haviam migrado devido à carestia que assolava a região do Oriente Médio. Após muitos anos, um novo faraó temendo o aumento populacional da população israelita, submete estes a duros serviços e institui leis que ordenam a morte de todo recém-nascido do sexo masculino. Um destes recém-nascidos, Moshê (Moisés) tem a vida poupada e lançado no rio Nilo é resgatado pela filha de faraó, Batia, que o adota como filho. Após crescer, Moshê acaba presenciando um ato de agressão de um egípcio contra um israelita, e acaba matando o egípcio, o que leva a fugir para a região de Midian onde conhece Yitrô (Jetro) e casa-se com a filha deste, Tsipora (Zípora).

No exílio, D’us revela-se a Moshê através de uma sarça ardente e lhe incumbe de libertar os israelitas do cativeiro no Egito. Moshê ganha a capacidade de realizar eventos miraculosos, e retorna para o Egito.

A haftará desta parashá é :

· para os Ashkenazi: Isaías 27:6–28:13 & 29:22–23
· para os Sefaraditas: Jeremias 1:1–2:3


Nossos Nomes

"E esses são os nomes dos filhos de Israel". Com estas palavras, começa o segundo livro da Torá, "O livro da Escravidão e da Liberdade", como é chamado pelo comentarista Ramban (na introdução ao seu comentário de Sefer Shemot).

Qual será a relação entre nomes e salvação?

Shem, em hebraico, é nome. Como verbo, existe na forma de "chamar um nome" - em português seria dar um nome. Uma das primeiras atividades de Adan, ainda no Gan Éden, foi esta ação de dar nome a todos os animais que encontrava. O que há de tão especial em dar nomes para que a Torá nos conte este detalhe da vida de Adan, com se fosse alguma coisa excepcional?

Antes de responder a esta pergunta, vamos observar um fato interessante: a primeira pessoa a receber seu nome nesta parashá é o próprio Moshê. Ele recebe seu nome de sua mãe adotiva, a filha de Paróh. E o mais interessante é o nome que ela deu ao menino: "Moshê, porque ela o tirou das águas". Esta frase dá lugar a muitos comentários. Primeiro, porque o nome Moshê veio da raiz MaSh, como a própria princesa disse, e MaSh quer dizer separar com força, diferenciar, tirar, e suas duas letras são as mesmas que a palavra Shem só que em ordem inversa.

Aparentemente, começamos a entender que esta ocupação dos homens da Bíblia em dar nomes adequados a tudo tem muito mais que um sentido simbólico. Colocar um nome em algo torna aquela coisa diferente. Antes, era uma coisa igual a muitas outras, agora é possível relacionar-se com ela, chamá-la, especificá-la. Esta coisa que tem nome passa a ressaltar entre todas as outras coisas do seu gênero. Mas, para os homens da Bíblia esta atividade não tinha por objetivo apenas criar um ponto de referência, lugares memoráveis ou acontecimentos dignos de serem lembrados. Para eles, colocar o nome era indicação de que eles se aprofundaram na essência do objeto e, entendendo a sua característica essencial, souberam então adaptar o nome que indicava melhor que qualquer outro a sua personalidade, sua alma, sua particularidade. Quem tem este tipo de nome é chamado vivo na Bíblia, isto é, vida para a Torá, ter um nome, o que indica uma personalidade, uma razão de ser.

Podemos entender, portanto, porque Adan se ocupava tão diligentemente em dar nomes aos seres que o rodeavam. Tanto que D'us criou Adan apenas para dar nomes nos animais e só aqueles que recebiam nomes eram chamados vivos [vide Bereshit, 2:19]. Quando terminou esta tarefa, dividindo os animais em categorias zoológicas, entendeu que não existia entre todas as criaturas ser algum que lhe servisse de par [Ibid, 2:20]. Ao ser que cumpriu, depois, essa função, sua esposa, ele deu um nome que expressa a sua característica de ser a mãe da humanidade – Chavá, da raiz chaim, vida, um nome que praticamente dá vida.

Esta é a razão pela qual nossos pais se ocupavam também em dar nomes. Não só a pessoas, mas também a lugares, como Avraham ao Har Hamoria [Bereshit, 22:14], Itschac aos poços que o pai dele cavara [Ibid, 26:18], Iaacov dando o nome de Bet El (casa de D'us) à cidade de Jerusalém [Bereshit, 28:19], Hashem à cidade de Bavel [Ibid, 11:9], as matriarcas aos seus filhos [Ibid, 30], Moshê ao seu filho [Shemot, 2:22], Chana ao seu filho Shemuel [Shemuel I, 1:20], David a Shlomo [Shemuel II, 12:24-25], o homem a Hashem [Bereshit, 4:26], D'us aos patriarcas e assim também eles a D'us: Avraham [Ibid, 21:23], Itschac [Ibid, 26:25] e Iaacov [Ibid, 33:20].

Moshê recebeu o nome de quem o reconheceu e entendeu, a filha de Paróh, tanto que ao ver o bebê pela primeira vez ela disse "Este é dos filhos dos Hebreus" [Shemot, 2:6], e o nome que ela lhe deu ficou como o único nome dele - Moshê, porque indica a capacidade de separar, de salvar, de descobrir algo encoberto até agora, de tirar um povo inteiro do Egito, e, assim, de dar uma vida a uma nação, o povo de D'us.

Dar um nome é uma ação criativa, que denota uma pequena profecia, um momento de inspiração, uma vontade de dar vida e personalidade. Por isso, o valor do nome hebraico é tão grande e sagrado. Esta é a razão pela qual os Nossos Sábios dizem que um nome dado pelos pais na hora do Brit, o zeved habat (fadas), é santo e que não deve-se mudar.

Isto explica a intenção do famoso Midrash trazido por Rashi que conta que os Iehudim no Egito não mudaram sua língua, vestimenta e nomes [Vaikra Raba, 32], Não era fruto de uma mentalidade simples, tradicionalista, senão que eles optaram por guardar o passado o que assegura, melhor de que qualquer outro instrumento, um glorioso futuro.

Guardemos, portanto, os nossos nomes para dar aos nossos filhos sua essência particular, sua personalidade, suas vidas.

Bnei Akiva

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