quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

PARASHÁ SHEMOT ze n y

Ao relatar a primeira revelação de D’us a Moshê — o milagre da sarça ardente —, a Torá nos conta: “Um anjo de D’us apareceu a ele em uma sarça flamejante”.Ele viu — espere, a sarça ardia em fogo, mas a sarça não se consumia. Moshê pensou, ‘eu vou me virar e observar este grande sinal’... D’us viu que ele se virou para ver e D’us o chamou.”“.

Por que Moshê mereceu ser chamado por D’us? Porque “ele se virou para ver”.Todos nós vemos sinais extraordinários de tempos em tempos, pois tudo, desde uma folha levada pelo vento até os movimentos geopolíticos das nações, é governado pela Providência Divina. Freqüentemente, esta Providência se revela tão abertamente que nos espantaríamos se prestássemos a devida atenção a ela. Mas, o que costuma ocorrer? Nós passamos por ela sem lhe dar a menor importância.

Nós temos nossas preocupações, às quais atribuímos grande importância. Elas nos cegam, nos deixando indiferentes a tudo mais. Nós esperamos que o padrão habitual de nossas vidas prossiga e esta expectativa governa a maneira de olharmos o mundo.

Não antecipamos ou ansiamos grandes mudanças. Ao contrário, estamos satisfeitos com o ontem e esperamos que hoje seja exatamente da mesma forma. Esta mentalidade nos impede de entender o quão diferente “hoje” é.

Moshê também tinha preocupações e padrões habituais. No entanto, ele tinha sensibilidade para “se virar e ver”.Ao presenciar algo extraordinário, ele estava pronto para deixar esta revelação tomá-lo por completo. Isto era o que D’us procurava.

Com freqüência, um líder é muito ocupado, muito preocupado. Ele não demonstra flexibilidade mental para apreciar o que uma pessoa oferece ou o que uma situação traz. Ele tem um plano e este deve ser executado de qualquer maneira.

Um “Moshê” pode parar. Ele está preparado para mudar seu plano de ação. Ele não é tão obcecado por seu modo de pensar que não possa aprender algo novo.

A lição da Torá Escrita é reforçada por um insight da Tradição Oral. O Midrash pergunta: “Por que Moshê foi para a montanha para ver a sarça ardente?” E responde que ele estava atrás de uma ovelha que fugira. Como pastor do rebanho de Yitró, ele era responsável não pelo rebanho todo, mas também por cada uma das ovelhas. Ao notar que uma havia sumido, ele foi atrás dela.

Esta ovelha o levou à sarça ardente.

Esta não foi uma seqüência acidental. D’us estava procurando um líder para Seu povo. Ele queria alguém que se preocupasse não só com o povo todo, mas com cada indivíduo, alguém que cuidasse das necessidades pessoais de cada um. E, assim, Ele testou Moshê.

Sem dúvida, cada indivíduo deve fazer sacrifícios pelo bem da sociedade como um todo. Mas estes devem ser feitos de boa vontade, não impostos. O que pedir a uma pessoa, e como pedir — ou, mais precisamente, como criar um ambiente em que a pessoa ofereça sem ser solicitada — são os desafios de um líder. D’us estava procurando um líder que não fizesse essas escolhas de maneira insensível, mas que pensasse sobre cada indivíduo como se estivesse pensando em si próprio. E assim, quando Moshê correu atrás da ovelha, D’us lhe mostrou a sarça ardente.

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