domingo, 24 de fevereiro de 2008

BOM DIA! Conta-se sobre um homem que foi ao Jóquei Clube e viu um rabino
abençoando um cavalo. Calculando que o rabino devia ser ‘chegado’ a D'us, o homem apostou naquele
cavalo e, como previsto, o cavalo venceu! Antes de cada páreo, o homem observava qual cavalo o
rabino abençoara, fazia sua aposta e ganhava. Entretanto, mesmo seguindo este padrão em todas as
corridas, no último páreo o cavalo chegou por último. O homem se aproximou do rabino e perguntou:
“Como pode ser que todos os cavalos que o senhor abençoou ganharam menos este?” O rabino
respondeu: “Meu amigo, você precisa aprender a diferença entre uma bênção e um kadish (a prece que
se diz em memória daqueles que faleceram) ”.
A maioria dos judeus está familiarizada com a bênção sobre o pão, chamada Hamotsi.
Entretanto, existem bênçãos para outros tipos de alimentos, bênçãos para Mitsvót (mandamentos)
(como, por exemplo, ao se colocar Tefilin ou acender as velas de Shabat), bênçãos de agradecimento
(como quando uma pessoa é salva de um acidente), bênçãos sobre fenômenos naturais (por exemplo:
ao se ouvir um trovão ou ver um raio), bênçãos por eventos da vida, como pelo nascimento de um bebê
ou o falecimento de uma pessoa. Há até uma bênção a ser recitada após se sair do banheiro. Não ria –
imagine se você não fosse capaz de fazer as suas necessidades ou se não conseguisse parar de fazêlas.
Não poderíamos viver!
O que é uma bênção? É uma declaração que se inicia com as palavras: “Abençoado é o Senhor,
nosso D'us, Rei do Universo...”. Isto não quer dizer que tenhamos qualquer poder de abençoar D'us.
Ele é infinito e não Lhe falta nada. O que estamos fazendo é reconhecendo que o Todo-Poderoso é a
Fonte de todas as bênçãos.
Por que recitamos estas bênçãos? A vida é uma questão de foco. Podemos comer, dormir,
trabalhar e um dia morrer sem nunca ter pensado em para que serve a vida ou o significado de um
momento. A bênção nos ajuda a focar no Todo-Poderoso e em nosso relacionamento com Ele.
No caso dos alimentos, ao invés de simplesmente enchermos a boca de comida, refletimos por
alguns instantes que os alimentos também vêm de D'us. Há dois versículos interessantes sobre este
tema nos Salmos. O primeiro diz (Salmo 24:1): “A terra e tudo o que há nela pertencem ao Todo-
Poderoso”. O segundo versículo diz: “Os Céus pertencem a D'us e a terra Ele deu ao homem (Salmo
115:16). Como esta aparente contradição pode ser resolvida? Tudo pertence ao Todo-Poderoso.
Entretanto, depois que reconhecemos este fato através da recitação de uma bênção, recebemos a
permissão de partilhar da bondade (a comida!) que Ele nos deu. Existe também uma bênção a ser
recitada após a refeição, onde agradecemos ao Todo-Poderoso por tudo aquilo que Ele nos
proporcionou.
Após ouvir alguém recitando uma berahá (bênção, em hebraico), aqueles que ouviram
respondem ‘Amen’. O que é ‘Amen’? É um acrônimo em hebraico (uma palavra formadas pelas iniciais
de outras palavras) de “D'us é o Rei Fiel”. É uma manifestação verbal de que a pessoa coloca sua fé no
Todo-Poderoso. Todos confiamos em alguma coisa – nossa inteligência, educação, dinheiro, poder. Na
verdade, a pessoa só pode verdadeiramente depositar sua fé em D'us. Como está escrito no Salmo
20:8: “Existem aqueles que confiam em suas carruagens e aqueles que confiam em seus cavalos, mas
nós clamamos o nome do Todo-Poderoso”.
Existem duas maneiras de como uma pessoa pode recitar uma berahá: a primeira é por rotina,
com velocidade e sem sentimento, apenas para cumprir o requisito de se recitar uma bênção. A
segunda maneira é saber as palavras e concentrar-se no significado delas, além da intenção apropriada
pela qual estamos recitando esta bênção.
Ao recitar uma berahá nos concentrando, vivenciamos uma experiência de crescimento. Isto nos
torna mais espirituais e mais profundamente conectados ao Todo-Poderoso, ao reconhecermos a Fonte
de todo o bem que recebemos e também ao expressarmos nossa gratidão por isto. (Da mesma forma
que é incumbente sobre nós agradecer a D'us por tudo o que Ele nos dá, é importante agradecermos
aos demais pelos favores que nos fazem).
Certa vez, após tomar café da manhã com um religioso não judeu, expliquei-lhe que precisava
de alguns minutos para recitar a bênção relacionada à refeição que havia comido. Ele ficou muito
animado. Sentou-se, inclinou sua cabeça para a frente e fechou os olhos. Enquanto eu recitava o Bircat
HaMazon, as bênçãos pós-refeição, a cada tantos segundos ele dizia com grande devoção:
“Sim”...“Sim”... “Sim”. Quando terminei, perguntei a ele: “Eu sei o que eu estava dizendo, mas o que
você estava fazendo?” Ele olhou para mim, com grande surpresa, e respondeu de forma simples: “Eu
estava concordando com você!”
Que possamos todos reconhecer a Fonte de nossas bênçãos e lembrar de agradecer a Ele ... e
lembrar de concordar com aqueles que o fazem!
Porção Semanal da Torá: Ki Tissá Shemót (Êxodus) 30:11 - 34:35
Esta porção semanal inclui: as instruções para realizar o censo (cada pessoa deveria doar uma moeda de
meio Shekel, as quais seriam contadas para totalizar o número de pessoas do Povo); as instruções para se fazer
o Incenso para o Mishcán (o Santuário Sagrado); a escolha de Betzalel e Aholiab para chefiarem os arquitetos e
artesãos que trabalhariam na construção do Mishcán e um mandamento especial proibindo a construção do
Mishcán no Shabat (as pessoas poderiam pensar que talvez fosse permitido violar o Shabat para realizar uma
Mitsvá...)
A Torá continua relatando a infame história do Bezerro de Ouro. O Povo, erroneamente, calculou que
Moshe estava atrasado para descer do Monte Sinai e começou a procurar um substituto para ele, fazendo um
Bezerro de Ouro (aqui há uma grande lição para nós sobre a virtude da paciência). Moshe os vê dançando em
volta do Bezerro e quebra as Tábuas da Lei. Depois pune os 3.000 malfeitores que idolatraram o Bezerro (menos
de 0,1% das 3 milhões de pessoas que ali estavam); implora a D’us que não destrua o Povo Judeu; pede para
ver a Glória Divina; e recebe as segundas Tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos.
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “O Todo-Poderoso falou com Moshe dizendo: Fale ao Povo de Israel: ‘O Meu
Shabat vocês devem cumprir pois é um sinal entre vocês e Mim para todas as gerações, para que
saibam que Eu sou o Todo-Poderoso Que os torna sagrados’ (Shemót, 31:12-13)”.
Por que o Shabat (Shabes, segundo a pronuncia ashkenazi) é um sinal do relacionamento entre o
Todo-Poderoso e o Povo Judeu?
O Hafets Haim, Rabino Israel Meir Kagan (Polônia, 1839-1933), um dos maiores líderes do Povo
Judeu até o seu falecimento, trouxe duas parábolas para ilustrar como o Shabat serve como um sinal
do relacionamento entre o Povo Judeu e D'us: “Quando duas pessoas estão noivas e a caminho de
casar, elas enviam presentes uma à outra. Mesmo que dificuldades surjam entre elas, enquanto
guardam os presentes sabemos que continuam pretendendo se casar. Se devolvem os presentes,
então sabemos que o relacionamento está acabado. De maneira similar, enquanto a pessoa cumpre o
Shabat vemos que ainda mantém um relacionamento com o Todo-Poderoso. O Talmud (Shabat 10b)
descreve o Shabat como um presente especial que o Todo-Poderoso deu ao Povo Judeu. Se uma
pessoa ‘devolve’ o presente do Shabat, significa que há dificuldades neste relacionamento”.
A segunda parábola: “Quando uma pessoa abre uma nova loja, ela coloca uma placa ou aviso do
lado de fora informando a todos que tipo de negócio este estabelecimento realiza. Uma alfaiataria terá
um símbolo que demonstra que ali trabalha um alfaiate; uma sapataria terá um símbolo de que ali existe
um sapateiro. Mesmo que viaje por algum tempo, enquanto a placa permanecer afixada sobre a loja,
todos podem esperar e supor que o dono voltará. Todavia, se ele retira o emblema da loja, sabemos
que não planeja mais voltar”.
“Quando cumprimos o Shabat”, continuou o Hafets Haim, “testemunhamos que o Todo-Poderoso
criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Ao cumprir o Shabat proclamamos que temos esta
consciência. Alguém que falha em cumprir o Shabat remove este símbolo. Esta é a razão da
importância do Shabat”.
Um escritor judeu não religioso certa vez escreveu: “Mais do que o Povo Judeu cuidou do Shabat,
o Shabat cuidou do Povo Judeu”. Através das gerações e dos séculos o Shabat tem sido o ponto focal
da família e da comunidade. O Shabat deve estar no topo de nossos investimentos no futuro judaico de
nossas famílias! Para um bom início, tente o livro ‘Friday Night and Beyond’, de autoria de Lori Palatnik,
disponível em www.eichlers.com.

Nenhum comentário: