domingo, 24 de fevereiro de 2008

Dias de jejum e de luto

Dias de jejum e de luto
Para relembrar os tristes eventos que marcaram o começo do exílio e a destruição do Templo, os profetas instituíram 4 dias de jejum; 4 vezes por ano se requer dos judeus que jejuem desde o amanhecer até que apareçam as primeiras estrelas: Assará be Tevet (10 de tevet), Taanit Ester (13 de adar), Shivá assar be Tamuz (17 de tamuz) e Tzom Guedaliá (3 de tishrei).
Chamam-se de Taanit Tzibur (jejum público). A diferença do jejum de Tishá beAv (9 de av) é que este dura de um entardecer até o seguinte. Se qualquer um destes jejuns cai no shabat, é adiado até o dia seguinte, exceto Iom Kipur, que não se adia, e Taanit Ester, que se adianta para quinta; senão cairia em Purim, e luto e alegrias não devem entremear-se.
O cumprimento dos jejuns pelo povo de Israel servem a 3 propósitos: teshuvá (arrependimento), bakashá (pedido especial ou súplica privada ou pública) e avelut (luto privado ou público).
1. 17 de tamuz - recorda o assalto a Jerusalém pelos babilônios, além da quebra das Tábuas da Lei por Moshê e a brecha na muralha do Templo, feita, mais tarde, pelos romanos.
2. 9 de av - é a data mais sombria do calendário judaico. Nela se registram vários fatos trágicos como: o decreto pelo qual os israelitas deveriam vagar pelo deserto por um período de 40 anos; a destruição do I e do II Templos; a queda da fortaleza de Beitar; a queda de Bar Ko’hbá e o massacre de sua gente; o sítio de Jerusalém por Adriano; a assinatura do édito de expulsão dos judeus da Inglaterra em 1290 e a do decreto de expulsão da Espanha, em 1492. De todas estas desgraças, a mais dolorosa para os judeus é a destruição dos 2 Templos. Neste dia se jejua não apenas para recordar os tristes fatos do passado como para testemunhar a unidade do povo no presente, sua vontade de existência e sua fé em seu destino.
Em 9 de av se lê a Meguilat Ei’há (Lamentações), escrita pelo profeta Irmiáhu que presenciou a destruição do I Templo. A meguilá se lê de noite, à luz de uma lúgubre vela, e na manhã seguinte. A congregação se senta no solo ou em bancos baixos e não se usam nem os tefilin nem o talit. Depois da leitura de Ei’há, se cantam as Kinot (súplicas): são poemas de lamentos e elegias escritas por poetas de várias épocas que foram testemunhas de desastres para o povo judeu. As kinot variam de comunidade em comunidade, porém geralmente terminam com as chamadas shirei Tzion (Siônidas), poemas dedicados ao Monte Sagrado do Templo - Monte Sião. Uma das famosas é o poema Tzion halo tishali de Iehudá ha-Levi. Uma nota de esperança se encaixa em Tishá be Av. Segundo o Midrash Ei’há Rabá , capítulo 1, "o Messias nasceu no dia em que o Templo foi destruído". Nem no momento mais lúgubre se pode deixar de ter esperança num futuro mais luminoso.
3. 3 de tishrei - recorda o assassinato de Guedaliá, último governador de Judá, nomeado por Nabucodonosor.
4. 10 de tevet - dia do começo do cerco de Jerusalém, por Nabucodonosor.
O período entre 17 de tamuz e 9 de av é considerado período de luto (bein há-meitzarim = entre as angústias). Durante essas 3 semanas deve-se se abster de manifestações de alegria e, nos últimos dias é proibido comer carne e beber vinho.
Nestes dias de jejum são lembradas as infelicidades do povo judeu e se pede a D’us que perdoe suas faltas e que reconstrua o Templo, transformando o luto em dia de festa.
O jejum de 10 de tevet- com a tentativa de destruição do judaísmo europeu, alcançou um novo significado. O Grande Rabinato o declarou dia
permanente de kadish, dedicado à memória dos seis milhões de judeus que pereceram na Europa durante os anos de 1940-1945. Neste dia se recita o kadish e se estudam Mishnaiot pelo descanso de suas almas.
Jane Bichmacher de Glasman,
Autora do livro À Luz da Menorá

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