domingo, 24 de fevereiro de 2008

PARASHÁ VAIAC´HEL ldwie
E reuniu Moshé toda a congregação dos filhos de Israel e disse-lhes: Estas são as coisas que o Eterno ordenou que se fizessem. "Seis dias se fará trabalho, e no sétimo dia haverá para vós santidade, sábado de repouso ao Eterno; todo aquele que nele fizer trabalho será morto. Não acendereis fogo em todas as vossas habitações no dia de sábado". Shemot 35:1-3.
Vaiac´hel e Pecudê (a parashá seguinte) são lidas juntas nos anos comuns e separadas nos anos com a presença de Adar II. Vaiachel segue Ki Tissá, onde é narrado o pecado do bezerro de ouro. Em função disso este Shabat ganha o nome de Shekalim.
No começo de Vaiac´hel, Moshê reúne a congregação para que cada membro dê a sua contribuição para a construção do Tabernáculo (metais, tecidos, madeira, etc.). Diante de tão grandiosa obra, é de se imaginar que não haveria nada mais importante naquele momento do que finalizá-la. No entanto, o Eterno ordena que o trabalho seja interrompido no Shabat, o que indica que o tempo sagrado (o Shabat) prevalece sobre o espaço sagrado (o Tabernáculo).
Já comentamos anteriormente (parashá Terumá) que o Tabernáculo não foi construído para que a Shechiná se manifestasse nele (no Tabernáculo), mas entre eles (os filhos de Israel), mas não é só isso: não se trata de uma reflexão sobre o Shabat e o Tabernáculo, mas da importância do tempo e do espaço como um todo.
Quando falamos de espaço, não estamos nos referindo apenas a uma área, como uma sala, uma casa ou um campo. Espaço, aqui, se refere a tudo o que ocupa lugar no mundo físico, tudo o que pode ser avaliado pelos nossos sentidos.
Quando alguém se dedica por algum tempo a alguma atividade, as pessoas perguntam "o que você vai ganhar (ou está ganhando) com isso?", ou seja, o tempo, na cabeça da maioria das pessoas, deve oferecer algum retorno no mundo físico - o que nem sempre é possível mensurar.
A Tradição nos ensina que o Eterno é percebido no tempo, e não no espaço. A percepção do sagrado no espaço é uma das armadilhas da contra inteligência, daí o pecado do bezerro de ouro.
D’us é o que está acontecendo e a dificuldade em percebê-Lo está na dificuldade de todo ser humano em trazer a sua consciência para o aqui e o agora. Estamos em casa pensando no trabalho; estamos no trabalho pensando em voltar para casa. Estamos em uma reunião com a cabeça na próxima - ou no que deixamos de falar na reunião anterior. Se D’us é o que está acontecendo, estamos constantemente nos desencontrando..
A Amidá mais "forte" é a mais difícil de ser cumprida: a Amidá de Minchá. A Amidá de Minchá acontece de tarde (minchá), no auge do nosso processo produtivo. Parar tudo para rezar é um grande desafio para muitos. Exceto por algumas orações complementares, as Amidót da manhã, da tarde e da noite são essencialmente as mesmas. O "corpo" da Amidá são as 18 bênçãos. Por que a Amidá da tarde seria mais "poderosa"? Porque quanto maior o obstáculo, maior a possibilidade de revelação da Luz.
O Shabat começa na noite de sexta-feira e segue até a noite de sábado, com o ritual de Havdalá. Para muitos judeus, a Shabat se resume aos rituais e a proibição das 39 categorias de trabalho (melachá), afinal é o dia em que o Eterno "descansou". Esta é uma visão limitada do processo.
Algumas pessoas seguirão à risca as 39 proibições e não terão vivido o Shabat. Outras, acenderão luzes em casa, farão uso do computador e carregarão caixas, entre outras coisas, e o Shabat será uma experiência intensa para elas.
Qual o mistério? Depois de uma semana de trabalho, o Shabat não é um dia para se descansar, mas para se apreciar a obra. Não basta estar de corpo presente em um ritual de Cabalat Shabat, é preciso comprometer a mente e o coração. A palavra-chave para o Shabat é menuchá ("tranqüilidade"), um estado de espírito, alcançado quando voltamos a nossa atenção para a Shechiná.
Viver o Shabat é estar plenamente consciente do seu momento, livre das cobranças dos dias comuns. Se passamos a semana buscando dominar o
mundo, este é o dia para nos deixar dominar - dominar pela plenitude da Luz Espiritual que se encontra mais abundante neste dia.
Imagine um rio com uma forte correnteza. Você se serve deste rio captando a sua água para as suas necessidades diárias (alimentação, higiene, etc.), mas não pode nadar nele, sob o risco de ser levado e morrer. Imagine agora que uma vez na semana esta correnteza cessa, o que lhe dá a oportunidade usufruir do rio de uma outra forma: você pode se banhar em suas águas, deslizar na sua superfície ou explorar os pontos mais profundos com segurança. Este é o espírito do Shabat.
Comece nesta semana a fazer do seu Shabat uma experiência diferente. Há muito mais o que ser discutido
Vaiac´hel é a primeira parashá regida pela sefirá Netzach, que traz a energia da imortalidade, da meta alcançada e do dever cumprido. Este o início de um período em que desperta dentro de cada um de nós a coragem para superar os limites pessoais e fazer o que deve ser feito.
Ivdu et Ha-Shem B’simchá
Sirva o Criador com alegria!

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