domingo, 24 de fevereiro de 2008

parasha kitisa

PARASHÁ KI TISSÁ `y z ik
O Bezerro de Ouro Purificado:
Liderança Equilibrada ou Uma Crise de Liderança
O tópico principal assunto desta porção semanal da Torá (Ki Tissá) é o pecado do bezerro de ouro, que é considerado o pior pecado do povo Judeu. Os comentaristas explicam que o povo não pretendia criar um substituto para D’us. Em vez disso, eles colocaram um falso líder – o bezerro – no lugar de Moshê, o qual erroneamente acreditaram que os tivesse abandonado. Assim, o pecado arquétipo do povo como um todo é o de seguir uma falsa liderança.
Purificação do Pecado da Falsa Liderança
Mesmo que os pecados sejam resultados de nosso livre arbítrio, existe uma razão mais profunda porque D’us permite que eles aconteçam. No caso do pecado do bezerro de ouro, a lição profunda que aprendemos deste pecado é a de que não importa quão longe tenhamos saído do caminho ou quão profundamente tenhamos caído, sempre podemos retornar a D’us.
Existe um verdadeiro líder em toda geração. Ele é chamado o Moshê da geração. O mais profundo retorno a D’us acontece através de conexão e identificação com o Moshê da geração, o qual recebe inspiração e instrução diretamente de D’us e fortalece nossa própria conexão com Ele.
Purificação Intrínseca
Nossos Sábios explicam que a expiação pelo pecado do bezerro de ouro era através da vaca vermelha – como se a vaca-mãe estivesse reparando o pecado de seu bezerro. Disto aprendemos que a purificação vem do próprio bezerro. Existe algo inerente no bezerro que pode causar a transformação do mau bezerro da falsa liderança no bezerro puro e sagrado da liderança da Torá.
Transformação Meditativa
Todo fenômeno negativo pode ser transformado em um fenômeno positivo correspondente através da meditação em sua essência. A essência está sempre relacionada ao nome em Hebraico do fenômeno. O nome em Hebraico
do fenômeno é o poder Divino pelo qual ele é continuamente recriado, em todo instante.
A Raiz de "Bezerro"
A palavra em Hebraico para "bezerro" l b r é egel, soletrado ayin, gimel, lamed. Esta raiz em Hebraico significa "redondo". A forma arredondada é um fenômeno neutro. Ela pode ser tanto positiva quanto negativa.
A forma redonda negativa existe quando uma pessoa segue os ciclos da natureza, sem reconhecer a Divindade e a Providência Divina no mundo. A palavra em Hebraico para "natural", teva, é também circular e significa "anel". Divindade e o caminho da Torá significam retidão. Se a pessoa está imersa somente nos ciclos da natureza, ela irá girar continuamente e jamais penetrará os limites do círculo. Este círculo também pode ser um círculo político negativo.
A forma redonda positiva é o movimento espiralar contínuo que está sempre
ascendendo em direção à Divindade.
Outra palavra com a raiz ayin, gimel, lamed l b r é agalah, "carroça". Uma carroça é qualquer tipo de veículo. A conexão óbvia da carroça à forma arredondada é as rodas giratórias.
Em Hebraico, existem sete sinônimos para o conceito de "estrada". O sétimo sinônimo para "estrada" é ma’agal, "circuito", cuja raiz também é l b r ayin, gimel, lamed. A mais importante aparição da palavra ma’agal está no Tehilim 23, "ma'aglei tzedek", no qual o Rei David suplica a D’us para levá-lo a caminhos circulares justos. A palavra tzedek, "retidão", sempre aparece em conjunção com malchut, "reinado" Sendo ma’agal o sétimo sinônimo para "estrada", ele também corresponde a "reinado". O reinado purificado é o caminho circular purificado. O Reinado precisa penetrar os ciclos e purificá-los.
Bezerro ou Jóias do Tabernáculo
A próxima palavra com a raiz l b r ayin, gimel, lamed é agil, que significa "brinco". Jóias podem ser negativas ou sagradas. Se forem usadas para aumentar a vaidade, elas são negativas e refletem o bezerro de ouro, o qual
foi feito parcialmente do ouro das jóias das mulheres no deserto. A purificação do bezerro de ouro foi à construção do Tabernáculo, cujos utensílios de ouro também foram feitos das jóias das mulheres. Quando as jóias revelam a verdadeira graça da mulher justa, isto é sagrado e reflete o santo Tabernáculo.
O Senso de Equilíbrio Purificado
Brincos podem ser usados na orelha, p f ` ozen em Hebraico. A raiz de ozen - alef, zayin, nun – significa "equilíbrio". Os dois brincos são como uma balança em perfeito equilíbrio.
Na Bíblia, a palavra ma’agal é usada em conjunto com a palavra pa’les, que significa "pesar" ou "equilibrar". Para que possamos purificar o bezerro, devemos conduzir (a palavra em Hebraico para "motorista" que também significa "líder") a carroça de maneira adequada ao longo das curvas da estrada. Um pré-requisito para uma direção firme, particularmente nas curvas, é um bom senso de equilíbrio.
Este é o segredo da purificação do bezerro de ouro. Com este senso de equilíbrio interior, o líder purificado tem um instrumento essencial com o qual atravessará os perigosos caminhos circulares do mundo e liderará seu povo à era Messiânica.
Rabbi Yitzchak Ginsburgh
Tradutor: Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg
RESUMO DA PARASHÁ KI TISSÁ:
A Parashá Em Uma Clipá (Casca) de Noz
SHEMOT: 30:11 – 34:35
O Povo de Israel é instruído a contribuir exatamente com meio shekel de prata para o Santuário. Instruções também são dadas relação à construção da pia de cobre do Santuário, ungindo-a de óleo e incenso. Sábios artesãos Betzalel e Ahaliav são encarregados da construção do Santuário e o povo é, mais uma vez, ordenado a observar o Shabat.
Quando Moshê não retorna quando esperado do Monte Sinai, o povo faz uma
Bezerro de Ouro e o adora. D’us propõe destruir a nação errante, mas Moshê intercede em seu nome. Moshê desce da montanha carregando as Tábuas do Testemunho gravadas com os Dez Mandamentos; vendo o povo dançando em volta de seu ídolo, ele quebra as Tábuas, destrói o Bezerro de Ouro e faz com que os principais culpados sejam mortos. Ele então retorna a D’us para dizer: "Se Tu não os perdoares, apague meu nome do livro que Tu escreveste".
D’us perdoa, mas diz que o efeito de seu pecado será sentido por muitas gerações. Primeiramente, D’us propõe enviar Seu anjo Gabriel junto com eles, mas Moshê insiste para o próprio D’us acompanhe Seu povo à Terra Prometida.
Moshê prepara um novo conjunto de Tábuas e mais uma vez sobe a montanha onde D’us reescreve o pacto nas Segundas Tábuas. Na montanha, a Moshê também é concedida a visão dos Treze Atributos Divinos de Misericórdia. Tão radiante é a face de Moshê ao retornar, que ele precisa cobri-la com um véu, o qual ele remove somente para falar com D’us e para ensinar Suas leis ao povo.
NA MESA DE SHABAT
A Vaca Vermelha
Incluindo a Todos
Muitos assuntos aparecem na Parashá desta semana [1]. Há a história do Bezerro de Ouro e de como Moshê implorou a D'us por perdão em nome de seu povo. Mas, antes destes importantes eventos, há uma passagem que poderia passar despercebida e que nos fala algo sobre como a Torá vê a comunidade judaica. Isto está relacionado à preparação do formoso incenso aromático que era queimado no pequeno altar de ouro no Santuário e, depois, no Templo, todos os dias do ano.
Como explicado pelos Sábios, há ao todo onze elementos no incenso. Quando os examinamos bem de perto, algo se mostra intrigante. Nós esperaríamos que a fragrância de cada um dos ingredientes fosse o que há de melhor. E
assim era, com uma exceção. Chamado de chelbana (galbanum), este, de fato, tinha um odor desagradável.
Por quê um ingrediente como este seria incluído no incenso do Templo? A Tora deixa bem claro que cada um deles era essencial: se qualquer ingrediente estivesse faltando, toda a mistura seria inválida.
Disto, nós aprendemos uma importante lição. Os Sábios nos dizem que os diferentes ingredientes do incenso representam os diferentes tipos de Judeus. A especiaria com odor desagradável representa alguém cujas ações são menos que perfeitas. Ele pode ser, de várias formas, um transgressor, uma pessoa cuja vida está, infelizmente, em desacordo com os ensinamentos da Torá. Ele pode ser uma pessoa "espinhosa" e anti-social de várias maneiras. Mas a composição do incenso nos diz que ele faz parte do Povo Judeu tanto quanto qualquer outro. De fato, se ele estiver faltando, se nós o deixarmos sentir-se distante e excluído, então nós não estaremos funcionando adequadamente como um povo.
Isto também está relacionado ao tema mais adiante na Parashá: o pedido a D'us por perdão. Os Rabinos afirmam que num dia de jejum, quando estamos todos implorando por misericórdia a D'us, os "transgressores" também devem
estar presentes [2]. No início da reza do Kol Nidre, nós anunciamos isto. Nós somos um povo reunido, e somente sendo um, nós podemos nos aproximar de D'us. Do ponto de vista de D'us, todos estão incluídos.
A Vaca Vermelha (Bezerro)
Esta semana, nós lemos, em um segundo rolo de Torá, sobre a Vaca Vermelha [3]. Isto expressa parte de nossa preparação para Pessach quando todo o Povo ia a Jerusalém.
Para poder entrar no Templo, uma pessoa precisa estar totalmente pura. Ao longo da vida, nós nos tornamos impuros a partir de eventos como, p.ex., ter contato com os mortos. As cinzas da Vaca Vermelha eram usadas para purificar o povo através de uma cerimônia especial.
Isto também nos ensina algo sobre a comunidade judaica. A Vaca Vermelha era um tipo muito sagrado de sacrifício. Mas, em vez de ser oferecida no Altar dentro do Templo, ela era sacrificada e queimada fora da área do Templo. Os ensinamentos chassídicos explicam porquê está importante
cerimônia era executada do lado de fora. D'us está preocupado com aqueles que estão "de fora". Ele quer que todos façam parte do conjunto [4].
Referências:
1. Shemot 30:11-34:35.
2. Ver Rashi sobre 30:34 e Likkutei Sichot do Lubavitcher Rebbe, vol. 19 p.
303.
3. Vayikra cap. 19.
4. Ver Tanya IV cap. 28 e Likkutei Sichot vol. 19 págs. 420-421.
Dr. Tali Loewenthal, Diretor do Chabad Research Unit, Londres
Tradutor: Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg
NO JARDIM DA TORÁ
Em Direção A Um Propósito Além De Nossa Concepção
1. O Caminho Para Cima
O nome da leitura desta semana, Ki Tissá, levanta uma questão. Literalmente, Ki Tissá significa "quando tu ergueres" e se refere à elevação das "cabeças dos filhos de Israel". Já que a maioria da leitura se centraliza no pecado do Bezerro de Ouro e suas conseqüências, poderíamos perguntar: Como pode este terrível pecado contribuir para a elevação do Povo Judeu?
O pecado do Bezerro de Ouro representa uma descida trágica. A impureza transmitida pelo pecado da Árvore do Conhecimento saiu das almas do Povo Judeu na Entrega da Torá, mas retornou depois do pecado do Bezerro de Ouro. Portanto, este pecado é a fonte de todos os pecados subseqüentes. Da mesma forma, todas as punições sofridas pelo Povo Judeu através dos séculos estão conectadas a este pecado. Que lugar pode um evento como este ter em uma Parashá cujo nome indica a ascensão dos judeus?
2. Para Que O Homem Se Torne Mais Do Que Homem
Para responder esta questão, nós devemos expandir nossa estrutura conceitual, pois o estado ao qual D'us deseja levar a humanidade está acima
da concepção humana comum. Isto é indicado pela expressão: "Quando tu ergueres as cabeças"; "as cabeças", o intelecto humano, deve ser elevado.
A essência de nossas almas é "uma parte real de D'us" e D'us deseja que o homem transcenda a si próprio e vivencie este potencial Divino. Além disso, a intenção não é meramente a de nos elevarmos acima de nosso intelecto humano, mas que "ergamos as próprias cabeças", transformemos nossas mentes. Experimentar uma conexão supra-racional com D'us não é suficiente; nossos próprios pensamentos, a maneira pela qual entendemos o mundo, devem abranger a Verdade que transcende o intelecto.
3. Uma Jornada Planejada Por D’us
O intelecto é uma encruzilhada. Por um lado, é a faculdade que permite à humanidade crescer e expandir seus horizontes. Por outro lado, um intelecto mortal é, por definição, limitado. Ademais, todo intelecto está enraizado no ego; quanto mais alguém entende, mais forte seu sentimento de individualidade se torna.
Seguir nosso próprio entendimento pode nos levar a ver a existência material ou, pelo menos, alguns de seus aspectos, como sendo separada de D'us. Nossas mentes podem entender como certas entidades e experiências podem servir como canais para a expressão da Santidade. Outras entidades e práticas materiais, entretanto, parecem ser estranhas àquele propósito e nós rejeitamos a possibilidade de que elas também possam servir a esta função.
Indo por este caminho ao extremo, alguns modos de serviço a D'us se esforçam a evitar o confronto entre a existência material no geral, ficando, em vez disso, dentro do domínio do espiritual. Apesar de existirem certas virtudes nesta abordagem, ela contém um defeito inerente: ela encoraja a noção de que a realidade material existe separada da santidade.
A verdade final, as "alturas" às quais as cabeças dos judeus devem se elevar, é a de que todo aspecto da existência pode expressar a verdade de Seu Ser. Isto é refletido na descrição da Torá sobre os esforços de Avraham para espalhar a consciência da existência de D'us: "E ele proclamou o nome de D'us, o Senhor eterno". O versículo não afirma mlerd l-` "D'us do mundo", que poderia indicar que D'us é uma realidade para Ele mesmo e o
mundo é uma realidade separada para ele mesmo. Em vez disso, ele afirma mlerd l-`, indicando que a Divindade e o mundo são um.
Mesmo depois que este impulso é aceito, entretanto, existem certos aspectos do ser que parecem separados d’Ele. Existirá Divindade na maldade, por exemplo? E, se existir, como pode o homem fazer com que esta Divindade seja revelada?
Apesar dos mortais não poderem conceber um ponto de convergência entre a maldade e a santidade, D'us pode. De fato, ele traça caminhos que levam cada indivíduo e o mundo em geral a tal interseção. Com a Providência Divina, Ele cria situações nas quais nenhum homem justo entraria voluntariamente, forçando-o a se envolver com (e, assim, elevar) os interesses materiais mais básicos.
Esta é a intenção da ordem de "erguer as cabeças dos filhos de Israel"; que mesmo dentro do domínio caracterizado pela separação, maldade e ego, pode surgir uma consciência da ilimitada verdade espiritual de D'us.
4. A Intriga Terrível de D’us
Neste caminho, o pensamento chassídico descreve o pecado como "uma terrível intriga planejada contra o homem". Os judeus, por natureza, estão acima de qualquer conexão com o pecado. Se o yêtser hará de alguém subjugá-lo e fazê-lo pecar, isto é porque o yêtser hará foi empurrado das Alturas para levá-lo a este ato. Isto é intencional, "uma intriga horrível" planejada por D'us para produzir uma união mais elevada e mais completa entre D'us, aquele indivíduo e o mundo em geral.
Em sua explicação da declaração de nossos Sábios de que "No lugar do baalei teshuvah, mesmo o mais completamente justo dos homens não pode alcançar", o Rambam [Maimônides] afirma que os baalei teshuvah estão em um nível mais alto porque "eles vencem melhor sua má inclinação". Os justos não têm de se esforçar tanto contra suas más inclinações; por serem justos, sua má inclinação é anulada. Um baal teshuvah, por outro lado, possui uma poderosa má inclinação como evidenciado por seu pecado e, mesmo assim, ainda deseja se ligar a D'us.
Além disso, nossos sábios ensinam que a teshuvah transforma em méritos mesmo os pecados que uma pessoa comete intencionalmente. Isto eleva os
mais baixos aspectos da existência que produzem sustento do domínio da kelipah e os traz a uma ligação com D'us.
Por quê um baal teshuvah tem o potencial de elevar aspectos da existência que estão, por natureza, distantes da Divindade? Porque, para que se esforcem na teshuvah, uma pessoa deve tocar seus mais profundos recursos espirituais, aquela alma que é "uma parte real de D'us". Quando ele atinge este ponto, ele é capaz de apreciar que nada está separado d’Ele. E, em sua vida, ele é capaz de mostrar como cada elemento da existência expressa Sua Verdade.
Este processo é um exemplo do padrão "uma descida com o propósito de uma ascensão". Nossa subida àqueles picos que nosso intelecto não pode atingir sozinho envolve uma descida a níveis que nosso intelecto normalmente rejeitaria.
5. Três Fases
Baseado no exposto acima, nós podemos apreciar a seqüência da Parashá Ki Tissá. O objetivo da ascensão do Povo Judeu é declarado no versículo inicial. Mais tarde, a leitura continua com as ordens finais para a construção e inauguração do Santuário, a oferenda de incenso e a entrega das Primeiras Tábuas. Todos estes assuntos refletem uma conexão com D'us acima dos limites da experiência comum.
Para que esta conexão penetre o domínio terrestre, e para que ela permeie até mesmo os mais baixos aspectos da existência, segue-se à narrativa do Pecado do Bezerro de Ouro e a quebra das Tábuas. Esta terrível queda motivou o Povo Judeu a voltar para D'us em teshuvah, evocando uma terceira fase: a revelação dos Treze Atributos de Misericórdia, um nível totalmente ilimitado de Divindade que abrange até mesmo os mais baixos níveis.
Este elevado clímax encontra expressão na entrega das Segundas Tábuas e o evento final mencionado na Parashá desta semana, o brilho do semblante de Moshê.
O brilho da face de Moshê manifestou a fusão final do físico e do espiritual. Luz Divina brilhava do corpo físico de Moshê.
6. E Finalmente, Ascensões Sem Descida
Ciclos semelhantes de descidas e subidas formaram a história de nosso povo. O objetivo deste processo é uma união final entre o espiritual e o material, a Era da Redenção, quando "o mundo será preenchido pelo conhecimento de D'us como as águas cobrem o leito do oceano".
Quando visto neste contexto, todos os anos de exílio parecem meramente "um momento fugaz". Pois o exílio não tem nenhum propósito nele ou dele. Ele é meramente um meio de evocar uma conexão mais profunda com D'us e um meio que permite que a ligação permeie todo aspecto da experiência. Quando este objetivo é atingido, o exílio acabará; para citar o Rambam: "A Torá prometeu que no final de seu exílio, Israel se arrependerá e imediatamente será redimido".
E, então, começará uma subida sem fim, como está escrito: "Eles avançarão de força em força e aparecerão perante D'us em Tsyion".
(Adaptado de Likkutei Sichos, Vol. XVII, p. 410 ff; Sichos Shabbos Parshas Ki Sissa, 5751, 5752)
Tradutor: Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg
RESUMO DA HAFTARÁ KI TISSÁ
I MELAHIM: 18:1-39
A Haftará de Ki Tissá registra o famoso confronto entre Eliáhu e os profetas de Baal. Mas a acusação de Eliáhu recai mais pesadamente sobre o Povo Judeu por sua indecisão do que contra os "profetas" por sua idolatria. O desafio com o qual ele os enfrentou está em sua pergunta: "Por quanto tempo mais vocês hesitarão entre duas opiniões?" Por quê, então, ele próprio se dirigiu contra homens de dividida lealdade mais do que contra aqueles que eram positivamente antagônicos ao Judaísmo? O Rebbe examina os dois pecados de hesitação e idolatria e mostra até onde a hesitação envolve traição dos valores religiosos e as formas que ela acontece nas sociedades modernas.
1. O Desafio
A Haftará de Ki Tisah contém um relato da resposta do profeta Eliáhu a um período turbulento da história judaica, uma situação engendrada, como
sempre, pela confusão mental e imprecisão ideológica. Sua ação foi reunir os profetas de Baal e o Povo Judeu e perguntar a eles: "Quanto tempo mais vocês hesitarão entre duas opiniões?"
Por quê, então, ele colocou este desafio para eles? Ele deveria, em face disto, ter dito: "Quanto tempo mais você adorarão a Baal? O momento chegou de parar e dizer: O Senhor, Ele é D'us".
Para entender a intenção de Eliáhu, nós devemos começar olhando a diferença entre idolatria e hesitação.
2. As Raízes da Idolatria
De fato, é difícil entender como um Judeu pode sequer pensar em praticar idolatria. Os Judeus são chamados "aqueles que acreditam, filhos daqueles que acreditam". Sua natureza exclui a possibilidade de uma genuína negação de D'us.
Rambam [Maimônides] atribui a origem da idolatria ao fato de que a energia criativa com a qual D'us sustenta o universo é canalizada através de forças naturais – as estrelas e os planetas. A idolatria começa quando estes intermediários são eles mesmos adorados como governantes do destino humano, embora, na verdade, eles sejam apenas instrumentos de D'us, sem nenhum poder próprio deles. Eles são como "um machado na mão do lenhador".
A Chassidut explica a diferença entre um pai e uma mãe e as influências planetárias. Ambos parecem ser causas de nossa existência. E, ainda assim, nos é ordenado honrar nosso pai e nossa mãe e nos é proibido adorar as estrelas. O motivo é que mães e pais têm livre arbítrio. Criando filhos, eles são responsáveis e eles são honrados. Mas os planetas e seus movimentos são determinados. Eles não têm escolha. Nossa gratidão pertence não a eles, mas a Ele que os criou.
A idolatria, portanto, erra ao trocar o intermediário com a fonte. É um dos mais sérios pecados, tanto que o Talmud relata: "Idolatria é um pecado tão grave que rejeitá-la é como se alguém assumisse o compromisso com toda a Torá". O impulso pela idolatria acontece quando, de acordo com este conceito errado, alguém recebe benefícios materiais ao aceitar as forças naturais. Isto é: a idolatria sempre tem motivos velados. E é por isto que um Judeu pode ser levado a praticá-la. Ele não está comprometido com a idolatria per si. Ele a está usando como um meio para seus próprios fins. Quando ele serve
a D'us, ele o está fazendo "não com a condição de receber uma recompensa", mas em Seu próprio mérito e de todo coração. O desejo pela recompensa material está no coração da adoração de Baal e nós encontramos os idólatras dizendo a Irmiáhu: "Desde que nós paramos de queimar incenso (para os ídolos) ... têm-nos faltado todas as coisas e nós temos sido consumidos pela espada e pela fome".
3. A Natureza da Hesitação
Apesar desta caracterização geral da idolatria com uma tentativa de influenciar a natureza pela adoração de forças naturais, há uma diferença entre idolatria e "hesitação entre duas opiniões".
Idolatria envolve a crença genuína de que objetos de adoração - as estrelas e os planetas - são as fontes de bem-estar material. Mas alguém que hesita está na dúvida. Às vezes, uma sensação desconfortável o incomoda de que a idolatria é montada em uma ilusão. Ou pode ser que ele acredite que D'us e as forças da natureza estão em parceria. Ele acredita em ambos, e que ambos
devem ser adorados. Entretanto, idolatria, mesmo em sua forma sutil, e mesmo que seja somente pela palavra ou por atos, sem qualquer compromisso interior, é um pecado tão grande que está na natureza de um Judeu estar preparado para sacrificar sua própria vida em vez de participar dela.
4. Níveis de Traição
De várias formas, hesitação é até pior que a verdadeira idolatria. Em termos gerais, idolatria é um ato mais grave. Ela envolve a absoluta negação de D'us, em completa oposição ao Judaísmo. Mas é mais difícil à mente hesitante voltar ao Judaísmo ou fazer seu retorno de forma sincera e completa.
Por dois motivos.
Primeiramente, quando aquele que genuinamente acredita na idolatria chega a ver que "o Senhor, ele é D'us", ele percebe até que ponto sua vida prévia foi construída em erro. Ele sente a extensão completa de seu pecado. Seu arrependimento é profundo. "Ele retorna e ele é curado".
Mas, o hesitante não pode enxergar assim. Ele justifica a si próprio. Ele diz: "Eu não neguei, eu somente duvidei. E minha dúvida foi somente superficial. Na verdade, eu era, como todos os Judeus, alguém que acredita". Suas desculpas o protegem do remorso, e seu retorno à fé é incompleto.
Em segundo lugar, apesar do idólatra ser culpado de um erro massivo de julgamento ao substituir D'us por Baal, e, assim, danificar sua relação com D'us, ele está, apesar de tudo, aberto a algum tipo de espiritualidade. Mas, a pessoa que paira entre duas opiniões, removeu a si mesma da noção geral de espiritualidade. Apesar dela saber que "o Senhor, Ele é D'us", ela está desejosa de abandoná-Lo em prol da recompensa material. Ela está pronta para trocar a "fonte das águas vivas" pelas "cisternas quebradas que não podem conter nenhuma água".
Assim, quando eles perceberem seu engano, sua resposta será diferente. O idólatra, ainda capaz de espiritualidade, fará de seu retorno um ato espiritual. Mas o homem hesitante retornará pelo motivo errado. Ele queria benefício material. Ele se enganou ao pensar que as forças da natureza, ou eles próprios, poderiam provê-lo. Portanto, ele, de fato, retorna a D'us, mas ainda desejando somente os benefícios materiais.
5. O Próprio e os Outros
Até aqui, falamos somente sobre o indivíduo. Em outro aspecto, a hesitação é pior que a idolatria – em seus efeitos sobre os outros.
O idólatra completo não influenciará o Judeu que crê, pois seu antagonismo à verdadeira fé é óbvio e o isola. Mas a pessoa que oscila entre duas opiniões é, em parte, ainda um crente. Ele é capaz de desviar os outros e o ato de "fazer com que muitos pequem" é o pior de todos os pecados.
6. Lealdades Divididas e o Presente
O Talmud diz que o ímpeto da "Má Inclinação" em relação à idolatria já foi removido. Mas a tendência em relação à hesitação, seja em público ou de forma sutil, é hoje mais forte do que em relação à idolatria.
Há aqueles que temporariamente se afastam da Torá e dos mandamentos em nome do benefício material: dinheiro, honra e status social. Eles deixam D'us e as leis de lado por um tempo, se isolam de forma a não se sentirem fora de contato com a atualidade. Eles seguem a máxima contemporânea do mundo ocidental que regras podem ser dobradas e tradições renegadas em nome do elusivo "espírito da época". E eles estão preparados temporariamente para vender D'us e suas almas por efêmero status ou por dinheiro que (por não virem como uma bênção Divina) deles escapam novamente em pagamentos a médicos e psicanalistas.
Esta hesitação, esta dupla tendência, é pior do que idolatria, como já vimos.
Primeiro: É mais difícil fugir dela com um verdadeiro retorno, pois a mente dividida esconde de si mesma o fato de que pecou. Tal pessoa pode racionalizar. Ele pode convencer a si mesmo que, em geral, ele é um bom Judeu. O que é tão ruim – ele se diz – em dobrar algumas regras de vez em quando em nome do seu próprio sustento?
Segundo: Sua integridade é destruída. Ele vendeu o espírito pelo mundo material. Ele trocou a eternidade por um momento passageiro. Ele trocou o Mundo Vindouro pelo brilho do dinheiro e a sombra da honra.
Terceiro: Ele leva outros ao pecado. Se ele negasse abertamente o Judaísmo, ele interromperia seu contato com o ambiente judaico. Mas ele esconde sua oposição por trás de uma máscara de lealdade. Ele até cita a Torá em sua defesa. Ele infiltra a comunidade e leva os outros para o caminho errado.
7. O Caminho do Retorno
Este é o significado da Haftará. O desafio primário do Judeu é "Por quanto tempo vocês hesitarão entre duas opiniões?" Sentar sobre o muro é pior do que cruzar para o outro lado.
No fim da Haftará, nós lemos que os Judeus retornaram em arrependimento e disseram, duas vezes: "O Senhor, Ele é D'us. O Senhor, Ele é D'us". Isto foi mais até do que o momento da revelação no Sinai, quando foi dito somente uma vez "Eu sou o Senhor, teu D'us". Pois o arrependimento leva o Judeu ainda mais alto em espírito do que onde ele estava antes de pecar.
Esta é a óbvia implicação para os dias de hoje. A necessidade retornar e atingir as alturas do espírito.
Todos os judeus estão conectados. E a luz daqueles que retornam atingirá aqueles que eles fizeram pecar. Eles serão respondidos com uma resposta Divina de compaixão e misericórdia. E os líderes e os liderados serão agrupados em um movimento coletivo de retorno, com uma voz única que proclama: "O Senhor, Ele é D'us. O Senhor, Ele é D'us."
(Fonte: Likkutei Sichot, Vol. I págs. 183-187)
Tradutor: Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg
HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT
Início do Shabat (Sexta-feira).
16 de ADAR I de 5768 (22 de FEVEREIRO de 2008)
Acender as velas ANTES do horário indicado
Rio de Janeiro S. Paulo P. Alegre Brasília Belém Salvador
18:06 18:21 18:46 18:22 18:12 17:40
Final do Shabat (Sábado).
17 de ADAR I de 5768 (23 de FEVEREIRO de 2008)
Rio de Janeiro S. Paulo P. Alegre Brasília Belém Salvador
19:15 19:31 19:55 19:29 19:22 18:50
Na Sexta-feira, acenda as velas somente ANTES do horário indicado.
Ao ascender às duas velas kasher, primeira a da direita e depois a da esquerda, faz-se três movimentos circulares com as mãos, de fora para dentro em volta das velas, e em seguida cubra os olhos com as mãos e fale a seguinte bênção:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner shel Shabat kodesh.
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou acender a vela do sagrado Shabat.
Ato contínuo, descubra os olhos e mire as chamas das velas. Reflita sobre a alegria em receber o Shabat; agradecendo a D’us por todas as bênçãos e pelo mérito de podermos cumprir a sua vontade.

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