OM DIA! Já pensaram em por que não conseguimos manter um sentimento de alegria depois
de finalmente atingirmos alguma meta material? Mel Fisher, um dos mais famosos caçadores de tesouros
submersos (EUA, 1922-1998), passou 14 anos de sua vida procurando tesouros afundados e realmente os
encontrou! Depois da alegria imediata, sentia-se deprimido e ... imediatamente começava uma nova
‘caçada’. Porque nos esforçamos para conseguir mais e mais coisas em nossas vidas, mas freqüentemente
não as achamos satisfatórias?
Eis um trecho do livro Dearer Than Life – Making Your Life More Meaningful (Mais Precioso
que a Vida – Tornando sua Vida mais Significativa), publicado com a autorização do autor, o Rabino
Abraham J. Twerski. Creio que nos ajudará a melhor focalizar o assunto:
“A Cultura Ocidental parece considerar a felicidade como meta final da vida e define
felicidade como estarmos livres de qualquer aflição ou tormento e ‘curtirmos’ todos os prazeres que
apareçam pela frente. Este com certeza não é o conceito da Torá, que considera a vida humana como
tendo um objetivo, uma missão, com cada pessoa tendo uma razão para sua existência e ferramentas
específicas para desempenhar o seu papel neste mundo.
Se estar contente fosse a única coisa a se procurar na vida, então uma pessoa dotada de
inteligência e capacidade seria contra-produtiva. Vacas num pasto são com certeza mais contentes do
que seres humanos sofisticados. Procurar sentido em meramente ‘estar contente’ dificilmente
beneficiaria uma pessoa inteligente.
Para que uma pessoa tenha auto-estima e senso de valor, a vida precisa ter um
significado. De fato, significado e valor são características inseparáveis.
‘Estima’ vem da palavra latina que significa avaliar ou estimar. Vejamos qual é a base da
auto-estima e como atribuímos valor às coisas:
Se olharmos em volta para os todos os objetos de nossas casas veremos que, com exceção
de alguns objetos de valor sentimental, avaliamos as coisas por uma de duas razões: estética ou
funcionalidade. Podemos ter um belo relógio de parede de nossos avós, cujo mecanismo está quebrado
há muito tempo e não dá para ser reparado, porém o mantemos em casa porque é uma peça de
mobília atraente e embeleza o lar.
Entretanto, se o abridor de latas quebrar, sem sombra de dúvida nos livraremos dele. Já que
não tem nenhum valor estético e não serve ao seu propósito funcional, não tem mais valor algum para
nós.
Apliquemos agora este mesmo critério a nós mesmos. Talvez haja algumas poucas pessoas
que são tão atraentes que podem ser consideradas ‘ornamentais’, mas a maioria de nós não pode
realmente pensar de si própria como tendo um grande valor estético. Isto nos deixa apenas com a
funcionalidade como base para nos avaliarmos. E aí surge a grande questão: Qual é a nossa função?
Para que propósito servimos?
Enquanto um hedonista pode, ao menos temporariamente, gratificar seus desejos físicos, será
que conseguirá encontrar um sentido em estar contente por toda sua vida? O que pode o hedonista
fazer quando a questão existencial de encontrar um propósito na vida intrometer-se em sua
consciência? Freqüentemente seu único recurso será tentar se distrair destes tipos de pensamento,
muitas vezes entorpecendo sua mente com vários tipos de abuso, para esquecer o atormentante
sentimento de insignificância”.
Então, se não existe um significado ou sentido intrínseco no conforto, como pode uma pessoa
preencher sua vida com um verdadeiro significado? Uma das respostas é: Se nos perguntarmos pelo
que vale a pena morrer, teremos um melhor entendimento de ‘pelo que vale a pena viver’.
E a grande surpresa: inevitavelmente será uma meta espiritual! Transformarmo-nos de criaturas
terrenas em entidades espirituais, imitando o Todo-Poderoso, aperfeiçoando o mundo, fazendo atos de
bondade.
O livro do Rabino Twerski explora as peças deste quebra-cabeça e esclarece o caminho para
tornar nossas vidas mais significativas e termos maior satisfação. Está disponível em
www.artscroll.com/Products/DEAH.html.
Porção Semanal da Torá: Vaiehí Bereshit (Gênesis) 47:28- 50:26
Esta porção semanal começa com Yaácov em seu leito de morte, 17 anos após ter chegado ao
Egito. Yaácov abençoa os dois filhos de Yossêf, Menashe e Efraim. (Ainda hoje costumamos abençoar
nossos filhos todo Shabat à noite, com a bênção “Possa o Todo-Poderoso fazê-lo como Efraim e Menashe”
-- ambos cresceram na Diáspora sob influências estranhas e, mesmo assim, continuaram devotos à Torá).
Depois abençoa os demais filhos, individualmente, com bênçãos que são também proféticas e os censura
quando necessário.
Uma grande comitiva da corte do Faraó acompanha a família a Hebron para enterrar Yaácov na
Maarát HaMahpelá, a caverna comprada anteriormente por Avraham. A porção semanal encerra-se com o
falecimento de Yossêf e sua exigência para que os Israelitas tragam seus restos mortais com eles para ser
enterrado em Israel quando fossem salvos e retirados da escravidão do Egito. Assim acaba o livro de
Bereshit!
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
Antes do falecimento de Yaácov, a Torá nos conta: “E Yaácov (Jacob) chamou seus filhos e disse:
‘Reúnam-se e vou lhes contar o que irá ocorrer no final dos tempos (quando o Povo Judeu será redimido da
Galut, o exílio)’ (Bereshit, 49:1)”. O que Yaácov quis dizer com a expressão ‘Reúnam-se’?
Quando disse a seus filhos para se reunirem, Yaácov quis dizer que deveria haver ahdut, unidade,
entre eles. Somente quando há unidade entre os descendentes de Yaácov é que ocorrerá a redenção. Se
ainda não há unidade, ainda não chegou a hora da redenção.
Com isto podemos entender porque os irmãos de Yossêf disseram a ele que antes de falecer, seu
pai Yaácov pediu que os perdoasse. Em nenhum lugar a Torá relata que Yaácov pediu a Yossêf que
perdoasse seus irmãos. Entretanto, o Rabino Yeshaia Hurwitz (Polônia, 1560-1630), conhecido pelo
acrônimo de Shlah [pela autoria do livro Shnei Luhót Habrit (As Duas Tábuas da Lei)], escreveu que a
resposta pode ser encontrada em nosso versículo, onde Yaácov pediu aos irmãos para se reunirem. O que
Yaácov estava pedindo a todos eles, inclusive Yossêf, era por unidade e pelo profundo amor que surge da
unidade. Onde há amor, existe perdão.
Este é um tema crucial em nossos tempos. As pessoas são muito diferentes umas das outras em
vários sentidos. Entretanto, se todos os descendentes de Yaácov perceberem o quão importante é haver
ahdut, esta unidade trará um amor que transcende as reclamações específicas de uma pessoa contra a
outra e tornará nossas vidas muito mais agradáveis e harmônicas.
domingo, 23 de dezembro de 2007
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